Onze horas da manhã. O sinal é meu grande inimigo, minha cabeça lateja enquanto ouço a voz da professora nos ensinando a virtude de saber avaliar todo e qualquer sinal de perturbação no próximo... Encaro o relógio almejando comprar um big pão de queijo da cantina daqui... Acho que nem para comer, mas para enfiar na boca do Guto que não para de matracar com o Jean. Será que eles percebem o quanto odeio eles só pela maneira repulsiva que os olho? Com uma imensidão de assuntos, a única que rende é a quantidade infinitas de pobres garotas que caíram nos seus papos irrelevantes.
- Shh! – tento os repreender.
- Shh! – eles me imitam com caretas.
Rolo os olhos tão forte que por um minuto pensei ficar sem minhas pupilas. Desvio o olhar e a mente deles pra prestar atenção em outras pessoas. Em todos da sala, eram pessoas até que suportáveis, exceto por esses dois ai citados. O Frank tinha virado meu coleguinha, vivia dando em cima de mim mesmo eu insistindo que não curtia o que ele criava por entre as pernas. Risos. Mesmo com esses hormônios aflorados do garoto, éramos chegados. Na sala ele até era quieto, creio que por não sentarmos muito grudados um do outro, porque quando estamos a menos de meio metro de distância, ah... aí ninguém segura nossas línguas incessantes. Redireciono minha cabeça pra ele do outro lado, mostrando meu celular na tentativa de que ele entendesse o recado: olhar as mensagens do dele. Mas, acho que ele deve ter caído do berço quando recém nascido, porque...o processo é lento ali naquele cabeção preenchido por um black power MA-RA-VI-LHO-SO!- O que? – ele sussurra razoavelmente alto do outro lado da sala.
- O celular – aponto pro meu – olha!
Sussurro de volta. Mas quem é que disse que sussurro da certo na sala de aula? A professora já logo reclama:- Os dois querem silêncio pra conversar entre si? Ou querem partilhar o papo conosco?
Bufei, sem responder. Só me virei pra carteira emburrada e quieta. Mas Tompson não perdia a oportunidade de fechar a boca:
- Se puder...eu agradeceria muito!
Bato com a mão na minha testa em negação. Será ele tão estúpido mesmo a ponto de falar isso?- Os dois pra fora, AGORA! – ordena a velha mentora.
Frank e eu nos levantamos e fomos pra fora, no corredor...
- Ai ainda bem, que aula chata! – resmungou o rapaz.
- Sabia que eu nunca tinha passado por isso? – olhei séria pra ele.
- Sempre tem uma primeira vez pra tudo... inclusive se quiser ter um outro tipo de primeira vez – piscou malicioso – to aqui!
- Você não presta! Mas quem disse que sou virgem?
Entramos num debate sem fim, ele duvidando da minha não-virgindade e eu teimando que ele não tinha transado com tanta menina como ele diz. Esse jeito moleque dele era incrível, me divertia demais...
- Tá tá! Isso é você que tá dizendo... mas se perguntar pra qualquer uma da nossa sala, elas vão te afirmar que já dormi com todas! TODINHAS!
- Todas? – ai senhor, será que nem a Aisha ele perdoou?
- Tá, só uma que não... ela é difícil, tenho minhas dúvidas sobre ela...
- Quem? – fiz a sonsa.
- Aquela árabe lá, Shaiene acho...
- Aisha, besta! – dei risada.
- Isso isso! Tenho certeza que ela joga no mesmo time que o teu.
- Ta bem doido né? Ela namora! UM CARA – frisei a última palavra.
- E dai, tenho amigos que já ficaram com outros caras mesmo namorando meninas, tipo... na bebedeira e tudo, mas mesmo assim! – Deu de ombros.
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PsicoLove.
Teen FictionJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...