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Ajoeito-me na cadeira para ficar mais confortável. Coloco os cotovelos em ambas braçadeiras da cadeira e entrelaço as mãos à frente da boca, fitando Anna com cautela. Ela olha para o chão e depois para mim, corando.
Você é muito linda, menina. Não tem do que se envergonhar. Por acaso ainda não se olhou no espelho?
- Anna Florentiny - saboreio seu nome. - Nome bonito.
Ela cora de novo. Me atrevo a sorrir com um pouco de malícia, porque agora sei que esse é o efeito que causo nela.
- Obrigada.
- Anna, você tem algum curso concluído ou coisa assim?
- Fiz curso de informática por um bom tempo.
- Sabe dirigir um computador direitinho?
- Sei.
- IPhone? - indago, tocando o queixo de leve com o indicador.
- Todos os tipos, Sr. Beckham.
Humm.
- Que mais você sabe fazer?
- Só isso, por enquanto, até concluir minha faculdade.
Olha! A bonequinha faz faculdade. De quê? Estilismo? Moda? É bem a cara dela, porém suas roupas são simples, dando-lhe um pouco de inocência e benevolência.
- Ah, é? E o que você cursa?
- Arquitetura, senhor.
Ela saca um celular da bolsa e encara a tela. Acho que deve estar contando as horas para ir embora. Eu não quero que ela vá; quero conversar mais um pouco, saber sobre sua vida.
- A entrevista vai demorar?
- Não. - Pego alguns papeis na gaveta ao lado da minha coxa.
Um silêncio insuportável se dissolve no ar enquanto escolho um papel limpo para que ela deixe seus dados pessoais.
- Aqui é bem grande - comenta ela, admirando minha sala.
- É.
- O prédio inteiro é do senhor?
A voz dela é muito mansa. Parece de uma criança de dez anos.
- Todinho, senhorita.
Entrego os papeis para ela preencher. Vai demorar mais do que ela imagina. O silêncio toma o ar, dessa vez por longos minutos. Eu faço questão de observá-la atentamente, dos pés a cabeça. Ela é calma até para escrever, concentrada, lê tudo com cautela.
Essa mulher é uma caixinha de mistérios, eu sinto. É como se fosse uma lídima. Anna Florentiny. Nome bonito, enrola minha língua ao ser pronunciado.
Essa garota tem que ser sua secretária, cara. É ela.
- Mora em Seattle? - pergunto.
- Sim - ela responde sem me olhar. Isso me irrita. Quero que olhe para mim.
Depois de quinze minutos, ela me entrega o papel e a caneta. Deixo-os sobre a mesa, a fim de perder o meu tempo conversando com ela, porque eu quero; porque eu posso; porque estou me coçando para saber sobre ela.
- Onde você trabalhava?
- Numa agência de publicidade.
- Qual?
- Alonzo.
O maldito Daniel Alonzo.
Ele me detesta porque descobriu, depois de 2 anos, que eu era amante da mulher dele. Não fiz por mal, eu nem sabia que ela era casada.
- Ah, conheço o Sr. Alonzo. Veio sozinha até aqui?
- Sim, senhor.
Senhor. Será que sou tão velho sob seus olhos? Bom, eu sou um pouquinho, tenho 32 anos.
- Veio de quê?
- De táxi.
Ela passa as mãos sobre o vestido verde-claro, que dá um contraste espetacular em sua pele, principalmente em suas coxas, e baixa a cabeça.
- Eu preciso muito do emprego, Sr. Beckham. Não sou muito experiente, mas posso aprender pouco a pouco, gosto de explorar coisas novas. Me dê uma oportunidade, eu sou a última na fila - murmura ela com certa tristeza na voz.
Ah, querida, eu nem pensei duas vezes em admiti-la quando a vi em minha frente. É claro que eu a quero em minha empresa. É esse tipo de secretária que eu procuro, as que gostam de explorar coisas novas.
- Não se preocupe. O emprego é seu.
Ela abre um grande sorriso, mostrando todos os seus dentes brancos perfeitos. Anna tem um sorriso de tirar o fôlego.
- Muito obrigada, Sr. Beckham. O senhor não sabe o peso que tirou das minhas costas.
Assinto com a cabeça e pisco duas vezes.
- Quer tomar um chá? - ofereço, porque não quero que ela vá embora agora.
- Ah, não, obrigada. Eu preciso chegar cedo em casa. Meu marido não vai gostar se eu me atrasar - ela se levanta da cadeira.
Ah, não. É casada.
Não pode ser, Anna. Eu gostei tanto de você. Droga! Casada.
- Você é casada? - Levanto-me para conduzi-la até a porta.
- Sou.
Ah, Deus! Ela é casada mesmo. Como pode? Quantos anos será que ela tem? Hoje em dia é raro alguém querer algo sério, como um casamento, por exemplo, nessa idade. O mundo mudou.
Já em frente à porta, ela se vira para me cumprimentar.
- Muito obrigada. Foi um prazer conhecê-lo - Anna estende a mão, que eu retribuo, pegando a dela por muito mais tempo.
- O prazer foi todo meu.
E pode ter certeza que foi.
Jogo um olhar quente para ela. Anna cora.
- Até mais.
- Até, Anna - sussurro seu nome lentamente.
Tomo o meu lugar na mesa novamente e pego o papel para ler os dados que ela deixou por escrito. Única coisa que não gostei de saber é que ela já tem um homem. Quem será o maldito? Quem? Pensar nisso me deprime.

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Nome: Anna Florentiny.
Idade: 20 anos.
País: Estados Unidos da América.
Cidade: Seattle.
Endereço: Park Bellevue, casa 132.
Estado Civil: Casada.
Pai: Talles Florentiny.
Mãe: Elizabeth Miller Florentiny.

Histórico escolar:
Ensino Fundamental (√)
Ensino médio (√)
Comportamentos
• Bom ( )
• Excelente (√)
• Ruim ( )
• Péssimo ( )
Obs:
A) Já foi reprovado (a)?
• Sim ( )
• Não (√)
B) Tem passagem na polícia?
• Sim ( )
• Não (√)
C) Estudou em quantas escolas?
• 1 ( )
• 2 ( )
• 3 (√)
• 4 ( )
• Mais ( )
D) Tem filhos?
• Sim ( )
• Não (√)
E) Trabalhou em quantas empresas?
• 1 (√)
• 2 ( )
• 3 ( )
• 4 ( )
• Mais ( )
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Ela tem um bom histórico escolar. Pelo o que vi, Anna era bem dedicada aos estudos. Gosto de mulheres assim, dedicadas. Não posso negar que essa garota me interessou, mas é nova demais, só tem 20 anos. 20 anos! Ela é tão calma, sua voz era suave e suas íris impressionantes, era como se eu estivesse diante de esmeraldas. O que me deixou estarrecido foi ver aquele hematoma que deixava a maçã de seu rosto rocho.
- Anna Florentiny - falo baixinho, com o dedo indicador no lábio inferior, pensativo.
Você é a mulher mais sexy que já vi, por trás daquelas roupas franzinas deve haver uma deusa grega dos corpos bem esculpidos. Anna, você é linda demais para estar sozinha por aí. O marido não tem senso de responsabilidade?
Se essa mulher fosse minha, eu nunca a deixaria desprotegida, tristonha e abatida.

O preço da infidelidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora