Senhor Cristovão Aguiar levantou da mesa onde estava com sua filha Clara e suas convidadas Dorotéia e Emília e fez questão de receber seu amigo Senhor Otávio, Dona Inês, Egydinha e Ruth.
Depois de todos acomodados, foi Dona Inês que perguntou:
- E seu filho Arthur, ele não vem?
Egydinha e Ruth olharam ansiosas pela resposta
- Infelizmente, meu filho ontem a noite sofreu um assalto. Ele chegou em casa um pouco machucado, disse que travou luta com o suspeito que acabou fugindo.
- Ora, que cidade está se tornando a nossa? - disse Senhor Otávio
- Sim eu fiquei deveras preocupado, mas ele já está medicado. Eu pensei em desistir do nosso compromisso, mas Arthur não deixou.
- Por favor Senhor Cristovão, me diga ele está bem mesmo?
Egydinha perguntava de forma ansiosa e naquele momento todos que estavam ali na mesa perceberam que havia algum sentimento entre ela e filho do Senhor Cristovão
- Fique tranquila Senhorita Egydia. Ele está bem, apenas uns arranhões. -disse Senhor Cristóvão.
- Arthur só está com um olho roxo do soco que levou, mas meu irmão disse que o ladrão ficou mais machucado que ele. - disse Clara
-Esse meu filho sempre foi corajoso e me enche de orgulho e de preocupação as vezes. - disse Senhor Cristovão.
- Nossos filhos sempre nos enche de preocupação. - disse Dona Inês olhando para Egydia de maneira fria. De certo teria uma conversa com a filha em casa.
Ruth tentou quebrar o clima que se formara.
- Tio Otávio, posso tomar vinho?
- Eu também quero papai - disse Clara para Senhor Cristovão
- O que achas Otávio devemos deixar as moças tomar um cálice de vinho? - disse Senhor Cristovão
Senhor Otávio sorriu e apesar do olhar duro da esposa concordou com a proposta da sobrinha
- Sim, elas podem beber o vinho porque estão conosco.
-Mas que não vire um hábito, espero. - disse Dona Inês.
- Inês é só uma taça de vinho. Na Europa é comum as moças beberem um cálice nos restaurantes. Geralmente no jantar. - disse Tia Dorotéia.
- E a senhorita não diz nada? - Senhor Cristovão perguntava para Senhorita Emília.
- Eu também faço questão de acompanhar as mocinhas!
Assim o resto do almoço transcorreu bem regado a um bom vinho português.
Já estavam na sobremesa e Egydinha se atreveu a perguntar ao pai:
- Papai o que acha de passarmos pela casa do Senhor Cristovão e levar um prato desse doce para o Arthur?
- Comporte-se Egydia - disse Dona Inês.
- O Senhor Cristovão já disse que o filho está bem e você está noiva. Imagina se o Doutor Rudolf lhe escutasse falar desse jeito. - completou ela.
Senhor Otávio resolveu defender a filha. A mulher estava a exagerar.
- Minha filha está sendo apenas gentil Inês. Confio na minha filha e sei do seu bom coração.
- Podemos mandar os doces pelo Cristovão querida - Senhor Otávio voltava-se para Egydia.
- Mas não precisamos ir até lá. Poderia ser um incômodo.
- Incômodo nenhum. Gostaria mesmo de mostrar minha casa a Senhora Dorotéia e Senhorita Emília. Vamos tomar um licor na minha casa. O que acham?
Egydia e Ruth se olharam de forma cúmplice, mas Dona Inês também agora percebia que havia algo que ela deveria saber. Em casa a filha teria que contar o que havia entre os dois.
- Infelizmente não poderemos ir dessa vez, mas mande os doces para o menino Arthur com nossos votos de pleno restabelecimento. - Dona Inês disse olhando firme para o marido, como quem diz: não me contrarie.
Senhor Otávio resolveu concordar.
- Cristovão agradeço o convite, mas iremos numa outra ocasião. Com certeza Dorotéia e Emília poderão ir.
Assim foi que se despediram na porta do restaurante e a família Mello retornou para casa.

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Egydinha
RomanceA história se passa no Rio de Janeiro no início do século XX. Com apenas dezessete anos, uma jovem é obrigada pelo pai a ficar noiva de um homem estrangeiro rico que veio trabalhar numa indústria no Brasil. Os negócios da família vão mal e ela sofr...