23 - A melhor surpresa

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Assim que cheguei em minha casa, Heloíse correu até mim e abraçou-me. Papai ainda não havia ido para a loja, e preparava o café da manhã para minha irmã quando chegamos. Ele também me abraçou.

— Pensei que ficariam uma semana fora... — Comentou, encarando-me com certa desconfiança.

— Era o que pretendíamos fazer, mas Susana passou mal durante a noite, preferi trazê-la para casa. — Luca mentiu tão bem que foi quase impossível não lhe dar um troféu de mentiroso do ano.

— O que você tem, filha? Ainda se sente mal?

— Não, pai... — Toquei seu ombro, sorrindo. — Estou bem agora.

— Su, vamos tomar sorvete? — Ise me pediu, pegando minha mão.

Eu ajeitei em meu ombro, minha blusa de moletom, e encarei-a. Seus olhos verdes me olhavam com carinho.

— Não acha que está um pouco frio hoje, Ise?

— Ah...

Agachei-me e segurei suas mãos.

— Sua babá não precisará vir hoje, já estou em casa... Podemos fazer brigadeiro e assistir a algum desenho. — Propus.

Minha irmã torceu a pequena boca para o lado e encarou Luca, que estava parado de pé, ao meu lado.

— Você também vai ficar?

Eu me levantei e olhei-o, ele sorriu e assentiu.

— Será bom fazer companhia a você, Heloíse.

— Ebaaa! — Ela foi correndo até seu quarto, provavelmente para buscar alguma coberta.

Papai balançou a cabeça negativamente e sorriu. Ele sabia que dificilmente alguém conseguia negar alguma coisa a Heloise, afinal, quem conseguia dizer não àqueles olhinhos? Então, o Sr. Albuquerque disse que tinha de assinar alguns documentos e foi para seu quarto, deixando-me a sós com Luca, na cozinha. Eu o encarei e toquei seu antebraço.

— Se não puder ficar, tudo bem...

— Quero ficar. — Assegurou-me.

Heloíse voltou, e como eu previa, trouxe consigo um cobertor laranja.

— Vamos, Luca, a Su vai fazer brigadeiro pra gente.

Ela pegou a mão de Luca e começou a guiá-lo até a sala.

— E ninguém vai me ajudar? — Indaguei, fingindo ter ficado brava.

— Não. — Heloíse respondeu, somente.

— Nem consigo imaginar de quem ela puxou esse temperamento. — Luca comentou, e eu o fuzilei com o olhar.

Os dois desapareceram da minha vista. Eu estava com medo de deixá-los sozinhos, eram duas crianças, acreditei que o melhor a fazer era nem ver o estado que a sala ficaria depois daqueles dois furacões terem passado por lá, já que Ise adorava jogar almofadas para todos os lados. Respirei fundo e comecei a preparar o doce para minha irmã, quando este ficou pronto, apanhei três colheres e fui até a sala na ponta dos pés, queria ver o que estavam aprontando sem mim. Quando cheguei ao cômodo, a televisão estava ligada em algum desenho bem idiota, e de fato, havia duas almofadas jogadas em qualquer canto, enquanto as demais haviam formado uma espécie de casinha juntamente com o cobertor de Heloíse, sendo que ela e Luca estavam dentro dela. Decidi ouvir sobre o que eles conversavam, então fiz o mínimo de barulho possível enquanto deixava o brigadeiro sobre a mesinha de centro.

— E como ele vai ser? — Ouvi a voz de Ise.

— Ah, eu não sei... mas se for parecido com sua irmã, será um bebê muito bonito. — Luca a respondeu.

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora