01 de agosto de 1905
Seis dias haviam passado da morte de Arthur e o caso havia sido encerrado pela polícia e pela família. A morte teria sido acidental, já que Arthur parecia estar alcoolizado e despencou da escada.
Egydinha não acreditava nessa versão da história, mas sabia que sua opinião contrária seria apenas um desgosto a mais para a família de Arthur.
Da sua parte estava resolvida a casar-se com Doutor Rudolf para saldar a dívida do pai e ter seu filho ou sua filha dentro do matrimônio. Ela acreditava estar grávida de Arthur. Era uns enjoos pela manhã e uma forte intuição que esperava um filho de Arthur. O casamento seria uma saída para não revelar a gravidez.
A única que sabia da possível gravidez de Egydia era a prima Rita. Nem mesmo Vossa sabia de nada.
No quarto de Egydia
As duas estavam se arrumando para irem à missa de sétimo dia de Arthur
- Eu ainda custo a acreditar que você vai mesmo se casar com o Doutor Rudolf. Homem asqueroso! - disse Ruth
- Ficarei noiva amanhã e logo me casarei. Será minha maneira de vingar a morte de Arthur. - disse Egydia
- Casando-se com o homem que você suspeita que o empurrou daquela escadaria?
- Sim. Vou criar nosso filho com o dinheiro dele e se possível descobrir toda a verdade.
- Doutor Rudolf já se mostrou violento com você. Acho tudo isso uma loucura!
- Já não me importa muita coisa nessa vida. Então que ao menos eu possa salvar meu pai da miséria.
A porta do quarto se abriu e Dona Inês apareceu chamando as meninas:
- O coche já está lá fora. Apressem-se!
A missa foi simples, para poucas pessoas. Padre Firmino fez um belo discurso sobre os desígnios de Deus e da sua misericórdia para os que sofrem. Durante a cerimônia Egydia percebeu que a prima Emília estava ao lado do pai de Arthur como se já fosse uma esposa. Nada demais, senão fosse o fato dela, Egydia se sentir observada por ela insistentemente.
Na saída da Igreja
A prima Emília fez questão de se aproximar de Egydia num momento que estavam só ela e a prima Ruth.
- Egydia querida, eu preciso falar com você.
- É sobre a encomenda dos doces, prima?
- Não, em absoluto. Vamos fazer assim, venha hoje para o chá da tarde, na minha casa. As duas estão convidadas naturalmente.
- Até mais tarde então - disse Egydia.
- Até mais- disse Emília
Quando Emília já havia saído de perto, Ruth comentou:
- O que será que ela quer com você?
- Eu não faço a menor ideia do que possa ser.
- Estranho isso. Vamos ter que esperar até a hora do chá.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Egydinha
RomanceA história se passa no Rio de Janeiro no início do século XX. Com apenas dezessete anos, uma jovem é obrigada pelo pai a ficar noiva de um homem estrangeiro rico que veio trabalhar numa indústria no Brasil. Os negócios da família vão mal e ela sofr...