Egydia contou como conheceu Arthur e de seus sentimentos em relação a ele. Ela apesar da certeza de seu amor pelo rapaz sentia-se impedida de romper o namoro com Doutor Rudolf por conta do que a mãe lhe havia mostrado, a verdadeira situação financeira do pai. Ela estava confusa com tudo isso.
A prima disse que a apoiaria como pudesse em qualquer decisão.
As duas pediram a Dona Inês permissão para sair àquela tarde com Ciça até o Centro, mas Dona Inês disse que as duas poderiam ir sem a serviçal dessa vez.
Egydia ficou triste por não levar a nova amiga, mas prometeu que na próxima vez Ciça iria. Ela convenceria a mãe, por hoje já tinham sido muitos pedidos a Dona Inês.
Assim naquela tarde as duas, Egydia e Ruth, foram esperar a ronda dos soldados, próximo ao Convento da Ajuda.
A tropa passou devagar como sempre e assim que Arthur viu Egydinha acenou com um bilhete nas mãos e depois de um largo sorriso jogou o papel perto das moças antes de virar a esquina.
- Que atrevido! – disse Ruth.
- Ele é assim mesmo, por isso que eu gosto dele. – e depois de ler o bilhete Egydia disse:
- Ele quer me ver a tardinha.
- E você quer?
- Sim, sim, sim! Eu quero muito! Você me ajudaria prima? - disse Egydia entusiasmada.
Ruth deu de ombros e falou:
- Que jeito? - ela riu - Ajudo sim, mas preciso saber como?
- Vamos pensar juntas enquanto voltamos pra casa.
Nesse instante as duas estavam atravessando a rua e por pouco um carro não as atropelou.
O carro freou em cima e com o susto Egydinha caiu no chão e ao virar o rosto para ver o motorista do carro qual foi a surpresa ao ver que era seu futuro noivo Doutor Rudolf quem estava dirigindo.
Ele desceu do carro, parecia constrangido.
- Meu Deus eu não sei como isso aconteceu! Perdoe meu amor. Venha vou ajudá-la a levantar-se.
- Não precisa Rudolf, eu me levanto sozinha.
Egydinha seguiu o instinto de não querer a ajuda do Doutor Rudolf. Ela não compreendia, mas o simples contato da mão do noivo sobre ela lhe dava arrepios.
- Senhor Rudolf, precisa andar mais devagar nas ruas. A cidade toda está toda em obras. - disse Ruth
Rudolf estava mais vermelho do que de costume, não se sabia se era vergonha ou raiva mesmo.
- Ruth, que bom revê-la e me desculpe você também. O que posso fazer para me redimir?
Um silêncio de segundos pesou entre os três. Foi Rudolf quem respondeu sua própria pergunta:
- Já sei! Amanhã serão minhas convidadas para ir ao teatro. Levarei as duas no Teatro São Pedro. Agora vou levá-las para casa.
Egydia não teve outro jeito senão aceitar a carona do noivo até em casa. Doutor Rudolf fez questão de entrar e se desculpar também com Dona Inês, que acabou convidando-o para jantar. Mas desta vez Rudolf não aceitou. Disse que tinha que terminar um relatório que seguiria para São Paulo. Ele lamentava não poder estar com eles naquela noite.
Egydinha sentiu alívio de ver que o noivo não iria ficar para o jantar e só por insistência da mãe foi levá-lo até o portão.
- Você não conseguiu me perdoar ainda, não é? – Rudolf segurava na mão da noiva.
- Claro que sim, já perdoei. – Egydinha tirava a mão e passava nos cabelos como a prender a presilha que se abrira.
Rudolf notara a indiferença da noiva e seu olhar escurecera como da vez que viu a noiva e o soldado.
Se Egydinha tivesse olhado o noivo naquele momento, certamente teria desconfiado que ele sabia de alguma coisa sobre seu romance com Arthur. Mas quando ela voltou seu olhar, ele já havia dado as costas e entrado no carro, dando partida em seguida.
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Egydinha
Roman d'amourA história se passa no Rio de Janeiro no início do século XX. Com apenas dezessete anos, uma jovem é obrigada pelo pai a ficar noiva de um homem estrangeiro rico que veio trabalhar numa indústria no Brasil. Os negócios da família vão mal e ela sofr...