20- Venerada pelo vilão

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— Se ele não conseguir me salvar, morrerei feliz por ter tido a chance de destruir você outra vez.

Eu queria parar de confrontá-lo, pelo menos até que Luca chegasse, mas Devon não me dava escolhas, suas palavras só serviam para me amedrontar, e eu precisava mostrar a ele que não estava com medo, ainda que, no fundo, isso fosse uma completa mentira. Eu não sabia o que fazer, pois não havia conseguido despertar em mim o espírito de Fae, e sem seu poder, sendo apenas uma simples nefilim, eu não poderia derrotá-lo. Eu não tinha certeza de como o poder da fênix era desperto em mim, mas tinha uma ideia, entretanto, precisava que Luca aparecesse logo. Comecei a chamar por ele em minha mente, mas de nada adiantou, então corri para longe daquele esqueleto, mas o mesmo me alcançou, e golpeando-me uma única vez, jogou-me há alguns metros de distância. Gritei. E nessa hora, Luca surgiu em meu campo de visão, assim como Max e Angel. Tudo ainda permanecia em preto e branco, exceto pelas asas deles, a de Max tinha um leve tom rosado, e surpreendi ao ver as asas de Angel, as quais não pareciam de pássaro, mas de borboleta, cuja cor esverdeada se destaca em meio àquela paisagem desprovida de cor, eram lindas e pareciam ser tão finas quanto um tecido. Naquele instante, entendi um dos motivos da fascinação do meu irmão por ela.

— Como ousa bater nela? — Luca gritou, transformando-se no imenso pássaro negro logo em seguida.

Angel veio até mim, ajudando-me a levantar.

— Você está bem? — Perguntou-me com olhos preocupados.

— Sim, obrigada. — Respondi, observando uma espécie de ioiô em cada uma de suas mãos, eram feitos de correntes, que possuíam pequenas facas envoltas de um círculo de ferro.

Enquanto Luca atacava Devon com suas garras, Max, que empunhava uma espada dourada e reluzente, estudava a situação, parecia tentar encontrar a hora certa de atacar. Devon, então, tornou a ficar com seu corpo humano, e Luca fez o mesmo. Os dois caídos, ambos de asas assustadoramente negras, travaram uma luta em meio ao céu cinzento, estavam há vários metros de altura, e eu não podia ver o quão ferido Luca estava. E de repente, na mão de cada um, surgiu uma espada. Senti um arrepio percorrer minha espinha, cada golpe que Luca investia contra o pai, o mesmo desviava. À medida que as espadas se chocavam, uma explosão nova de luz era criada no céu, como se as armas possuíssem alguma espécie de energia angelical -ou demoníaca, no caso. Max foi até mim e Angel.

— Vocês estão bem?

— Sim. — Respondemos ao mesmo tempo.

— Só estou com medo... — Confessei.

— Eu também. — Max admitiu.

Então, uma nuvem negra surgiu em determinado ponto do campo. Estreitei os olhos para enxergar melhor, e congelei. Era um pequeno exército de demônios esqueletos. Com toda certeza aquilo era criação de Devon, perguntei-me mentalmente se Luca era capaz de fazer aquilo, acreditei que sim, mas pelo que me pareceu, ele nem mesmo havia percebido a presença daqueles seres ali. Encarei Max e Angel, eles mantinham uma respiração entrecortada e encaravam os soldados esqueléticos com muito afinco. Observei quando ambos ficaram à minha frente.

— Eu quero ajudar.

— Você já ajudou muito, Ruivinha.

— Max, é sério... eu posso ajudar vocês.

— Su, por favor, nós cuidaremos deles.

A cada passo que os soldados de Devon davam, eu ficava mais aflita. Havia pelo menos dez deles, e todos estavam desfigurados, e não pareciam possuir alma alguma, caminhavam devagar e com os olhos negros e vazios fixos em mim. Eles matariam Max e Angel para me alcançar, eu precisava fazer alguma coisa. Quando eles nos alcançaram, os dois anjos começaram a lutar, eu me afastei, já que não tinha uma arma para me defender. Tornei a olhar para Luca, já me arrependendo de tê-lo feito, pois Devon o arremessara contra o chão, fazendo um som ensurdecedor em meu coração. Meu grito saiu silencioso quando corri até ele, pegando sua mão, ele logo se levantou.

Herdeiros (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora