maybe a new love

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Um ano e 5 meses depois...

Observava um tumultuo no pátio, sentada no banco de frente com a entrada.
- Venha, seja bem vinda!
Escutei Lindsay recebendo uma garota baixa, cabelos longos, olhos grandes, magrinha e tinha um rostinho meigo. Ela foi caminhando pelas pedrinhas que levavam até o interior da clínica, não pude deixar de encara-la... sua beleza era realmente admirável. Recebi de volta um olhar acanhado e um sorriso ainda mais envergonhado, e breve. Sorri de volta.
Minha curiosidade aguçou dentro de mim, e eu precisava saber mais sobre a tal novata.
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Um tempo mais tarde, resolvi entrar, estava esfriando e eu precisava tomar meus remédios. Caminhei para meu quarto, quando cheguei na porta ouvi alguns barulhos lá dentro, mas nada de novo, deveria ser a enfermeira trazendo os medicamentos. Adentrei, e para minha surpresa, não era. Estalei meus olhos quando vi a novata no meu quarto.
- Oi! – ela sorriu simpática – É a Jullie, suponho?
- Han... sim, sou – sorri ainda desconfiada – Posso ajudar?
- Fui transferida pra cá, da cidade vizinha, meus pais se mudaram!
- Ah, sim... e você não sabe onde é teu quarto? Quero dizer, quer ajuda?
Evidentemente, eu fico meio perdida quando falo com garotas bonitas.
- É... – ela me olhou sorrindo – acho que é aqui, quarto 7, né?
- Sim... – alguém pode me explicar? -  Ah, mas.. só tem uma cama e...
- Quer dividir? – Ela sorriu maliciosa mas logo balançou a cabeça em negação – Calma, eu tô brincando.
Ah sim, ela estava brincando...  Deixei que continuasse a falar:
- Disseram que trariam as coisas até o final da tarde, tem problema se pudermos ser colegas de quarto?
- Não, claro que não, mas eu ronco... – brinquei.
Ela sorriu, terminando de desfazer sua mala.
- Então... porque ta na clínica? – Insisti em puxar assunto.
- Drogas – deu de ombros – mas to pra sair em breve, e você?
- Várias coisas – ela ergueu teu olhar a mim esperando detalhes – longa história...
- Ta bem – entendeu – a propósito meu nome é Emilly.
- Certo, Emilly...
- Me chama de Milly, pode ser? – Sorriu tão fofa que quis morder.
- É, ok... imagino que queira descansar.
- Na verdade, eu quero sim...tudo bem se eu tirar um cochilo aqui?
Milly se jogou no colchão. Assenti.
- Deita, eu não vou morder.
Assim o fiz, mas só porque eu não queria ir pra fora e a cama é minha, né?
Em minutos, Emilly dormiu e eu fiquei observando-a. Na vida nunca dividi sequer um canudo com alguém, quem dirá um quarto...
- Jullie? – a nova doutora me chamou na porta, cortando meu momento de distração – posso falar com você?
- Claro, entre.
Ela entrou. Daiane era a nova psicóloga que substituiu Bianca.
- Ficou feliz, com a Emilly?
- Na verdade, não to entendendo o que aconteceu...
- Era pra eu ter vindo antes te falar, meu anjo...mas tive de resolver coisas na cidade. Tudo bem pra você, dividir o quarto com ela?
- Claro, tudo sim! Acho que vai ser bom uma companhia...
Ou não.

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Saí do banho, olhei Milly arrumando sua cama pra dormir. Confesso que gostei do quarto mais cheio, e talvez eu gostaria de ter um pouco mais de barulho pra tirar essa solidão...
- Oi! – a chamei
- Oi, já ia te chamar...quer comer comigo?
Emy apontou para a cômoda, e lá estava nossos pratos de jantar. Sorri e me direcionei até os mesmos e os peguei levando até a cama.
- Aqui é sempre chato assim? – foi a vez da morena iniciar um assunto.
- Costuma ser pior – ri levando uma garfada da comida para boca.
A conversa foi boa e proveitosa, falamos de algumas coisas aleatórias e um pouco sobre nós. Emilly Mendes, tinha 19 anos, ex viciada em craque, órfã, e linda pra caralho. Fomos dormir logo, de manhã teríamos uma palestra com uma tal psicóloga de alto calão.
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Dois meses se passaram...

Desde que Bianca se foi, eu nunca mais fui de fato feliz, nunca encontrei algo que me desse aquele frio na barriga bom, sabe? Mas ganhei forças, me empenhei 10 vezes mais no tratamento, e me sinto melhor, mais madura. Bianca foi a pior e melhor coisa na minha vida, me ensinou pela dor que eu tinha que amadurecer. Talvez, eu esteja curada do amor dela.
A parte ruim de tudo isso, é que Max havia ido com ela, e meu peito se quebrava um pouquinho mais, cada vez que via aquele maldito saquinho de bola de gude que jogávamos toda noite... Mas chorar agora não era mais uma opção pra mim, não não!
- Bom dia, meu amor! – Emy dizia enquanto depositava um beijo molhado em minha bochecha, desviando de meus devaneios.
- Bom dia!
Sorri com teu toque. Emilly e eu estávamos ficando...aconteceu muito rápido depois que ela chegou. Me sinto bem com ela, o sexo é bom e nos entendemos apesar de umas briguinhas bobas. 
- É melhor ir pra sua cama, não queremos levar bronca não é? – sugeri. Ela negou com uma careta.
A nossa situação era discreta, tínhamos regras que incluíam não tocar em ninguém (de um jeito mais íntimo lógico)...
Cada dia mais eu aprendia um pouco sobre a garota, seu jeito era diferente, impulsiva, horas carinhosa...horas uma cavala, uma manipuladora gostosa, difícil de lidar, e entender o porque de ficar ao lado dela, mas era envolvente. Fazer o que, me tornei uma vagabunda.
- Ju, vamos fugir?
Ouvi o que ela disse e sorri deitada na cama, ela estava em pé, nua... olhava a janela, repito: gostosa!
- Não tomou seus remédios hoje, é?
- Eu to cansada de ficar aqui... é tedioso, vamos começar nossa vida bem longe daqui...Hum?
Foi chegando de mansinho sentando do meu lado, passei minha mão por sua cintura, a puxando pra um selo breve. Eu gosto dela, mas não amo. Eu quero ela, mas não pra sempre.
- Logo estaremos livre, eu creio.
- Como sairemos daqui sem família? – Ela perguntava desgostosa.
- Temos uma a outra.
E foi assim, que ela esqueceu o assunto. Tinha só e somente que dizer algo bonito pra fazer com que a garota desligasse.
O dia estava preguiçoso, passamos ele conversando, idealizando um futuro promissor, feliz... mesmo sabendo das dificuldades que estariam por vir. Poderia ser tudo tão diferente, Bianca. Idiota.

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