Na manhã seguinte Egydinha acordou disposta a mudar o rumo da sua vida. Já havia decidido, não ficaria noiva do Dr. Rudolf e para isso teria que contar com o apoio do pai. O Sr. Otávio sempre fora um pai amoroso e certamente a entenderia.
- Sinhazinha! Sinhazinha! – era a voz de Ciça a surssurar atrás da porta.
- O que foi Ciça? – Egydinha abria a porta e Ciça assustada falou:
- O soldado que jantou ontem aqui...
- Arthur. O que tem ele?
- Quando eu fui buscar o leite no portão ele estava lá fora e pediu pra entregar esse bilhete. - Ciça entregava o bilhete a Egydinha que ao ver a mãe se aproximar o escondeu entre a saia e a cintura.
Dona Inês não gostou de ver a criada assim de conversa com a filha logo cedo e foi dizendo:
- Ciça! Das Dores está precisando de ajuda na cozinha.
- Já estou indo Sinhá. – Ciça se afastou.
Assim que Ciça saiu do quarto, Dona Inês se manifestou:
- O que ela queria?
Egydinha fingiu não escutar a pergunta direta e mudou o assunto:
- Mãe eu preciso da sua autorização.
- O que foi dessa vez Egydia?
- É que Ciça não foi alfabetizada e eu quero ensiná-la a ler e a escrever. Sei que posso!
- Ah Bom! Pensei que seria outra coisa.
- Pensou que falaria sobre o noivado que a senhora está praticamente me obrigando? É isso mãe?
Dessa vez foi a vez da mãe fingir não ouvir a provocação de Egydia. Esse assunto de rompimento de noivado ela não iria conversar.
- Tem a minha autorização para ensinar Ciça, mas quero saber como ela fará para não prejudicar o serviço da casa.
- Já pensei nisso. Vamos estudar só por uma hora no final da tarde. Pode ser aqui mesmo na varanda do meu quarto. Tem a mesinha e as duas cadeiras lá fora que podem servir para isso.
- Faça como quiser! Para não dizer que nunca concordo com nada que me pede, taí um dos seus caprichos sendo satisfeito. Irá ensinar a Ama a ler. E tire essa cachorra da sua cama!
Dona Inês saia do quarto e Egydia podia finalmente ler o bilhete de Arthur.
"Mademoiselle Egydinha, me encontre hoje à tarde, no mesmo horário de ontem em frente ao Convento da Ajuda. Preciso lhe falar. Arthur".
- Que petulante! Como ele sabe que eu irei? Não me olhe desse jeito Champanhe! - Egydinha falava com sua cachorra. – É assim que ele me olha. Um olhar especial. - Egydinha sorria - Eu irei Champanhe!
A cachorrinha abanava o rabo e ia se chegando toda manhosa.
- Venha cá, me abrace assim, preciso de sua força, sentir esse coraçãozinho que bate rápido assim como o meu quando está perto dele.

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Egydinha
RomantizmA história se passa no Rio de Janeiro no início do século XX. Com apenas dezessete anos, uma jovem é obrigada pelo pai a ficar noiva de um homem estrangeiro rico que veio trabalhar numa indústria no Brasil. Os negócios da família vão mal e ela sofr...