~ LARISSA POV'S ~
- Uau - murmurou ofegante - há quanto tempo não me sentia bem assim...
- É... - sorri genuinamente - eu posso te dizer a mesma coisa...
Lucy tocou minha nuca, com sua mão larga e magra, na qual estava um relógio (que particularmente, julgava bem sexy), puxou meu rosto levemente para perto do seu e me olhou intensamente no fundo de meus olhos. Seu sorriso foi cessando, e logo tornou sua expressão séria, porém suspirosa.
- Onde nos perdemos? - perguntou com a voz mais calma e compreensiva que já tinha ouvido se dirigir a mim.
- Eu... - na verdade, eu queria fugir daquele momento e não ter que justificar nada, porque na verdade eu também não entendia, mas antes de qualquer pretexto que eu iria inventar, a morena interrompe-me.
- Não pense em sequer tentar desconversar! - acariciou com seu polegar, meu rosto já fervendo de nervoso - eu mereço saber o que é que está acontecendo com você, porque diz que me ama e me maltrata tanto, porque já não somos um casal, eu acho - vergou sua cabeça chateada aparentemente.
Eu não vou falar. Não vou.
É óbvio que o que tinha acabado de dizer, parecia a nossa realidade, e me cortava o coração ter chegado nesse ponto. A amo. Só não sei mais quanto.
- É logico que eu amo você, Lucy - suspirei tirando tua mão de minha nuca, e a segurando em meu colo com carinho - mas um relacionamento já não basta só amor.
Lucy ergueu teu olhar à mim e notei seus olhos marejarem. Mas ela, marrenta como é, engoliu o choro que aproveitava de seu momento de fragilidade e esbravejou:
- Não basta só amor? Eu não te dei só amor, eu te dei um lar, eu te dei uma familia, te dei e te dou todos os dias, tudo que queres, conversa? eu tento... mas você jamais está aqui pra mim. Só parece estar.
Se calou. O silencio tomou conta por uns 10 segundos da sala. Era tudo verdade. Ela era uma mulher incrivel comigo e com a Jullie, não deixava nos faltar nada, principalmente carinho e compreensão...
- Você tem toda a razão. Eu não sei o que tem acontecido comigo ultimamente, eu acho que a faculdade mexeu com a minha cabeça, e eu não consigo se quer dar atenção pra minha mulher. - lamentei em denegação.
Esse arrependimento que mostrei, foi realmente sincero. Há tempos era Jullie quem nos mantinha juntas, que nos fazia trocar algumas poucas palavras. Maldita Rebecca.
- Eu sinto muito mesmo, Lucy - me aproximo - eu não quero jamais te machucar.
- É sério? Você tem feito bastante isso - sorriu amena.
- É sério... - eu juro que é - vem aqui - a puxei para um abraço forte, e retribuindo pude sentir algumas lagrimas quentes caírem sobre meu ombro nu.
- Eu te amo muito Larissa. - arfou profundo - mas eu não posso lutar sozinha num relacionamento. Portanto - pausa para me desprender de teu abraço - se você não me quiser mais, se já não sentiste o mesmo afeto por mim, por favor... Quero que me deixe ir.
Meu coração parou por 1 segundo e bateu como nunca havia batido antes.
- Eu não desampararei você e a menina, jamais. Mas não posso viver superficialmente.
- Eu sei, eu sei. Você não vai nos deixar não - neguei tua proposta - não queremos isso nem em meio milhão de anos. Eu te quero sim, e vou te provar, eu vou melhorar. Te juro!
Lucy me olhou assentindo, com um meio sorriso no rosto, me beijou afetuosa e eu retribui. No momento em que senti seu lábio quente tocar o meu, e as lágrimas dela se misturarem a nosso ato, vivenciei o real significado da palavra arrependimento. Já tínhamos construído muitas coisas pra nós, e tínhamos ainda muito mais por vir. Assim como ela queria o meu melhor, eu também queria o dela. Promessa é divida, e cumprirei. Chega de distrações, chega de Becca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PsicoLove.
Roman pour AdolescentsJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...