Capítulo 9

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Após acordar no hospital depois de ter sido resgatada, a primeira lembrança que me vinha era a dor. A dor e o desconforto eram tamanhos que só de lembrar me arrepiavam. A segunda coisa que me marcou foi a visão de Castro perto de minha cama, ele estava com os olhos fechados, as mãos juntas e murmurava palavras baixinho. Aquilo de alguma forma tocou fundo em meu peito. Ele estava rezando, rezando por mim.

            Eu lembro como fiquei observando aquela cena, atônita, não querendo atrapalhar

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Eu lembro como fiquei observando aquela cena, atônita, não querendo atrapalhar. Sabia que a maioria das pessoas têm fé em um ser superior, eu mesma tenho; mas, mesmo assim, ver um homem como Castro, que a menos de um mês não demonstrava nenhum sentimento, orando e exercitando sua fé com tanta emoção era ainda algo estranho. Durante aqueles momentos em que ele estava rezando, me senti totalmente ligada a ele.

Quando ele percebeu que ela estava acordada, tudo simplesmente ocorreu muito rápido, quando se viu estava envolta de médicos, enfermeiras, Castro e, para sua surpresa, Lucas, que estava totalmente disfarçado. Seu irmão sempre foi bom em se disfarçar, ela mesmo só sabia que era ele porque ele já tinha se caracterizado daquela forma. Era muito estranho ver ele naquela caracterização, ele estava ruivo, extremamente branco, com sardinhas no rosto, cabelo cacheado e levemente acima do peso. Ela sabia que este disfarce levava horas para fazer e era consideravelmente incomodo, já que envolvia uma máscara facial, lentes de contato, óculos e enchimentos pelo corpo; para Lucas estar vestido daquela forma deveria ter um motivo especial.

Tudo ainda estava muito nebuloso para ela, se sentia extremamente fraca e debilitada; mesmo assim um dos primeiros pensamentos que teve foi aonde estava Henry. Engraçado como tudo de errado que estava acontecendo e a incrível dor que estava sentido virou segundo plano quando pensou nele, quando se sentiu (triste/brava) porque ele não estava ali com ela. Era totalmente irracional da parte dela pensar nisto mediante o caos em que estava vivendo, mas pensar que Henry estava bravo com ela ainda, tão bravo que não se preocupava com sua saúde, doeu. Doeu muito, muito mais que sua cabeça, muito mais que seu braço, que estava latejando. E se Henry não quisesse ver ela nunca mais? Aquilo a atormentou tanto que quando notou as pessoas ao seu redor estavam se mexendo rápido, em um procedimento de colocá-la no oxigênio. Estava tão aflita com seus pensamentos que não notou que estava com dificuldade de respirar. Pelo olhar de Castro, ela deveria estar muito mal. Aos poucos a inconsciência chegou, a abraçando.

Depois deste primeiro momento lúcido, me lembro de ter vários breves momentos em que acordava, via Lucas, Castro, algumas vezes Moura e Bunk; muitas vezes conseguia ouvir Lucas falando comigo, pedindo para eu acordar logo, que ele estava ali por mim. Eu lembro como consegui perceber pela voz dele que ele estava em sofrimento

Ela queria acordar, falar que ele não deveria se preocupar tanto, mas simplesmente não conseguia. Sempre que acordava torcia para ver Henry, para o ouvir, mas ele nunca estava lá. Chegou a pensar que talvez era simplesmente uma falta de sorte que quando acordava ele nunca estava lá. Gostava de imaginar que ele estava lá quando ela estava inconsciente, que ele a tinha perdoado da última conversa e que acariciava sua cabeça pedindo para ela abrir os olhos. Estes pensamentos aqueciam sua alma.

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