Capítulo 13

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Dia 22/07/1905  

 Dona Inês estava ao lado da cama de Egydinha quando ela acordou.

    - Pelo jeito a febre passou como um milagre. – Dona Inês olhava a filha duramente.

    - Bom Dia pra você também mamãe. – Egydinha se levantou rapidamente, estava assustada, contudo tentaria manter a mãe o mais distante dos seus olhos possível, pois certamente ela poderia descobrir que mentira na noite anterior.

    - Está se sentindo bem pelo visto! Pulou da cama o que não é do seu feitio.

    - Esquece que hoje chega minha prima Ruth? Quero recebê-la como merece, afinal quando estou com ela em Petrópolis sou muito bem recebida.

    - Egydia eu estranhei essa capa sobre a poltrona. Você pode me explicar o que houve aqui? 

 Dona Inês não desistiria de perguntar suas dúvidas, então só restava a Egydinha responder com calma a todas as perguntas.

       - Eu usei esta capa ontem para me aquecer, foi a primeira coisa que peguei no armário, depois eu comecei a suar e resolvi tirá-la deixando ela ai na poltrona. Foi isso que aconteceu e eu não estou entendendo porque a senhora está me interrogando assim!

    - Está bem, vou me contentar dessa vez com sua desculpa, mas só porque tenho mesmo muito que fazer essa manhã. Espero não ter de me preocupar com seu comportamento depois da nossa conversa de ontem Egydia.

    - Sim mamãe, eu já entendi. 

Finalmente a mãe se retirara do quarto e Egydinha conseguia respirar melhor.

    Sentia como se fosse uma criminosa, mas o que ela tinha feito era ir à busca dela mesma quando saiu ao encontro de Arthur. 

A mãe não a entenderia. Precisava ficar atenta ainda mais daqui por diante.

Naquele momento ela não iria pensar mais nesse assunto, estava feliz pela vinda de Ruth, sabia que poderia contar com a prima para qualquer assunto.

 Senhor Otávio e a filha foram buscar Ruth enquanto Dona Inês estava à volta com as serviçais para dar conta do almoço dedicado a sobrinha.

Na Cozinha

    - Dona Inês eu tinha um pedido para fazer à senhora – Disse Das Dores.

    - O que houve Das Dores? É dinheiro? – disse assustada Dona Inês.

    - Não Dona Inês. É meu filho que tem um compromisso de trabalho aqui no Rio e precisava se hospedar no meu quartinho. Será que a senhora deixava Dona Inês?

    - Claro que sim, Tobias sempre foi bem vindo a essa casa. Só vou consultar meu marido, mas tenho certeza que ele não irá se opor. Você sabe quanto tempo ele ficaria?

    - Ainda não sei Sinhá, mas de um mês não passa.

    - Fique tranquila, pode escrever dizendo que seu filho pode vir. Eu me lembro dele de umas férias aqui conosco ainda rapazinho, agora já está um homem com certeza.

    - Ta sim sinhá, um homem de bem a senhora vai ver!  

Das Dores se enchia de orgulho do filho. Ele tinha sido criado pela avó em São Paulo, mas sempre que podia ia vê-lo.  Das Dores se orgulhava, porque tudo que ganhara tinha sido para a criação do filho e ele fez por merecer.

    - Quando ele chega? – perguntou Dona Inês com certa preocupação, temia que Das Dores se distraísse com a vinda do filho e relaxasse nos preparativos da festa de noivado de Egydinha.

    - Sinhá ainda não sei, mas a senhora não precisa se preocupar que do serviço eu dou conta. Ele só vai dormir aqui e durante o dia ele vai estar fora.

    - Tudo bem Das Dores, está combinado. Eu sei que posso contar com você. - e olhando Ciça no canto da cozinha falou: 

    - E com você também Ciça. Está calada hoje essa moça, não acha Das Dores?

    - Eu sinhá? Eu estou descascando as batatas e nem tô ouvindo direito não. - respondeu Ciça.

    - E o que tem os ouvidos com as mãos Ciça? – como Ciça não respondia, Dona Inês resmungou

    - Vai entender essas mocinhas!

    Dona Inês saiu da cozinha e Das Dores aproveitou para dar um aviso para  Ciça.

    - Não pense que eu não vi o movimento de ontem a noite viu Ciça? Cuidado com a Sinhá, que ela acaba por pegar Sinhazinha na mentira e quem vai sair no prejuízo é você. 

     - Eu? Eu só quis ajudar a Sinhazinha

    -Eu gosto de Egydinha, mas ela é levada demais e isso não vai acabar bem, vai ver!

    Ciça fez o nome do Pai como era seu costume e ficou calada, pensava que era melhor não falar mais nada, senão poderia revelar mais do que Das Dores imaginava.

   Ficou pensativa, o que será que Das Dores havia visto? Era melhor nem perguntar.


EgydinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora