Capítulo 11

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    Egydia iniciou os estudos de Ciça na varanda do seu quarto. Champanhe, a cachorrinha, se aninhara aos pés da dona.

- Vamos começar pela "Cartilha da Infância", ela será nosso guia e daqui a algumas lições você já estará lendo Ciça. E você Champanhe fique aqui no seu tapetinho e deixe Ciça se sentar mais perto de mim.

- Mas antes a Sinhazinha podia me falar do tal plano para hoje à noite? Eu já estou é preocupada, vige!

- É verdade Ciça, mas não fique porque vai dar tudo certo. Eu pensei em fingir uma indisposição na hora do jantar e me recolher mais cedo para o meu quarto.

- Mas Dona Inês irá querer ficar perto da sinhazinha.

- Eu sei, mas assim que começar o jantar traga toalhas quentes para o meu quarto e coloque embaixo da minha cama. Quando minha mãe vir ao meu quarto, pensará que estou com febre e eu pedirei que me deixe dormir um pouco. Assim que ela sair do quarto, você irá me ajudar a sair pelos fundos para me encontrar com o Arthur.

- Minha Nossa Senhora e Das Dores? Como eu faço pra ela não vê sinhazinha sair?

- Diga que minha mãe a chamou na sala de jantar, depois diga que se enganou. Eu vou sair bem rápido. Você precisa ficar de olho no corredor para que ninguém entre no quarto até eu chegar. De qualquer maneira colocarei uma das minhas bonecas que tem o cabelo parecido com o meu e cobertas para que pareça que estou deitada. Eu não irei me demorar.

- Sinhazinha é corajosa. Eu aqui já estou me borrando de medo.

- Eu confio em você Ciça. Agora vamos estudar nossa primeira lição e não pense mais nisso.

As meninas estavam terminando os estudos quando Champanhe começou a latir insistentemente.

- Quem está aí na porta? Quem é? – Egydinha perguntava num tom mais alto.

Dona Inês entrou no quarto da filha. Champanhe latia mais alto ainda. Ciça preocupada de levar uma bronca de Dona Inês por estar estudando até àquela hora, pediu licença e saiu do quarto.

- Egydia faça calar essa cachorra! Seu noivo está ai fora e quer falar com você.

- Peça a ele que me espere na sala mamãe. Como pode trazer ele até aqui? 

- Ele me pediu pra falar com você e quando vim chamá-la percebi que ele havia me seguido, mas eu vou falar com ele sim. Fique calma.

Dona Inês saiu do quarto e percebeu que o Dr. Rudolf já havia se encaminhado para a sala. Talvez por isso Champanhe tinha parado de latir.

Egydinha olhou Champanhe e disse:

- Você não gosta dele, não é Champanhe? Eu também não. Principalmente agora que conheci o Arthur.

Na Sala

Egydia encontrou a mãe e o futuro noivo conversando animadamente na sala. Falavam sobre as viagens que ele havia feito.

- Janta conosco Dr. Rudolf? – perguntou Dona Inês.

- Se não for nenhum abuso de minha parte, aceito sim.

- Abuso nenhum, o senhor já é quase da família. – disse Dona Inês.

Egydinha ouvia isso tudo calada e gelou quando ele veio falar com ela.

- Eu trouxe um presente pra você. – Rudolf entrega uma caixa de jóias com um laço de fita rosa.

Egydia abre a caixa, lá estava um conjunto de brincos e colar de pérolas. O colar era diferente do comum, continha uma pérola maior no meio rodeada de brilhantes, como um medalhão.

- Que linda jóia!- disse Dona Inês.

- Espere que use no nosso noivado. - pediu Rudolf.

- Obrigada. Eu usarei sim.

- Pensei que você fosse ficar mais feliz com o presente?- disse Doutor Rudolf.

- Eu estou um pouco indisposta hoje. -disse Egydinha

Nesse momento Senhor Otávio chega à sala e se reúne com os três.

- Já estais a mimar minha menina? Deixe-me ver. – diz ele sempre de bom humor.

- Sua filha é minha felicidade, mimá-la é tudo que possa querer.

O pai olhou pra filha e percebeu a frieza que Egydinha recebera esse elogio. 

Dona Inês volta a sala nesse momento e os chama para irem para a sala de jantar.

- Oi querido! Vamos para a sala de jantar, Ciça irá nos servir já já. 

Logo depois eles se encaminharam para a sala de jantar e assim que a comida começou a ser servida Egydinha colocou seu plano em ação.

- Eu estou um pouco enjoada e vou precisar me retirar da mesa. Por favor, continuem o jantar senão não irei me perdoar. Assim que melhorar retorno.

- Eu vou com você Egydinha. – disse Dona Inês.

- Por favor mamãe, acabe o jantar primeiro. Eu lhe espero no quarto.

Egydinha saiu apressada, precisava passar as toalhas quentes em partes do corpo para que a mãe pensasse se tratar de uma febre.

No quarto de Egydinha

Ciça já estava em seu quarto e a ajudou com as toalhas e disse que Arthur já estava lá fora esperando.

Assim que Ciça saiu do quarto, não demorou muito para Dona Inês entrar no quarto, mas  tudo correu do jeito que Egydia tinha planejado.

- Meu Deus você está com febre filha. Vai precisar ficar na cama até a febre passar.

- Avise Rudolf mamãe que eu preciso dormir um pouco, meus olhos ardem.

- Eu aviso. Ele terá que entender. Descanse eu volto assim que puder. –disse a mãe.

- Faça sala ao meu noivo mamãe eu não quero que ele vá embora assim.

- Claro, seu pai e eu ficaremos um pouco com ele.

Dona Inês saiu do quarto e Ciça chegou para ajudar. Colocou a boneca e os panos no lugar de Egydinha na cama e deu cobertura para ela sair. Estavam com sorte porque não precisou distrair Das Dores, ela devia estar no quarto dela naquele momento.

Egydinha saiu ao encontro de Arthur que a esperava na esquina.  

EgydinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora