29 - Último encontro

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— Su? — Juliana me chamou.

— O quê?

— Faz horas que você não come nada, acho melhor você se alimentar...

Os olhos da minha amiga me transmitiam sua preocupação e eu sorri fracamente, agradecida.

— Não estou com fome.

— Su...

— Estou falando a sério.

— Você que sabe...

Na verdade, eu até estava porém, porém, duvidava que a comida fosse descer pela minha garganta, o nó que havia nela era espesso demais e eu não conseguiria comer nada. Observei Heloíse e Lotte brincarem com Scarlett e sorri outra vez. Era bom para minha irmã que houvesse ali alguém mais ou menos da sua idade.

— Mas, se quiser levá-las para comer algo, eu agradeceria. — Apontei para as crianças com o queixo.

— Claro. — Juliana sorriu e foi até elas. — Meninas, estão com fome?

— Sim. — As duas responderam em uníssono.

— Eu levo vocês até a cozinha. — Hector disse, prestativo.

E os quatro saíram do quarto em fila, na verdade, cinco, Scarlett foi com eles. Sentei-me em minha cama e cobri o rosto com as mãos. Max respirou fundo e sentou-se no banco que havia ali. Ergui os olhos e notei que ele me encarava, então, lembrei-me de sua mão unida à de Juliana, e inevitavelmente, um sorriso malicioso se formou em meus lábios.

— Que foi? — Ele indagou, fingindo ingenuidade.

— Max, eu vi vocês dois... Não adianta negar.

— Ela estava nervosa, por isso peguei a mão dela.

— Hum...

Ele revirou os olhos cinzentos.

— Não foi nada de mais, Ruivinha.

Eu parei de sorrir e o olhei com seriedade.

— Sabe, não somos muito próximos, mas... eu sei que você é um excelente amigo. Sei que é leal a Luca, e por isso, quero muito o seu bem. Assim como quero o bem da Ju... Ela é minha melhor amiga, Max, e eu a amo... Então, posso dizer com certeza que ela não poderia encontrar alguém de maior valor.

Max passou a mão por seu cabelo castanho e encarou-me, tentando -inutilmente- conter um sorriso.

— Obrigado.

— Acho que vou dormir um pouco, estou com sono... — Comentei, deitando em minha cama.

— Sono? Sei...

Max descobriu minha verdadeira intenção, claro. Fechei os olhos e respirei fundo. Para minha sorte, eu estava mesmo com sono. E como eu precisava muito ver Luca, fiz um enorme esforço para expulsar todos os tormentos da minha mente, pois eu tinha que falar com ele e saber como estava. Apenas alguns minutos se passaram, apesar de ter parecido uma eternidade para mim. Minhas pálpebras se tornaram pesadas e o sono me levou com ele...


Ao abrir os olhos, senti o inebriante perfume de lírios. Sentei-me e notei que estava em meu campo de lírios, com o lago, a casinha de madeira e Luca. Ele vestia apenas uma calça jeans escura e sua barba estava por fazer, parecia mesmo um condenado. Levantei-me e abracei-o fortemente. Escondi meu rosto na curva de seu ombro e comecei a chorar.

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora