18 - O plano

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Quando abri os olhos, não fui capaz de enxergar absolutamente nada, tudo estava um completo breu. Levantei-me com cuidado e comecei a balançar levemente os braços enquanto tentava caminhar. Então, ouvi alguém gritar e parei de andar. A escuridão começou a se dissipar, dando origem à uma claridade incrível. Meus olhos demoraram para se acostumar, então notei que nevava. O frio era alarmante, fui obrigada a me ajoelhar e envolver meu corpo com os braços.

Onde eu estava? E onde estava Luca?

Foi então que vi uma silhueta familiar se aproximar.

Era ele. Era Devon.

Levantei rapidamente, e sem olhar para trás, corri. Corri mais rápido do que qualquer outra vez. Eu não conseguia gritar, nem chorar, só sentia que precisava fugir. Mas minha fuga foi interrompida assim que Enrique apareceu à minha frente, ele estava assustado e gritava, eu sabia que ele gritava, mas não conseguia ouvir sua voz. Então, Devon apareceu subitamente atrás dele e cravou uma espada em suas costas, fazendo-a atravessar seu abdômen. Tentei correr para ajudá-lo, mas minhas pernas pareciam ter vontade própria, estavam paralisadas. E minha voz não saía, assim como a de Enrique, meu grito manifestou-se mais silencioso do que minha coragem naquele momento. Eu havia falhado e Devon matara meu irmão. Assim que Enrique terminou de se desfalecer, Jack começou a correr até mim, entretanto, seu corpo foi arremessado violentamente para trás, e logo depois, começou a ser puxado para o chão, no qual havia um enorme abismo à sua espera. Ele também tentava gritar, mas as sombras negras que o puxavam eram mais fortes do que seu grito. E assim, Jack também foi morto por Devon.

Ele nunca descansaria, nunca me deixaria em paz, e era capaz de destruir as pessoas que eu amava para conseguir sua vingança.

Acabei caindo de joelhos, implorando mentalmente que aquilo tudo não passasse de um sonho... Então, tudo ao meu redor enegreceu novamente.



Despertei com agulhinhas caindo sobre meu corpo. Abri os olhos e notei que garoava. E estava bastante frio. Com profundo alívio, percebi que havia sido apenas um sonho, o que significava que Enrique e Jack ainda estavam bem e que tudo não passara de um truque de Devon para me amedrontar. Fiquei alguns segundos apoiada no peito de Luca, então ergui o rosto e vi que o caído estava imóvel abaixo de mim, ainda estávamos caídos no chão, sentei-me rapidamente e chequei sua pulsação. Respirei muito aliviada quando percebi que ele ainda estava vivo. Virei-o de lado e observei suas costas, não sangrava mais, mas havia uma cicatriz horrível ali. Tornei a deixá-lo de costas para o chão.

— Luca? — Chamei. — Acorde... por favor.

Ele apenas resmungou alguma coisa. Comecei a chorar, por que ele não acordava? O que eu podia fazer? Foi então que me lembrei. Deixei-o em uma posição na qual minhas lágrimas pudesse cair sobre suas costas e esperei. Gradativamente, ele foi melhorando. Sua mão pegou a minha, e ele abriu os olhos devagar. Respirei aliviada outra vez e pus sua cabeça em meu colo.

— Su?

— Estou aqui... vai ficar tudo bem.

— Avisei seu irmão em sonho... Contei o que houve. — Informou-me. — Eles devem estar chegando.

Luca se levantou, mas fez uma careta.

— Ainda está doendo? Pensei que minhas lágrimas tivessem...

— Curaram, mas não completamente. Você deve estar fraca.

— Não estou, posso cuidar de você.

Ele deu um pequeno sorriso e pegou uma das minhas mãos, acariciando os nós dos meus dedos suavemente, então, levou-os até sua boca e os beijou, mesmo que os mesmos estivessem completamente sujos. Seus olhos brilhavam tristemente.

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora