Os toques de Jane já eram indiferente diante de todos os medicamentos que estava tomando, eu não sei se podia dizer que aquilo era vida... Minha pele já tinha tom pálido, mas eu andava mais branca que o normal, meu apetite havia diminuído, imaginei que talvez isso seria parte da redução do custo da estadia ali... se eu consumisse menos, menos custaria. Embora essa ideia fosse totalmente absurda, deixava vestígios de dúvidas. Estava deitada nesse momento, com uma indisposição absoluta, o sono tomava conta de mim, não era para menos, já que eu acabara de ter tido um orgasmo forçado. Jane exigia meus gemidos, e eu não reagia, não mais. Parecia um cadáver, imóvel, quieta, apenas esperando que a loira enjoasse e partisse. Deus, que nojo. Fechei meus olhos, sentindo minha calcinha ser levantada tapando novamente minha vagina molhada e sensível, respirei cansada, e adormeci.
----------
Os dias se passavam, a morena, Eve, havia sido suspensa de seu cargo. Rumores apontavam suspeitas de estupro e agressões aos pacientes. Merda! Pessoa errada! Fiquei ressentida, porque realmente ela era a única que me passava tranquilidade ali. Era estranho, mas eu me sentia protegida quando ela estava sobre meus cuidados. Insolentes, como é que a deixam partir sem interrogar? Ah, somos loucos. Dra. Mitchell havia se ausentado uns dias, uma espécie de férias. Robert passava em meu quarto, algumas vezes por dia, me "avaliar". Mamãe não havia dado notícia. E Jane ficava comigo na maior parte do dia, mas... ela não abusava de mim a todo momento, não... ela só se divertia em intervalos de medicamentos, ou refeições. Eis que eu ousei levantar para tomar banho, a cambalear me direcionei ao banheiro, encostei a porta e me despi. Encarei minha magreza e feiura no espelho, as marcas roxas, os cortes, alguns já com casquinhas, outros inflamados... sorri de maneira fraca, tentando fingir que estava bem, e me recuperando da loucura, quando em meu interior estava me conscientizando, que jamais sairia dali, e que a tal loucura só estava progredindo ainda mais. A porta se abre, sem aviso prévio, e Jane se depara comigo, ali sem emoção alguma. Assustei-me:- Oras, por favor... deixe-me em paz, ao menos um minuto.
Pedi, e ela fingindo-se piedosa:
- Mas o que são essas marcas em teu corpo, Jullie?
Comecei a negar, me afastando dela, adentrando a cabine do chuveiro, segurando bruscamente minhas lágrimas. Era impossível falar com tudo aquilo quase explodindo dentro de mim. Tentei:
- Se afasta, p..por favor.
E a loira, continuava insistindo em se aproximar... minha cabeça estava quase explodindo, podia sentir o pulsar de minhas veias, mais forte.
- Jullie, venha cá. Estou mandando. Me obedeça!
Parei. Conti meus prantos, alternei de coitadinha à vadia louca. Ergui meu olhar e arqueei meu corpo de maneira ereta, bufava rumo em direção a maldita loira que me atormentava. Naquele momento, eu só pensava em sua cabeça, dissipada em minha mão, sorri com ironia:
- E o que é que você vai fazer?
Quando Jane, ameaçou erguer teu braço, a segurei, e contra a pia arremecei teu corpo. Eu não sei da onde surgiu tanta força, e ainda...coragem, mas eu estava gostando daquilo. A mulher percebendo que não poderia ter domínio da situação, não exitou em gritar e pedir por ajuda. Balancei meu crânio negativamente, torci meu pescoço de um lado para o outro, a tomei pela mão, levantando teu corpo de onde estava:
- Você não sabe com quem se meteu, Jane.
Olhei nos fundos de teus olhos marejados, e a acertei com um tapa, no meio de tua bochecha direita. Sorri ainda mais, percebendo o corrimento vermelho de sua narina. Ouvia súplicas para interromper a tão sonhada surra executada, mas como ela sempre fez, a ignorei. A brincadeira estava excitante, e aparentemente ela já sabia que ninguém apareceria ali, assim como eu estava ciente disso.
- Por favor... - tentava completar - para, eu te deixo em paz.
Implorou, e eu soltei uma risada das mais sarcástica possível.
- Me deixar em paz?
Tomei teu cabelo pela palma de minha mão, o segurando como um "rabo de cavalo", aproximei meu rosto de te ouvido, exalando controle, falando entre dentes:
- Não acha que é tarde demais, pra supor querer me deixar em paz?
E sem piedade alguma, vi Jane desmaiar ao bater sua cabeça contra o vaso sanitário. Tudo em silêncio. Olhei a loira desfalecida, minhas mãos ensanguentadas, e o banheiro coberto de seu sangue. Voltei à mim, e pus-me a chorar desesperadamente, me ajoelhei próxima a ela e não conseguia sentir tua pulsação. Toquei meus cabelos, completamente perdida. Me enrolei na toalha, e sai quarto a fora pedindo por ajuda.
- Por favor, me ajudem. POR FAVOR!
Então, surge uma das enfermeiras, que parou encarando por longos segundos. Indignei-me:
- Não fica parada. Vem comigo.
A puxei pelas mãos, e ela me acompanhou, tentando entender o que estava acontecendo. Chegando no local, me ajolhei novamente, segurando a toalha, meus prantos aumentaram incessavelmente.
- Me desculpa, me desculpa.. e-eu não queria...
Soluçava, enquanto a mulher rapidamente correu provavelmente para chamar uma ambulância, eu não sei. Mas outras duas mulheres distintas me ergueram pelos braços, e foram literalmente arrastando-me dali.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PsicoLove.
Roman pour AdolescentsJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...