Meu Adorável Diarista

Decidi e seguir em frente sem você

Eu já não sabia o que fazer. Tudo estava muito confuso em minha cabeça, eu não tinha ideia que causaria um grande estrago na vida de Felipe. Porem não poderia continuar com o ele, já não o amava mais, na verdade, eu nunca o amei. Estava sendo forçado a ter que cuidar dele, pois me sentia culpa por ter acontecido o acidente com ele. naquela mesmo dia peguei o celular e liguei para minha mãe em Sobral. Quando ela atendeu o telefone estava com a voz tremula _ alô! quem é?

_ mãe, sou eu, Solano.

_ filho, que bom que você ligou. Seu pai está muito doente e ele quer muito falar com você.

_ o que o papai tem?

_ filho, um câncer. Esses últimos dias tem sido muito doloroso para mim. Angustia-me ver seu pai gritar de tanta dor. Solano, durantes dias que nem eu e nem sua irmã dormimos direito. Passamos quase todas as noites em claro. Graças a deus que o Daniel está o tempo todo conosco.

_ mãe, estarei pegando o primeiro ônibus pela manha. Preciso ajudar a senhora. E o Savio, ele não esta na fazenda?

_ seu primo roubou todas as terras que eram nossas, o que temos não chega a um quitarem de terra. Eu criei uma serpente em meu seio, para depois ela me morder. Seu primo não tem um pingo de caráter. Savio foi a maior decepção da minha vida.

Não conseguia entender como de repente tudo havia mudado. Dava pra ver nitidamente na voz de minha mãe seu sofrimento. Eu jamais gostaria de perder meu pai, ele nunca aceitou minha condição sexual, mesmo assim o amava com todas as minhas forças.

Entrei no quarto para aprontar minhas malas, talvez eu passasse uma temporada em sobral. Estava indo sem ter dia para voltar. Estava dobrando umas camisetas quando escuto a companhia tocar. Fui abrir a porta e me surpreendo ao ver Wellington parado.

_ posso entrar, preciso muito falar com você.

_ entra, por favor. Sente-se. Você quer tomar um café, um suco, uma agua?

_ não, obrigado.

Ele sentou no sofá e eu sentei na poltrona de frente pra ele _ o que deseja falar comigo? Wellington.

_ quero pedir que você não me procure mais. Quero que finja que eu não existo. Foi uma loucura minha, ter deixado acontecer algo entre a gente na ilha. Como você sabe eu amo minha família.

Fixei os olhos nele e perguntei _ você ama sua mulher?

_ não a amo. Mas também não posso ir contra a vontade de deus. Eu sei que não estou sendo justo com você, sei o quanto você me ama. Mas não posso assumir esse relacionamento. Sou pastor, vivo para passar à mensagem de deus as pessoas de fé. Eu simplesmente não posso ignorar a palavra para levar adiante um relacionamento de pecado.

_ mas na ilha, você disse que me amava. você declarou seu amor por mim. Como pode mudar tão rápido assim?

_ ele passou a mão no cabelo, esfregou os olhos e disse _ o que fizemos na ilha pra mim é passado. Aquilo não foi amor, foi uma aberração.

As lágrimas já escorriam em meu rosto, não conseguia parar de demostrar minha cara de decepção. Enxuguei as lágrimas e disse _ não se preocupe, estou indo amanhã logo cedo para Sobral. Olha! Só amei duas vezes nesta triste vida que levo, uma foi meu primeiro amor, um rapaz chamado Daniel e o outro grande amor da minha vida é você. Mas tudo bem, você está livre para seguir com sua estimada família. Eu não vou atrapalhar sua vida.

_ por favor, não vá embora. Você não precisa sair daqui. Gosto muito de você, mesmo que eu não fale com você, mas quero você por perto.

_ é melhor que eu vá, não posso ficar. Não suportaria te ver todos os dias e não poder te abraçar, te beijar. Eu amo você Mais que tudo nesta vida. E para que eu possa te esquecer sem nenhum rancor, prefiro ir embora. Wellington.

Percebi que os olhos dele se encheram de lágrimas. Ele olhava para mim e da para ver nitidamente que ele estava sufocando o sentimento que sentia. Então mais uma vez ele me surpreendeu, saiu do sofá e se aproximou de mim e me beijou fortemente, aquele beijo ardente, apaixonado _ por favor. Fica comigo, eu não suportaria ficar longe de você, eu te amo Solano. Daremos um jeito. Poderemos ter um caso às escondidas.

Olhei nos olhos dele e disse _ não, poderia ficar se você assumisse uma relação comigo. Não quero viver numa mentira. Assuma e eu fico.

_ Solano, você sabe que eu não posso fazer isso.

_ então, Wellington. Adeus!

Ele olhou mais uma vez pra mim e saiu deixando a porta do apartamento aberta. Sai em direção à porta e fechei. Sentei no chão escorando minhas costas na porta. Coloquei minha cabeça sobre meus joelhos e chorei feito uma criança sentindo falta da mãe. Eu estava decido a ir embora para não mais voltar.

Wellington saiu do prédio praticamente correndo, atravessou avenida sem olhar os carros e quase é atropelado. Tirou os sapatos e as meias e jogou na areia da praia. Entrou no mar todo vestido de camisa e calça social. Mergulhou por varias vezes. Após os mergulhos ele saiu da agua e sentou na areia e chorou muito, quanto mais ele lembrava que o grande amor da sua vida iria embora, mais chorava desesperado.

_ pai, o que aconteceu? - perguntou Nael se aproximando dele. Ele enxugou rapidamente as lágrimas e respondeu _ nada, não aconteceu nada. Seu pai aqui apenas é um fraco.

_ pai, o senhor não é um fraco. Você e a mamãe brigaram mais uma vez?

_ não, eu tive uma conversa com o Solano e por esse motivo estou assim desnorteado.

_ o que aquele veado fez ao senhor, para deixa-lo assim?

_ ele não fez nada. Eu que me apaixonei por ele, mas agora ele vai embora.

_ o que? - perguntou Nael indignado _ o senhor esta apaixonado por ele? Mas como isso foi acontecer?

_ não sei! Simplesmente o amor acontece do nada. Filho ele não tem culpa.

_ vou agora mesmo quebrar todos os ossos daquele veadinho - Nael saiu em direção do prédio onde morava. Wellington saiu correndo em direção a ele _ Nael, para com isso - gritou alto e em bom som. Mas ao atravessar a rua ele é atropelado e jogado a 5m de distância. O dono do veículo para o carro de imediato e tenta socorrer Wellington que já estava desmaiado e imóvel. O sangue se espalhou pelo asfalto. Nael volta de imediato e ao ver seu pai no chão e todo sanguentado, fica desesperado. Logo o transito da Avenida Beira mar fica congestionado.

Eu levantei do chão e fui até a cozinha e sentir uma forte dor no peito e uma sensação que deveria ter acontecido uma coisa terrível com Wellington. Fui até a janela do apartamento e vi que algo tinha acontecido na avenida, pois estava barulhento e dava pra ver varias pessoas aglomerada em um único lugar. Sai correndo nem pensei em pegar o elevador, desci as escadas do prédio em uma velocidade surpreendente. Corri ate o aglomerado de pessoas e quando chego lá, vejo Wellington caído e todo sanguentado, me bate um desespero e fico em estado de choque, não sabia o que fazer. De repente chega uma ambulância, os paramédicos coloca Wellington com todo cuidado na maca e transporta para a ambulância. Ele levou uma forte pancada na cabeça. Nael ao me avista no local do acidente me agride com dois socos no meu rosto. Somos separados pela policia que estava no local. Naquele momento parecia que meu mundo tinha acabado.