- Claro, o que foi?
- Hum? - apontou pra cama. Dei espaço pra que se sentasse. Continuou
- Vou deixar seu caso.
Olhei pra ela. Só olhei. Com um ar interrogativo, confuso, de indignação, sabe?
- Me desculpa...
E se levantou. Não, você não vai mais uma vez me deixar sem explicações.
- Pensa que vai onde?
Me exaltei, puxando seu braço de volta pra cama. Ela resmunga de dor..Sem notar palpei seu edema. Soltei arrependida, mas sem demonstrar tal sentimento.
- Jullie, eu não tenho muito o que falar. Tô tão triste quanto você.
- Triste?
A encarei com raiva, e percebi teus olhos se encherem d'água. Mantive meu olhar e voz firme.
- Você não está triste porcaria nenhuma!
- Se acalma.
Tocou minha mão, fazendo aquele puto joguinho comigo e com meu psicológico fodido.
- Não. Porque tem que ir?
Ela engoliu em seco. Me encarou. Pedi
- Não vai... não tem que me deixar.
Tinha deixado de ser uma situação paciente-doutora a muito. Estávamos em uma relação tão indefinida...e sem perceber, estávamos envolvidas, bem mais do que deveríamos. Eu precisava dela, bem mais do que só para os medicamentos e terapias. E ela precisava de mim, bem mais do que só pra retorno financeiro.
Um silêncio tomou conta do quarto. Temi que esse fosse nosso último contato. Me aproximei.
- É ele, não é?
Ela quis assentir. Abaixou seu olhar.
- Porque...?
E não me referi somente à situação. Uma pausa.
- Porque é meu dever te proteger.
Ela soltou em uma voz falha, pouco possível de ouvir.
- Você não é minha mãe.
- Eu sei. Eu não te tenho como uma filha.
Gelei. Seja mais específica. Olhei pra mulher com lágrimas no rosto.
- Eu to com o Robert...ele é difícil de lidar, você sabe disso, não?
Concordei em silêncio. Quis cuspir na cara dela tudo que passei com ele, mas me mantive quieta.
- Eu não posso deixar que ele te prejudique.
- E para isso tem que me deixar? Sabe o que isso vai me causar?
Estou falando demais? Foda-se, já era hora.
- Outra especialista, ainda melhor que eu, vai cuidar bem de você, eu garanto.
- Eu quero você!
Eu falei da situação, e falei do resto...Eu queria ela, queria toca-la, beija-la, abraça-la, te-la por perto.
- E..Eu... não há nada que eu possa fazer.
- Nada?
Não me pergunte de onde veio coragem, de onde veio maturidade, de onde veio esse fogo... Só...se coloquem no meu lugar, a tensão era grande, e eu faria qualquer coisa, e disse QUALQUER COISA, pra que ela ficasse. Ou pelo menos pra que ela entendesse.
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PsicoLove.
Teen FictionJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...