Reencontros - Trilogia Em Fuga II

Capítulo sem título 59

Lucas

– E então resolvi pedir ajuda para Castro e sua equipe, com Luna grávida e os capangas de meu avô próximos, eu não posso arriscar a segurança delas – disse, olhando em seus olhos lindos.

Eu tinha passado as últimas duas horas contando toda a história para Clara, foi difícil relatar tantas coisas que eu tentava manter adormecidas, tantos fatos que tentava esquecer, mas era necessário, Clara tinha que saber de tudo para tomar sua decisão de ficar comigo ciente de toda a pesada bagagem que eu tinha. Durante os relatos, eu podia ver a dor, a raiva, a tristeza em sua feição, mais de uma vez ela me parou, pulando em meu colo e me abraçando, em outras vezes ela pegava minhas mãos entre as suas e apertava, me encorajando a continuar, era como se ela conseguisse sentir a dor que aquilo me causava.

– Então, vocês são filhos de Castro? E Luna não sabe disto, ela está grávida de Henry que também não sabe disto, porque pensa que vocês dois são casados e agora vocês estão todos no mesmo lugar – Disse ela, tentando ligar os fatos, eu não podia deixar de sorrir ironicamente, nossas vidas estavam piores que novelas mexicanas, repleta de dramas e perigos.

– Sim, basicamente é isto – disse, ansioso pela sua resposta.

– E você está procurando sua mãe, enquanto investiga a conduta do seu pai e tenta manter sua irmã viva?

– É, anjo, você é boa em resumos.

– Oh Deus, e como se não bastasse tudo isto, você parou para me salvar e agora quer cuidar de mim também? – Questionou, abismada.

– Sim. - Eu estava nervoso desde que comecei a contar a história para ela, Clara era doce eu não sei como ela iria reagir o fato de eu ser de uma família de criminosos, de ter matado algumas pessoas pelo caminho, de ser esta pessoa cheia de problemas...

– Oh, Lucas – ela suspirou forte, me fitando. Aquilo me deixou gelado, e se ela não conseguisse lidar com tudo? E se ela ficasse com medo de mim? Ou desejasse um namorado normal que poderia lhe oferecer uma casa com cercas brancas e filhos comportados?

– Baby, me fala algo, você já sabe de tudo e eu juro que vou respeitar a sua decisão e...

– Decisão? – Indagou ela, confusa.

– Sim, eu sei que é muita bagagem, que por mais que eu esteja sempre ao teu lado pode ser perigoso, eu não sou uma pessoa completamente boa e ...

– Lucas, você ao menos está se ouvindo? – Questionou ela, me intrigando.

– Você não é uma pessoa completamente boa? Você vem há anos tentando proteger com a sua própria vida as pessoas que ama, você é uma vítima deste bastardo do seu avô e vem lutando há tanto tempo, Luna está viva porque você lutou por ela, mesmo passado anos você continua buscando sua mãe para também salvá-la, você desenvolveu um plano que garantiria que Castro soubesse que são seus filhos caso algo acontecesse com você, você nem conhece o seu sobrinho, mas é visível que ele já tem toda a sua proteção e amor. Meu Deus, Lucas, eu nunca vi uma pessoa mais leal às pessoas que ama como você. E pode desistir, eu não vou a lugar nenhum, não sem você. - Disse ela, com lágrimas nos olhos, me fitando com aquela pureza que me fazia faltar ar.

– Anjo, é perigoso – gaguejei, eu ainda estava emocionado com o que ela tinha dito, bendito o dia em que estava passando por aquela rua e encontrei o ser humano mais puro e doce do mundo, mas eu tinha que avisá-la do perigo, tinha que deixá-la totalmente ciente disto.

– Eu sei, por tudo que relatou estas pessoas não tem um pingo de humanidade, mas Sr. Gato, você não entendeu ainda, eu te amo e agora que sei de tudo, eu te amo mais ainda, e eu nem sabia que isto era possível.

– Eu posso te prometer que eu dou a minha vida antes de deixar qualquer pessoa faça mal a você, mas a partir do momento que você vira a minha mulher, o risco existe.

– Você quer que eu vá embora? – Perguntou ela, baixinho.

– A minha parte racional sim, a parte que acredita que você merece alguém melhor que eu, sim, a parte que treme só de pensar em você em perigo, sim. Mas eu não sou tão forte para isto, eu sou um bastardo porque eu te quero tanto, anseio tanto em ter você ao meu lado, dividir uma vida contigo, nada é mais forte do que isto. Eu te amo, linda, Deus sabe como tentei não te amar. Por isto que a decisão não deve ser minha, ela é unicamente sua.

Eu estava abrindo o meu coração para ela de forma que nunca tinha feito para ninguém, e aquilo pareceu totalmente correto, Clara já detinha parte dele.

Ela me olhou fundo, me fitou, acariciou meu rosto delicadamente e disse:

– Eu sou sua, Lucas, para sempre e você? E você é meu. 

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É muito amor por esses dois não é?! 

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