𝙹𝚘𝚐𝚘 𝚍𝚘 𝙿𝚎𝚌𝚊𝚍𝚘

Capítulo 33

Te olhando vejo o meu próprio medo,

Minha indecisão..

Mesmo te amando, não estou seguro,

Será que é verdade ou uma ilusão?

Jorge & Mateus - Espelho.

Eu poderia facilmente assistir essa cena todos os dias, ele parece tão relaxado quando dorme, como um bebê tranquilo. Depois que acordamos, fizemos um sexo calmo matinal para despertar os ânimos e tomamos um banho juntos. Ele insistiu que estava com fome e que era para pedir algo de comer, então pedimos delivery de um café da manhã. Quando tudo chegou, decidimos comer no sofá. Ele me ajudou a colocar todas as coisas em cima da mesinha e nos sentamos para comer. Parece diferente.

_ Oque? Como assim? – ele exclama surpreso enquanto segura seu sonho recheado na mão - E você não me contou isso porque antes? Está querendo me esconder as coisas agora? – estreita os olhos e eu dou risada.

_ Eu não sei percebeu, mas não estávamos exatamente amigos naquele momento – rebato – Graças as suas tentativas de mentir para mim – lembro.

_ Isso não é tão verdade assim. Você soube do mesmo jeito. - ele dá de ombros.

_ Antes de você tomar coragem para me contar – Sim, eu camuflo toda minha raiva e palavras que estavam entaladas em minha garganta para ele saber que eu não fiquei “bem” com a situação.

_ Okay, okay! – ele ergue as mãos em rendição - Mas me diz, como ele reagiu a tudo isso?

_ Eu não faço ideia, não o vejo desde o hospital – suspiro – Acho que não estou pronta para encarar de frente todos as consequência que isso terá – confesso, baixo e me levanto para levar o meu prato a pia, ensaboando o mesmo. É um conflito enorme você querer ter tudo e ao mesmo tempo, ficar com medo do que esse “tudo” pode causar. Sinto seu corpo se encaixar com o meu, seus braços fortes e sua pele quente envolvem-me. Senti falta disso.

_Você vai se sair bem – murmura – É uma pessoa incrível.

_ Isso é um incentivo disfarçado para eu ir falar com ele? – questiono.

_ Só quero te ver bem – explica – E se isso for o que te fará feliz, como eu acredito que seja, então sim. Eu dou meu incentivo para você se realizar – deposita um beijo entre meus cabelos. Giro meu corpo em teus braços para poder te olhar, sabendo que agora eu ficaria ainda mais encurralada entre a pia e você. Olho em seus lindos olhos me encaram de volta com doçura.

_ Eu prometo tentar – sorrio - Mas não vai adiantar nada se ele nem ao menos tiver contado a família dele, como havíamos combinado – continuo – E se for isso que aconteceu, significa que ele não quer isso. Ou já teria feito.

_ Não o cobre tanto. Se você acha que o peso para ti é grande, pense nele que tem uma família e uma vida inteira construída sem essa possibilidade – ele argumenta – É muita coisa para absorver – resmunga e me dá um beijo casto - Mas eu preciso ir para a empresa porque meu dia está apenas começando - suspira e balanço a cabeça em concordância. Seus lábios tomam o meu num ritmo calmo, com um carinho evidente. Nos soltamos e o levo até a porta, onde novamente ele me beija.

_ Sai. Vai logo! - empurro ele para fora, mesmo querendo que ele fique para podermos aproveitar mais. Ele entra no elevador fazendo um beicinho manhoso e eu fecho a porta rindo. Uau! Que começo de dia! Um dia ou outro, terei de enfrentar todos de frente com a maturidade que não tenho mais certeza se habita em mim.