Capítulo 21

12 0 0
                                    


Quando Dona Inês entrou na cozinha espantou-se com o que viu. Tobias, estava muito bem vestido, segurava uma ramada de rosas e assim que a viu entrar, tratou de levantar-se e oferecer-lhe as flores com um lindo sorriso.  

- Dona Inês, gostaria de expressar minha gratidão por me aceitar por algumas semanas em vossa casa. 

- Tobias, como você cresceu! Eu não o reconheceria se o visse na rua. - disse Dona Inês ainda mais perplexa com o modo de falar do mulato que esbanjava charme com seu sorriso.

-Tobias me dê cá um abraço, você fez parte da minha infância. Eu reconheceria esse sorriso com certeza.- disse Egydinha.

Ela tinha esquecido por um momento sua tristeza ao ver o amigo. Já tinha ouvido falar que ele tinha se formado, mas não esperava vê-lo tão bem.

- Sinhazinha! Se me permite estás uma bela moça e já sei que ficará noiva em breve, não é Dona Inês?

- Sim, sim, é verdade. Será dia 02 de agosto, no aniversário de Egydinha.

  Ruth se aproximou de Tobias.  

- Lembra de mim?

 Ele fez questão de segurar-lhe a mão como se fosse beijá-la, mas apenas fez uma reverência com a cabeça, mostrando admiração e interesse. 

Essa cena não escapou aos olhos de Egydinha que notou que a prima ficou um pouco desconcertada com esse gesto. Será que o achara inconveniente? Não Ruth tinha alma abolicionista, pregava a igualdade de raças. Talvez seu rubor fosse pela proximidade de um homem bonito e educado que a tinha conhecido há tanto tempo atrás.

- A senhorita é prima de Egydinha e mora em Petrópolis, acertei?

- A Ruth meu filho! Ocê a chamava de Tutinha quando era criança. Chegava aqui na cozinha  "Tutinha quer água mãe, deixa eu levar pra ela". Tinha um cuidado com ela.

- Que bom que a senhora tem boa memória mãe, eu já não me lembro desses detalhes.

Ciça deu uma risada contagiante, achando graça de Das Dores.

- Você deve estar cansado. - disse Dona Inês

-Das Dores leve seu filho para onde será o quarto dele de hoje até o dia da sua partida. Espero que goste.

- Mas eu vou ficar no quartinho da minha mãe, não vou?

- Egydinha e Ruth me convenceram que o sótão depois de arrumado poderia abrigá-lo melhor. E eu concordei. Você é a prova viva que eu concordo com muita coisa que minha filha me propõe.

Tobias não entendeu direito aquele discurso, mas também nada perguntaria. Estava ali de passagem.

- Você se formou em que? - Ruth fez a pergunta de forma firme

- Eu me formei na Escola de Pharmacia, Odontologia e Obstetrícia de São Paulo. Me tornei um enfermeiro.

Ciça deu outra risada, dessa vez Dona Inês reagiu.

- Que isso menina! Ria mais baixo, tenha modos!

- Desculpe Sinhá! - Ciça se entristeceu

Egydinha percebendo a situação triste da amiga interferiu

- Está na hora da nossa aula Ciça. Vamos para o meu quarto.

Assim cada um tomou seu rumo naquela segunda-feira abençoada.




EgydinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora