O que é ser feliz? Passava horas me perguntando isso, e vasculhando em todos os cantos de minha mente, a espera de uma única resposta, única? Impossivel. O ato de "ser feliz" infelizmente é dependente de muitos outros fatores, que na verdade são imposto por pessoas como eu, que esperam felicidades de coisas inalcançaveis....Mas isso não interessa no momento, já que agora, eu estava sentindo tudo, menos a felicidade, também não faço ideia do porque, mas o dia estava escuro e isso me entristecia, sentada em minha cama, esticada, em perninhas de indio, brincava com Judith, uma de minhas bonequinhas:
-Judh, você parece estar furiosa. O que acontece?
Abri um sorriso meia boca para o brinquedo, e logo percebi o rangir da porta, encontrei meu olhar ao de mamãe que me olhava reprovando-me, por falar com uma boneca, mas espera.. eu podia ouvi-la, disso tenho plena certeza. Creio que louco mesmo são as pessoas que me julgam por ser diferente, enquanto vivem em um mundo tão... comum (?).
-Jullie, é hora de se aprontar, tua sessão será mais cedo essa tarde.
Resmunguei fechando minha cara, e cruzando meus braços a fitar a mulher que escondia metade de seu corpo atrás da porta. E logo esta foi fechada, me levantei em seguida, com Judith em minhas mãos, a levando até a pratileira em seu devido lugar, antes de executar o ato, depositei carinhosamente um beijo em sua testa miuda e clara, em seguida passei o polegar por onde deixei meus germes na bonequinha.
- Me desculpe por isso.
Fui me afastando, caminhei arrastando meu corpo até o banheiro, mas sem disposição alguma, sentei-me no assento do vaso sanitário e por ali fiquei refletindo por longos minutos, olhando entre os vãos dos azulejos entre pensamentos aleatórios. Me desviei destes em um ato de me levantar rapidamente pelo grito de Sra. Martinez, conhecida como minha mãe:
- JULLIE, MAS O QUE É QUE FAZ AI?
Tive vontade de responder, quantas opções maravilhosas haviam para fazer num cubiculo como o banheiro, mas poupei-a das novidades:
- Estou indo, é rapido.
Enquanto me arrumava, parei para refletir sobre as consultas todas as santas segundas e quartas-feira, o que é que seria aquilo? Uma garota meiga, tentando se fazer de boa amiga, para manter-me controlada? Eu... estou exausta disso, acho que poderia rolar perguntas diferentes, por exemplo "Assistiu à novela ontem?", talvez ela não perguntasse porque não assistira novelas, e... porque eu também não. Soltando um suspiro profundo, termino de amarrar o tenis, e me ergo ajeitando meus cabelos, de maneira desarrumada, como eu gostava deles. Peguei a carteirinha da clinica e sai entre pulinhos, eu também não sei o motivo de tanta felicidade... e infantilidade, ahh sim.. mamãe comentou que eu possuia infantilismo, droga!
-Vamos Jullie.
Mamãe foi saindo pela porta principal, e eu a segui resmungando. Entramos no carro, e o radio foi ligado. Fechei meus olhos percorrendo o caminho, torcendo pra isso tudo terminar...
VOCÊ ESTÁ LENDO
PsicoLove.
Teen FictionJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...