27 - Ela voltou

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— Obrigada, mas...

— Sim, querida?

Eu tinha esperança de que, já que Lúcifer não detestava Luca por ser filho de Devon, como eu pensava, pudesse dar ouvidos a mim.

— Luca não tem nada a ver com as mortes... tenho certeza.

Lúcifer respirou, levantando-se.

— Ele foi visto todas as vezes em que elas ocorreram, Susana.

Levantei-me também.

— E daí? Isso não prova nada!

— As famílias das vítimas exigiram que eu fizesse o julgamento, eu não posso simplesmente ignorá-las. Há regras por aqui e elas devem ser cumpridas, você entende? Mesmo tendo o poder que eu possuo, não posso me dar ao luxo de tratar esse caso como uma exceção... Não sou eu quem irá julgá-lo, temos juízes para isso.

Eu o encarei, sem saber o que dizer. Como eu faria para livrar Luca da prisão? Como eu faria todos acreditarem que ele não era o assassino?

— Então, dê-me algum tempo...

— Para quê? — Ele franziu o cenho.

— Para encontrar o verdadeiro autor dos crimes... — Respondi-lhe firmemente, observando seu olhar de desaprovação. — Ele pode ser condenado à morte, não é?

— Sim.

— Então, o senhor correrá o risco de me perder também, na condição em que estou, não sei se suportaria. — Tentei persuadi-lo.

Lúcifer franziu o cenho novamente. Havia dúvida em seus olhos.

— Como assim?

— Eu estou grávida. — Respondi, sem rodeios.

Ele me encarou com preocupação. Um lampejo passou por seus olhos, e então fui envolvida por um abraço.

— Não acredito, vou ser avô!

Minha intenção ao lhe contar estava longe de ser aquela. Eu gostaria que ele repensasse a ideia do julgamento, afinal, ele não seria capaz de permitir que condenassem o pai do meu filho... seria?

— Eu também estou feliz, mas... Isso, de algum modo, interfere em sua decisão? — Fui direta, eu não podia perder mais tempo.

Ele ponderou minhas palavras por um momento, então balançou negativamente a cabeça.

— Eu não posso adiar, Susana. Essa situação não está em minhas mãos. Sinto muito.

Eu não acreditei naquelas palavras à princípio. Fiquei em silêncio por tortuosos segundos, desejando ter ouvido errado, mas não. Ele beijou minha testa e saiu do quarto. Eu cobri a boca com a mão. Um nó havia se formado em minha garganta, eu queria gritar, mas não conseguia. Fui atrás dele, alcançando-o na escadaria do salão principal.

— Você não tem o direito de fazer isso! — Gritei. — Como pode fazer isso comigo? — Todos os soldados ali presentes, bem como Hector, Max e Juliana, encaram-me. — Como pode fazer isso com Ariel?

Lúcifer parou no fim da escada. Acreditei que tocar no nome de sua amada, poderia fazê-lo mudar de ideia. Então, ele se virou para mim.

— Já lhe disse que não sou eu quem o julgará, Susana. Vamos. — Ele ordenou ao seus soldados.

Observei todos saírem do salão. Juliana veio até mim e abraçou-me.

— Luca ainda será julgado?

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora