Epílogo

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Narrado por Diana

— Vamos, Eros, a gente vai se atrasar!

Eu tirei a coberta do meu irmão, acreditando que ele levantaria, mas foi inútil, o garoto apenas cobriu o rosto com o travesseiro.

— Sai daqui, Gabbe...

— Gabbe? Só o papai me chama assim! — Exclamei. — Vamos logo, não quero perder o primeiro dia de aula...

Eu o ouvi bufar, então se levantou, mesmo relutante. Fuzilou-me com seus olhos escuros e apontou a porta, para que eu saísse do seu quarto. Eu me virei e mostrei a língua para ele, então saí.

— Bebezão...

Eu não o acordara por livre e espontânea vontade, mas se ele não se aprontasse logo, eu acabaria perdendo as aulas na Angelus Discipulis, a escola para nefilins, fundada pela minha madrinha há alguns anos. Nela, aprendemos as matérias comuns a quaisquer outros da nossa idade, porém, ainda tínhamos de aprender a utilizar nossos dons, já que éramos descendentes de anjos caídos. A escola fica localizada em uma região afastada de Colinda, a cidade na qual moramos desde os dez anos.

Eu já estava no carro, juntamente com meus pais, apenas esperando meu irmão resolver aparecer. Então, o garoto finalmente jogou sua mochila ao lado da minha e entrou no carro.

— Podemos ir? — Perguntou-nos meu pai, observando-nos pelo retrovisor, seu olhar estava sério.

Claro, mamãe e ele haviam discutido na noite anterior, não disseram-me o motivo, mas eu não achava que fosse algo realmente sério.

— Sim. — Respondemos e eu e meu irmão, em uníssono.

O caminho até a escola levou cerca de quarenta minutos, e meus pais não conversaram nenhuma vez, o que me entristeceu um pouco, não gostava de vê-los chateados um com o outro. Quando meu pai parou o carro em frente ao amplo portão de ferro da AD, respirei fundo. Era nosso segundo ano ali, sendo o principal em nossa formação. Desci do carro e fui até meu pai, abracei-o.

— Vou sentir sua falta...

— Não se preocupe, você me verá nos feriados.

Assenti. Observei as folhas úmidas sob meus pés, essa era a única parte de ruim de estudar em AD, nós ficávamos dez meses vendo nossas famílias apenas em feridos. Eros abraçou a mamãe e sorriu, prometendo que estudaria seriamente.

Duvido.

Não que ele não seja inteligente. é apenas preguiçoso, precisa de incentivo para estudar. Então, Davi, um de seus amigos, veio até nós e cumprimentou meu irmão, e em seguida, olhou minha mãe da cabeça aos pés, sem dar a mínima pelo fato do meu pai estar bem ali, então, esquecendo-se da discussão, ele envolveu a cintura dela com um dos braços, deixando claro ao moleque que ela estava acompanhada. Assim que Eros se despediu do meu pai, ambos saíram e podemos ouvir seu amigo comentar:

— Cara, sua mãe é muito gata.

Podem imaginar o quão difícil foi convencer meu pai a não ir atrás dele. Depois de me despedir dos dois, observei-os entrarem no carro e afastarem-se, então me virei e entrei. Depois de levar minha mala para o dormitório, segui rumo ao pátio principal, a fim de encontrar algum conhecido.

— Ei, Diana! — Ouvi a voz de Miguel atrás de mim.

Assim que ele me alcançou, abraçamo-nos.

— Cortou o cabelo? — Indaguei, reparando em seu topete escuro.

— Ah, cortei, mas... — Ele começou, ajeitando o óculos em sua face.

— Está ótimo! — Afirmei-lhe, sorrindo.

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora