31 - A emboscada

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Eu corria o mais rápido que conseguia, Max estava à minha frente.

— Quando fui ao seu quarto, só encontrei Scarlett... — Ele me disse.

— Podíamos ter chamado alguns guardas, ou meu pai, mas duvido que acreditariam... — Comentei, frustrada.

— Provavelmente achariam que estava tentando adiar o julgamento. — Max concluiu meu pensamento, então parou de correr e segurou meu antebraço com delicadeza. — Como você está? Sabe que é quase impossível que Luca consiga...

Encarei seu olhos, que mais pareciam duas enormes íris nubladas.

— Eu sei. — Murmurei.

Então, ele me abraçou fortemente, eu sabia que compartilhava da minha dor, já que Luca era seu melhor amigo.

— Se isso realmente acontecer, cuidarei de você para ele, vou protegê-la como se fosse minha irmã, Ruivinha. — Ele me assegurou, fitando meus olhos.

— Obrigada. — Sussurrei, apertando sua mão.

— Mas... agora, precisamos ir.

Adentramos no castelo de Lúcifer. Logo notei que o mesmo estava praticamente vazio, havia alguns poucos funcionários ali, estariam mesmo todos tão ansiosos assim por aquele julgamento? Fomos até o andar de cima, e subimos a escada que nos levaria ao meu quarto, a uma das torres do castelo e à biblioteca. Eu havia encontrado Dante por lá, pensei que talvez o anjo possuísse sua parcela de culpa nisso. Senti-me culpada, já que eu deixara Juliana, Lotte e Ise em meus aposentos, tendo consciência de que aquele estranho estava bem ali, ao lado delas. Respirei fundo e entrei na biblioteca, percorri os pequenos corredores, mas não encontrei nada além de um amontoado de livros. Nem Dante estava ali. Max havia subido até a torre, então esperei por ele em frente ao meu quarto. Meus dedos estavam cravados em meu cabelo, e o desespero em meu semblante era visível a qualquer um. Eu não queria crer que havia desistido da chance de salvar a vida de Luca, para nada.

Enquanto ainda esperava por Max, decidi entrar em meu quarto. Scarlett veio até mim e pulou em minhas pernas. Eu a peguei no colo e, enquanto fazia-lhe carinho atrás das orelhinhas peludas, observei o cômodo. Lisa não poderia simplesmente ter desaparecido com elas, com certeza teria deixado alguma pista, ou nós ficaríamos horas procurando , afinal, havia muitos quartos, salas e torres no castelo, e se ela me queria tanto assim, não me deixaria perder tempo na busca. Procurei por algo em minha penteadeira, assim como em minha cama... mas não havia nada. Então, meu olhar se fixou no piano. Lisa adorava ouvir Enrique tocar, certamente havia algo nele. Fui até o instrumento e, como suspeitara, um fino papel estava incrustado entre as teclas. Peguei-o, ele havia sido dobrado ao meio, hesitei abri-lo, estava com medo do que poderia estar escrito nele. Max apareceu na porta.

— O que é isso? — Indagou, vindo até mim.

— Um bilhete... Leia, eu não quero ver... — Sussurrei, estendendo-lhe o papel.

Observei seus olhos percorrerem as palavras do presente de Lisa, seus olhos pareciam confusos.

— Não entendi absolutamente nada.

Estranhei.

— O que está escrito?

O demônio tornou a olhar o bilhete e leu para mim:

— "Onde o lamento de uma curou, unhas de outra podem matar." Entendeu alguma coisa?

Mordi o lábio inferior com força. Esse tipo de coisa era típica de Lisa, sempre muito teatral e dramática. Percebi que minha irmã via aquela situação como um jogo, e eu era o prêmio. Tive certeza de que ela estava se divertindo muito com tudo aquilo.

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora