...Alguns dias depois...
Despertei no meio da madrugada com um grito espalhafatoso, fazendo com que as cuidadoras de plantão, entrassem em ação. Adentraram o quarto, tentando me acalmar. Sem sucesso. Me debatia na cama, e elas por sua vez, seguravam meu braço não podendo conter minha fúria. Gritava como se estivessem me abatendo ali, lagrimas misturavam com meu suor... minha pele queimava, provavelmente estava corada, refletindo nas expressões das garotas. Fui perdendo minha força, quando, sem piedade alguma, uma outra mulher surgiu, e aplicou um injetavel em meu pescoço. Desfaleci em minutos.
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Tentava abrir meus olhos, que eram interferidos pela luz solar. Atrevi me mexer, mas não conseguia me mover, meu corpo dolorido, estava "amarrado" à cama. Ergui minha cabeça, encarando meu corpo sem poder de movimentar. Me desesperei:
- SOCORRO. ALGUÉM ME TIRA DAQUI.
Max entra despercebido no quarto e vai ao meu lado, sua expressão transparecia preocupação.
- Max, me ajuda... por favor.
O garotinho tentou soltar as faixas resistentes que me impediam de movimentar, porém, era fraco:
-E..Eu não consigo...Jullie.
Abaixou sua cabeça decepsionado, tratei de motiva-lo, pacientemente:
-Calma, ta tudo bem... É melhor sair daqui, garoto. Mais tarde brincamos ta?
Ele sorriu sem vontade, assentiu e saiu. Encarei o teto, enquanto meus prantos esvaiam silenciosamente, sem minha permissão. Jane entrou no quarto e se aproximou. Sentia alivio ou medo? A encarei calada.
- Você é louca. Completamente louca, Martinez.
Continuei encarando a loira, segurando o choro... as palavras machucavam, bem mais do que aquilo que me impedia de levantar e socar aquela cara discimulada.
- Acho que você precisa, de alguém. Seu problema é falta de prazer.
Acariciava meu rosto. Sentia nojo e repugnação. Chorava de ódio no momento, tentando desviar de suas caricias.
- Se acalme... Porque não me deixa tocar seu corpo?
Abocanhei um de seus dedos e ela gritou. Acabara a calmaria:
- Por favor, não me machuque. - supliquei - Apenas me tire daqui.
Ela me olhou com rancor. Sorriu ironicamente e cuspiu suas palavras em alto e bom tom:
-Não devia ter feito isso. NÃO DEVIA. -se alterou - Sabe, você é tola. Tola demais.
Descia sua mão sobre minha barriga, demonstrando malicia. Será que não tinha mais ninguém naquela espelunca? Eu seria estuprada ali, por uma maluca e ninguém veria?
-Por favor...
Tentei novamente, e ela ignorou.
- Acha que dar uma de santa ajuda agora? - negou em um gesto - Se enganou, meu amor...
Tentava mexer minhas mãos, mexer meu corpo, mas este doía... não tinha forças, pensei em gritar, mas minha voz falhava. E isso pioraria ainda mais minha situação.
- Sabe... - continuou a mulher - Você tem um corpo incrivel... É gostosa.
Apertei meus olhos, tentando desviar os pensamentos dali. Já havia me conformado que não escaparia. Jane agora, deslizava sua mão entre minhas pernas, segurava qualquer som que queria sair de mim.
- O que sente, vadia?
Me olhou, e fiquei quieta novamente. Exigiu, colocando a mão dentro de minha peça intima, pressionou. Senti dor. Apenas dor. Nojo, vergonha.
- Você não facilita. Gema. Vamos.
- Pa...Para... - sussurrava, pausadamente por seus movimentos em minha vulva.
Parou. Tremi. O que ela faria agora? Se afastou.
- Se isso sair daqui, lembre-se que voltarei. Lembre-se que poderá ser pior.
Falou baixo. Assenti receosa. Pensei em responder mas, permaneci calada. Dra. Bianca, abriu a porta sem avisos. Vaca! Ela ouvira os passos, por isso parou. Tentei disfarçar, mas minha face chorosa me entregava.
- Bom dia! - Nos cumprimentou.
Bianca já estava normal novamente desde o dia em que falei de Max. Não comentei mais nada do garoto, para evitar conflitos. Permaneci em silencio, Jane a cumprimentou de volta, mas não tirava os olhos de mim, temendo que eu falaria algo. Respirei fundo e Mitchell questionou:
- Está doendo, não é? - Sorriu em compaixão. - Calma, ta bem? Eu vou te soltar...e vai me dizer, ou tentar explicar o que houve nessa madrugada. Ta bem?
Assenti. E a psicologa foi retirando a imobilização. Assim que eu estava livre. Me sentei, alisando meu braço marcado e dolorido. Tentei começar:
- Bom, eu tive um pesadelo...
Interferiu a doutora, olhando Jane:
-Pode nos deixar a sós, Jane?
Ela expressou aflição. Como é que deixaria-me sem a certeza de que eu não falaria nada? Me encarou e eu desviei o olhar. Tentou passar tranquilidade:
-Tudo bem...
Saiu do quarto. Bianca sorriu para mim:
-O que foi que deu nela?
Quis dizer tudo, quis acabar com ela. Mas achei melhor não. Forjei um sorriso:
-Eu não sei...
Ela acreditou, e pediu para que continuasse. Continuei:
- Minha mãe. Eu sonhei com ela. Ela estava partindo. - Não contive as lágrimas - ...Disse que me ama, e que jamais esquecerá de mim.
Dra. Bianca, parecia saber de algo que eu não sabia. Mamãe não vinha me ver a dias, e diziam que ela estava trabalhando. A jovem demonstrou tristeza e abaixou seu olhar.
- Não deve, acreditar em sonhos Jullie. - desconversou - Sua mãe está bem... Ta?
- E porque não vem me ver? Sinto tanta falta dela...
- Ela anda ocupada, meu bem. Tente entender... estamos aqui com você e para você.
Fitei a janela, tentando parar com os prantos. Suspirei e voltei a olha-la.
- Ta bem... Eu posso sair?
Ela espantou a pergunta. Eu não queria pensar em nada ali. Minha vagina doía, eu queria ficar longe de lá. No jardim, Eve ficava comigo. E ela era legal. Tinha paciencia, e brincava...
- Tem certeza, se sente bem?
- Sim, eu estou legal.
- Mas... tens que comer.
- Estou sem apetite. Eu só quero sair, Dra. Por favor... - quase implorei.
Permitiu, me levantei. Tonta, meio indisposta. Mas me fiz de forte, sorri para a mulher que me encarava afetivamente a minha frente. Senti fraqueza e ela me segurou. Agradeci com um olhar apenas.
- Tome cuidado. - Me abraçou, e depositou um beijinho em minha testa. - Eu te levo até lá.
Caminhei agarrada em teu braço. Bianca me fazia sentir segurança. Era a que mais gostava de mim. Recebi olhares grotescos no caminho, e outros piedosos. Eu estava acabada. Fisicamente, e mentalmente... mamãe desistiu de mim. E suas frases de outrora não saira de minha mente, me infernizavam. Martelavam, me desviando de qualquer gesto da morena, Eve. Que agora estava ao meu lado. Tentando me divertir. Me dera um pião... e eu ousava a manusear, como uma criança de 5 anos. Me ajudou e eu admirava o rodar do brinquedo com ternura, e assim me distrai, naquela tarde. Temendo ainda assim, pela noite, que já chegaria em breve.
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PsicoLove.
Teen FictionJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...