Pesadelo

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-Katherine Jackson

  Ah como minha cabeça dói, meu corpo esta pesado, meu estômago contorcido.
  A luz que entrava suavemente pela janela, me fazia afundar a cabeça no travesseiro. Cenário diferente, aquele lugar sem duvidas não era o meu apartamento, onde eu estava!?
  Com uma mão na cabeça e outra no estômago levantei da cama, olhei ao redor e um ponto de interrogação surgiu em minha mente. Caminhei lentamente até um espelho e tampei a boca para prender o grito que da mesma tentava escapar.

Onde estavam as minhas roupas!? De quem era aquela camisa!?

  Voltei a olhar para o quarto e a tentar lembrar da noite anterior.
  Olhei para a porta do banheiro entreaberta e um flash em minha mente me fez dar um passo para trás, olhei para a cama e meu coração saltou.
  Aquilo não podia ser real, aquilo em minha mente, aquelas pequenas cenas... E beijos, toques e sussurros... Não podia ser real!
  Um barulho veio do outro lado da porta, algo parecido com algum prato ou copo caindo no chão.
  Respirei fundo, caminhei até a porta e toquei a maçaneta, a girei lentamente e senti a luz vinda do cómodo ao lado.
Um passo de cada vez, lentamente até a cozinha.
  Na sala, o sofá estava bagunçado, e a pequena televisão ligada.
Um gemido me fez paralizar, em seguida seguir o som. Torcendo para não ser quem minha mente acusava.

   Não era apenas um sonho, quer dizer pesadelo. Adam estava realmente lá, todo atrapalhado tentando consertar a bagunça que fazia. Nem notou minha presença, estava sem camisa óbvio, a mesma estava em meu corpo. O problema era, por quê? Como e onde.

------- Seja lá o que estiver no fogo, está queimando. - finalmente me pronunciei o fazendo me olhar.
------- Kat! - levantou - Oi... - ficou um tanto vermelho - Bom dia! - sorriu.
-------- Adam, a frigideira está em chamas! - caminhei até a mesma e apaguei o fogo.
-------- Obrigado! - me olhou - Está melhor..?
-------- Primeiro, desde quando fala "obrigado". Segundo, onde estou? - tentei dar um passo a frente porem Nobel me segurou pelo braço direito me impedindo de ter qualquer reação com o corpo.
-------- Se não pisar em nenhum caco de vidro então te contarei tudo! - impulsivamente olhei para baixo do solado dos meus pés e afiados pedaços de um copo quebrado estavam quase se encontrando com a minha pele, mais um centímetro e então um corte poderia vir a tona.

------- Como você... - me interrompeu.
------- Melhor não abusar da sorte! - me soltou, se voltou para o fogão e para o que estava cozinhando.
------- Obrigada... - voltei a olhar para ele - O que aconteceu? - perguntei.
-------- Esbarrei no copo e ele... - interrompi.
-------- Não estou falando do copo... E sim de tudo isso! O que raios aconteceu? Por que estou morrendo de dor de cabeça!? E por que tenho a impressão de ter feito besteira?
-------- Você ficou bêbada! Atiçou um bar cheio de homens idiotas, me fez bater em alguns e te arrastar para o carro. Seria suicídio te levar para casa no estado que estava, sua mãe iria te matar, achei melhor o efeito do álcool passar e depois inventar uma desculpa qualquer. - ouvir aquilo me fez ter pequenos flashes de memória.

-------- Eu o que? - fiquei surpresa - Por que não me lembro?
------- Muita bebida, seu organismo não está acostumado! - se virou e começou a arrumar a mesa.
------- Por que estou com a sua blusa... A gente não... - me interrompeu.
-------- Não fizemos nada além de... - se calou.
-------- Nada além de!? - repeti - Não diga que...
-------- Foi apenas um beijo.
-------- O que!? - segurei a voz para não gritar - Como assim um "beijo"!?
-------- Sabe quando dois lábios que se querem muito se encontram... Então isso! - ironia.
-------- Você me beijou!? - dei um passo a frente e por consequência esbarrei em um caco de vidro - Droga! - resmunguei entre uma pontada no pé e a raiva do acontecido.
-------- Ainda está sob o efeito do álcool amorzinho!? - no momento que pensei em olhar para Adam, uma mão segurou a minha me guiando por entre o chão perigoso, como se eu visse tudo em camera lenta... Adam e seu cuidado, todo delicado para que eu não me machucasse novamente... Ah Katherine! Acorda, ele está jogando com a droga da sua mente!

-------- Tudo bem Adam! Posso cuidar de mim mesma! - o soltei.
-------- Só estou tentando ajudar! - me olhou sério, porem o ignorei assim que senti novamente uma pontada em minha perna esquerda, olhei para o lugar onde o vidro tinha se encontrado e uma gotinha pequena de sangue escorria do lugar. Tentei dar outro passo porem parecia que a cada movimento o pequeno caco entrava ainda mais fundo.

------- Era só o que me faltava! - abaixei na tentativa de alcançar os pés, porem por falta de equilíbrio quase fui ao chão - Adam! Pega aquela cadeira ali. - o mesmo me ignorou, continuou a arrumar a mesa.
-------- Pensei que pudesse se cuidar!
-------- E posso! Esquece a cadeira, não preciso de nada que venha de você. - voltei a abaixar porem do jeito Katherine da vida quase cai novamente. Desta vez Adam me segurou, voltei a olhar para ele e o mesmo sorria, um sorriso encantador que me fez paralisar.

------- Desde quando é tão orgulhosa? - sem me avisar Nobel me pegou no colo e me levou até o sofá, nem ao menos tive tempo para me queixar ou agradecer, ele simplesmente abaixou e começou a verificar o corte.
-------- Foi apenas um arranhão... - me olhou.
-------- Por que está se preocupando comigo? - não contive minha boca.
-------- Sempre me preocupei. - respondeu um tanto mais seco.
-------- Não vou cair no seu jogo de.. - me interrompeu.
-------- Pela milésima vez, não é um jogo! - Adam mal terminou a frase e logo uma nova pontada me fez gemer de dor - Pronto! Sã e salva.
-------- Desde quando é tão gentil?
-------- Você realmente não me conhece.
-------- Claro que não, você sempre mentiu.
-------- De novo isso!? - me soltou - Vai querer discutir sobre isso novamente? - levantou - Ah e "obrigado Adam, por ter tirado o caco de vidro do meu pé, que eu pisei mesmo com você tendo me alertado! Sou mesmo uma cabeça dura!" - tentou imitar a minha voz, em uma versão mais debochada.
-------- Tentando me imitar? - antes do mesmo dar um passo o fiz parar. Peguei em seu braço e o fiz desastrosamente cair no sofá, ao meu lado.
-------- Katherine! - reclamou entre um riso.
-------- Não vai a lugar algum enquanto não me dizer as besteiras que fiz.
-------- E o que ganho com isso?
-------- Se livra de um bom soco no meio desse rostinho lindo.
-------- Violenta! - se ajeitou no sofá - Bem, quer que eu comece na parte que enganou a cobra da Débora e me usou, ou da que ficou bêbada e dançou em cima de uma mesa?
-------- Eu o que? - não acreditei de imediato - Dancei em cima de uma mesa?
-------- Dançou, fumou... Desde quando está fumando!?
-------- Não importa! - cortei o assunto - Continue...
-------- Importa sim! Bom, você me fez quebrar os dentes de alguns homens, depois te arrastar para o carro e te trazer para cá.
-------- "Alguns caras"?
-------- Deram em cima de você... - encarei Adam - Não me olhe assim! - resmungou - Não controlo meu instinto - revirou os olhos me fazendo rir.
-------- E o que mais?
-------- Já deve ter visto alguem muito bêbado, multiplique e terá você... - riu.
------- Obviamente fiz muita besteira, não foi? - olhei para o abdómen de Nobel - Por que estou com a sua camiseta?
-------- Pensei que te deixaria mais confortável, o jeans geralmente incomoda e tambem...
------- Por que me beijou? - perguntei impulsivamente.
-------- Você me beijou Katherine.
-------- Beijei!? - novamente surpresa.
-------- Sim!
-------- E..?
-------- E depois? - completou - Depois do beijo, veio outro e mais um e as coisas aqueceram e então acabou.
-------- Ah? - fiquei um tanto confusa.
-------- Não aconteceu nada, o beijo foi impulsivo, mas eu jamais faria algo com você sem sua sã consciência. Não sou um pervertido!

> uma suicida e seu psicopata <Onde histórias criam vida. Descubra agora