12 - Revelações

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— Entendi... — Comentei.

— Bem, preciso ir.

Dante se levantou e fez sinal para que eu lhe desse a mão, então, curvou-se elegantemente e a beijou.

— Adeus.

— Espero vê-la novamente, Alteza.

Dante assobiou para Lucas, que logo veio ao nosso encontro, dando-me o guia de Scarlett.

— Dê adeus à minha amiga, Lucas.

— Tchau, obrigado!

— Disponha. — Sorri.

Os dois começaram a caminhar lado a lado, então, Dante parou e virou-se para mim novamente.

— Já ia me esquecendo: se eu fosse você, contaria a Luca sobre o que houve entre você ele no Inferno.

Paralisei nessa hora, observando-o partir. Estava claro que ele havia falado sobre o beijo que Hector e eu havíamos dado. Como ele sabia?! Certo, eu estava com cada vez mais medo daquele cara, mas em todo caso, resolvi seguir seu conselho, eu queria um relacionamento completamente transparente, mas como poderia exigir isso de Luca, se eu mesma escondia coisas dele? Não foi uma traição, já que estávamos separados, mas talvez fosse melhor contar a verdade. Decidi ir até sua casa, resolvi ir caminhando. Foi um longo trajeto, e Scarlett foi comigo. Durante todo o caminho, tentei me preparar psicologicamente para a conversa que teríamos, mas a verdade é que a cada metro que eu andava em direção à sua casa, ficava mais nervosa. Abri o portão e entrei no terreno, fui até a sala e toquei a campainha. Então, notei que eu fui uma grande idiota, pois deveria ter ligado antes, afinal, e se ele não estivesse em casa? Entretanto, para a minha sorte, a porta foi aberta pouco tempo depois desse pensamento invadir minha mente.

Joguei-me em Luca, envolvendo seu pescoço, seus braços logo formaram uma muralha em minhas costas, apertando-me contra seu peito.

— O que aconteceu?

— Só me abrace. — Minha voz saiu estranha pelo fato do meu rosto estar grudado em seu pescoço.

Luca me afastou, preocupado.

— O que houve?

— Aconteceu algo muito sério.

— Conte.

Ele me afastou um pouco para conseguir me olhar nos olhos, mas ainda me segurou com ternura. Seus olhos negros demonstravam uma grande apreensão.

— Senti sua falta.

— Só isso?

— Só isso? — Praticamente gritei. — Tem noção do quanto é ruim ficar longe de você?

— É compreensível.

Revirei os olhos e sorri.

— Scarlett veio comigo. Pode pegar um pouco de água para ela?

— Claro.

Luca foi até a cozinha, mas logo voltou com um pote cheio de água nas mãos. Soltei o guia de Scarlett, que, depois de beber metade do que havia no utensílio, pulou no sofá de Luca e deitou-se. Fechei a porta e tornei a olhar meu anjo caído. Observei cada detalhe do seu rosto, a mandíbula bem definida, a boca em uma linha imutável e maliciosa, o nariz reto e longo, o cabelo completamente mal arrumado... E finalmente, os olhos. Que olhos. Tão negros e enigmáticos quanto o céu numa noite chuvosa.

— Posso dizer uma coisa? — Ele indagou e me puxou, prendendo meu corpo ao seu. Assenti. — Quero você. Agora. — Disse, seriamente.

Mordi o lábio inferior.

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora