Quando se fica muito tempo em um lugar, sozinho, e faminto...você passa a pensar em tudo, e quando digo tudo, é cada detalhe da sua vida, todos os seus bons e seus ruins. Agora notei, que meu lado ruim, é a Bianca. Sim, a doutora Bianca. Veja bem, se eu não tivesse depositado toda minha confiança nela, talvez eu não estivesse me sentindo tão mal agora. Mas, deixa isso pra lá, porque a porta se abrira, e Deus sabe lá o que esperava por mim.
- Jullie Martins?
Uma voz madura soou da porta, logo mostrando a feição de um senhor, com um chapéu preto, e terno. Assenti
- Eu mesma.
Forcei sorrir, demonstrando simpatia, seja lá quem seja o rapaz. Me chamou com tua mão e eu me levantei do canto do quarto.
- Posso perguntar, onde vamos?
Falei baixo, ainda insegura.
- Vamos para outra sala. Vai ser rápido
Vi o sorriso em meia luz do senhor Chapéu, suspirei e deixei que me guiasse corredor adiante.
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Depois de andar, e descer umas duas escadarias, chegamos à uma pequena sala, onde se encontravam dois policiais de pé e um homem boa pinta sentado. Estendeu teu braço para que eu me sentasse também. Senhor Chapéu, já havia deixado o local, e fechado a porta, como se eu fosse um marginal. Cruzes. Eu estava assustada, isso sim. Quando essa tortura acaba?
- Jullie Martins, não?
- Sim.
Respondi intolerante das mesmisses.
- Sabe o que faz aqui?
- Suspeito. Deve ser por causa da loira, não?
Notei que não era sobre isso, no momento em que o homem forjou uma tosse e olhou pros fardados atrás dele. Balançou sua cabeça em negação, meio desconsolado e balbuciou:
- Não... - mais um de seus suspiros - ... sobre Jane, o caso está encerrado. Você é especial, não será mais punida.
Fiquei aliviada por um lado, mesmo frustrada por não saberem o real motivo da minha revolta. Mas, se eu não estava ali por causa da mocreia falecida, para que seria então?
- Mas...se não estou aqui por causa dela.. porque é? Quero dizer, eu não aprontei nada. Não tem nem como dentro daquela jaula, seu policial.
Sorri fraco, mas foi de desespero mesmo.
- Eu nem sei como dizer isso..
- Oras, fale logo.
- Eu não sei se está ciente do brutal assassinato de sua mãe.. mas...
O QUE? Minhas pernas amoleceram, minha carne tremia e transpirava como porco no abate. Não acredito.
- Isso não pode ser verdade... minha mãe?
Tentei completar com minha voz embargada..
- m...morta?
Tentava ao máximo segurar meus prantos. Mas pra que droga segurar meu choro agora? Já chega de tentar ser forte. Eu to ferida, é minha mãe.. eu tenho esse direito, agora.. de chorar, pelo menos..
- Se acalme por favor.
Retomei a mim, como nunca havia reagido antes, de maneira madura. E com a voz firme, interrompi o sujeito.
- Está pedindo calma? Precisava de todo esse teatro, pra dizer que minha mãe morreu? Como vocês podem?
Cale a boca, Jullie. Ou não. Me permito dizer tudo que está entalado agora.
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PsicoLove.
Teen FictionJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...