Castro!
– Eu vi você morta, eu ajudei a arrumar as crianças e elas estavam mortas – murmurou Lúcio, atônito, o silêncio imperava na sala neste momento e eu não conseguia tirar os olhos de Gustavo, ele parecia em transe. Eu sabia o quão massacrante deveria ser isto para ele, pudera eu pudesse protegê-lo de tanta dor. Mas eu não podia, ele tinha o direito de saber tudo, a verdade os libertaria – eu espero que esta frase esteja certa, que a verdade nos liberte e que a me leve aos meus filhos.
– Meu pai criou o plano perfeito, ironicamente ele pegou a inspiração de uma das mais belas histórias de amor da humanidade e transformou em uma das mais cruéis e doentia.
– Romeu e Julieta – falou Finn, ao lado de Castro.
– Sim, ele nos envenenou, contratou várias pessoas para que o plano não houvesse falhas, inclusive o médico que deu o atestado de óbito, os bombeiros que nos resgataram do acidente, tudo foi planejado nos mínimos detalhes, e depois ele matou a todos para não deixar rastro. Eu não posso dizer que lamentei por estas mortes, já que eles tinham me entregado de bandeja para o diabo.
– Eu fui enganado, eu devia ter percebido – murmurou Castro, catatônico.
– Você não tinha como perceber, Castro.
– Eu estava lá, eu não percebi nada, foi tudo muito bem arquitetado, vocês pareciam mortos, eu coloquei a roupa em Tiago e, Deus! - Exclamou Lúcio, indignado.
Mas Castro não ouvia ninguém, ele olhava para o nada, parecia em transe, eu podia sentir o seu tormento.
– Minha mulher, meus filhos foram enterrados vivos, eu enterrei – ele disse para ninguém, eu podia apostar que ele mal tinha percebido que estava falando em voz alta, ele estava com os pulsos fechados, eu via as lágrimas cruzando o seu rosto.
– Alice tem medo de escuro – ele murmurou com a voz embragada – e eu a enterrei viva.
– Castro, você foi a vítima, você não tem culpa de nada disto.
– Culpa, e o que me importa os culpados? – ele gritou, indo até o outro extremo da sala, eu conseguia ver a sua respiração acelerada. – Eu enterrei a minha filha de 4 aninhos viva, o meu menino e a mulher que eu amo.
Eu não podia ficar olhando o seu sofrimento, eu precisava fazer algo, quando fiz menção de me levantar, Lúcio pegou o meu braço. Eu o olhei sério e vi tristeza em seus olhos também, todos na sala estavam passando pela tristeza e raiva.
– Helena, não, deixe ele lidar com a informação primeiro.
– Eu só quero ajudar.
– Ele está descontrolado, ele precisa de espaço e tempo para digerir isto, e ele nunca se perdoaria se te fizesse mal sem querer, fique aqui.
– Mas...
Quando eu estava prestes a ouvir os argumentos de Lúcio, Castro veio em minha direção e quando percebeu que chegaria perto, deu dois passos para atrás e perguntou:
– Eles sobreviveram ao enterro?
– Castro, você tem...
– Eles sobreviveram?
– Sim - falei chorando, eu sabia qual seria a próxima pergunta e lembrei quantas vezes eu tinha desejado ter morrido neste plano macabro de meu pai, quantas vezes achei que seria melhor e menos doloroso para todos se tivéssemos realmente morrido.
– Eles estão vivos agora?
O que eu poderia responder? Eu sentia com o meu coração de mãe que sim, tinha conseguido algumas provas, mas nada era o suficiente para afirmar com total certeza, e se eu acabasse só machucando Castro? Besteira, eles estão vivos, eles têm que estar.
– Helena, os meus filhos estão vivos?
– Eu acho que sim.
Eu o vi respirar fundo, o vi erguer a cabeça para o alto e vi as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Os membros das equipes estavam todos atentos à nossa conversa, a tristeza e a revolta pairando no ar.
– O que ele fez com eles?
– Eu acho melhor nós conversamos depois e...
– O que ele fez com eles? - Ele indagou baixinho, me fitando.
– Transformou a nossas vidas em um inferno – falei triste.
– Porque você não... - ele interrompeu sua frase, me fitando, Mesmo descontrolado, ele parecia não querer me machucar, mas eu sabia que o band-aid tinha que ser tirado de forma rápida, que nós precisávamos resolver tudo isto.
– Continue, Gustavo – falei respirando fundo – O que eu deveria ter feito? Tentar fugir? Tentar lutar? Tentar te avisar? Tentar matar meu pai? Armar planos e mais planos para fugir?
– Helena – disse Lúcio, pegando em meu braço quando viu que eu tremia, e agora estava de frente para o meu marido, ambos tão desequilibrados, tão feridos...
– Eu tentei de tudo para livrar os meus filhos das atrocidades de Lector, tudo. Desculpe se falhei miseravelmente, mas não teve um dia que eu não tenha me colocado na frente dos meus filhos.
– E eu, Helena? Não teve uma forma de se comunicar? Eu podia ter..
– Todas as minhas tentativas de te avisar, de fugir, acabavam em mortes... mesmo assim eu não desistia, Lector me mantinha prisioneira com os meus filhos, nós éramos vigiados 24 horas, existiam câmeras, escutas, guardas... e castigos, cruéis castigos. No início eu estava mais do que disposta a fugir, indiferente das consequências; eu não podia deixar os meus filhos crescerem naquele ambiente agressivo, eu fui espancada, mas nada me fazia desistir de tentar fugir, de fazer contato. Até que... – falei, soluçando. Era muito para mim ter que reviver tudo aquilo, eu tinha deixado tudo adormecido na minha mente, era a única forma que eu tinha de manter a lucidez.
Helena - disse Castro, me puxando para um abraço, eu soluçava, ele tremia, eu não sabia como eu iria continuar relatando as coisas para ele.
– Eu preciso saber, a verdade já me foi negada muito nesta vida – disse ele, me fitando e se afastando, eu sabia que era para me dar segurança que ele se afastava, mas eu sentia a falta do seu contato, eu tinha que continuar.
– Eu reduzi as tentativas de fuga quando meu pai descobriu o meu ponto fraco, aquilo freou as minhas tentativas de fuga ou de comunicação externa.
– Oh Deus, ele continuou te violentando? - Indagou Castro, furioso novamente, ele estava a uma distância agora de mim, Lúcio estava ao meu lado me passando força.
– Sim, mas isto não seria o bastante para cessar as minhas tentativas de fuga. Ele começou a violentar a minha filha,minha doce e inocente Alice.
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Bom domingo Amores!!
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Beijinhos
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Reencontros - Trilogia Em Fuga II
Chick-LitUma garota doce com a estima baixa, um Dom em fuga... uma paixão avassaladora! Clara é uma jovem tímida, doce e com autoestima baixa, parte em fuga em um momento de total desespero, deixando tudo para trás. S...