Oi gente! Tudo bom? Acredito que vocês sentiram falta das narrações dos meus dias estranhos e as vezes apimentadinhos, né?! Sentiram falta também, das minhas reclamações incessantes? Acho que isso não, mas sinto-lhes informar que as notícias não são tão boas. Vamos Lá.
- ANDA CHAMA LOGO A AMBULÂNCIA LARISSA! - Lucy esbravejava.
- Não...precisa... - resmungava largada no chão branco no banheiro, aliás... não tão branco agora.
- Você fica quieta ai! - apontou teu dedo indicador no meu rosto, agachada ao meu lado. Logo depois disso, passou tua mão em meus cabelos os acariciando, sentiu pena - Não, não fica quieta não - seu olhar marejou-se, mas, durona, não deixou escapulir uma lágrima sequer.
Apenas assenti engolindo minha própria saliva com certa angústia, e nesse tempo, a Larissa conseguiu sair do seu choque diante da situação e ligou para ambulância. Correu em direção a nós e entre soluços se pronunciou:
- Eles já vão chegar - soluço - você vai ficar bem...
Me olhava preocupada, suas lágrimas escorriam sem parar por sua pele toda borrada de seu rímel. Já disse à ela que essas maquiagens sem ser a prova d'água não dão certo com ela... A olhei dando um sorriso quase imperceptível, concordando.
- Tá doendo muito? - Lucy palpava minha barriga. Arfei a reprovando - desculpa
- Dói... - sussurrei, e nesse mesmo segundo agarrei o vaso sanitário novamente e tudo o que tinha dentro de mim, foi direto pra água transparente que já havia me encarado algumas boas vezes em menos de 40 minutos.
Não quero ser uma privada nunca na minha vida, nesse vida nem na próxima se existir... Acho que to delirando, o que eu acabei de pensar? Minha barriga dói, e acho que não é uma simples virose.
- Venham, venham por aqui! - Larissa guiava os socorristas que adentravam o apartamento com urgência.
Quando entraram no local em que eu estava, pude ouvir baixinho um deles ecoando um "nossa", e em seguida os dois correram as pressas me tirar dali. Me carregando no colo, me levaram para o elevador. Um deles, colocou dois de seus dedos em meu punho, sentindo meu pulso
- O pulso está fraco, precisamos chegar rápido!
Eles conversavam com minhas amigas, perguntando das vezes em que eu já tinha vomitado, se cai, se me machuquei, se tenho histórico médico complicado e outras n coisas que eu não conseguia prestar atenção. Na minha cabeça agora passava um filme, será que lutei tanto para morrer agora? Assim, como uma inútil... no banheiro de uma casa que nem minha é.
Eu tive uma vida de merda, passei por tantas coisas, superei coisas que eu jamais achei que superaria... Eu merecia um pouco mais disso tudo. Tudo que sempre desejei foi morrer, e agora que isso está provavelmente acontecendo, não sei se gosto tanto assim da ideia.
Eu podia me sentir fria, suando, tremendo, enfraquecendo... Meus olhos não queriam se manter mais abertos, e os fechando lentamente implorei com o pouco de voz que ainda me sobrava:
- Não...me deixe... morrer...
Não sei ao certo com quem falei aquele momento, mas via uns borrões silhuetando uma garota... Eu espero que ela tenha me ouvido, os choros no ambiente estavam predominante e esses foram os últimos sons que ouvi antes de me desligar completamente do exterior. Acho que era tarde demais.
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Nossa, minha cabeça dói. Eu to viva... acho! Tento abrir meus olhos devagarinho, olhando o local que eu estava, ainda é meio confuso, não me lembro de muita coisa e quando olho pro lado, Lucy está cochilando na poltrona de braços cruzados, estico meu braço mas sinto algo errado. Não consigo falar! Resmungo, sentindo um desconforto absurdo em minha garganta.
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PsicoLove.
Roman pour AdolescentsJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...