Anna Florentiny

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08 de março de 2014.
Seattle (EUA).

   A festa de coquetel não me parece bom sinal, algo está por vir... Mas o que é? Tudo está tranquilo sob o meu ponto de vista. Acho que já sei, o local onde Karrigh e eu estamos é o mesmo em que Thomaz deve comparecer. Droga! Por que diabos Karrigh foi convidado? Será que ele conhece o tal Marx? Ele não tem me contado muito sobre esse empresário. Segundo o meu marido, a mulher do Marx é sua prima.

   Karrigh puxa a cadeira para mim quando tomamos a mesa 2, que foi reservada para os convidados especiais. A mesa é imensa, cabe cerca de dez pessoas. E vai sentar dez pessoas! Não devia ser assim.
   Até parece que eles vão fazer ao contrário porque você não gostou.
   É verdade, ninguém vai mudar isso só porque não me agradou. Mas é muita pessoa numa mesa só. Que coisa chata. Isso significa que vou ser obrigada a conhecer gente nova; não que eu não goste, o problema é o meu marido. Ele deixou bem claro: “Não flerte com ninguém lá, senão você vai se ver comigo quando chegarmos em casa”. Um dos motivos pelos quais não tenho amigos é esse, só jogo conversa fora com alguns colegas de trabalho.
   Minha vida é complicada, Karrigh é entediante demais, tudo que se relaciona a ele. Estou de saco cheio! Esse cara é um merda de marido, frouxo, idiota. Argh! Até as noites que passo com esse bastardo na cama não me agradam. Eu sou forçada a fazer coisas que não gosto com ele entre quatro paredes. Qual mulher gosta disso? Eu suporto todas essas torturas por causa da minha mãe, eu a amo.
   Eu queria tanto que Karrigh se comportasse igual à Thomaz. Thomaz é... diferente, trata as mulheres bem, principalmente a mim, é cuidadoso. Foi perfeito comigo na minha cama, ele me deixou feliz. Me senti mais mulher naquela noite em que me entreguei. Não sei se é porque nunca me relacionei com outro homem, mas Thomaz é extraordinariamente bom de cama, melhor que o meu próprio marido. O que ele tem naquela boca? Naquelas mãos? Fiquei impressionada com a sua habilidade.
   O amor que fizemos vai ficar marcado em minha vida. Nunca vou esquecer dos detalhes, os gemidos... Thomaz, eu gemia com as pernas abertas e ele dentro de mim. Ele gemia meu nome como um mantra, uma coisa valiosa. Ele distribuía beijos molhados por todas as partes do meu corpo. Eu senti a língua dele dentro de mim, quase morri em seus braços. Sob gritos e gemidos, eu estava à mercê do prestigioso Sr. Beckham.
   Eu senti Thomaz, gostei. Ele é homem de verdade. A primeira transa foi... Como vou descrever? Foi intenso, maravilhoso. Nunca pensei que o empresário mais rico e falado dos Estados Unidos estaria afim de mim.
   Eu não me arrependo, faria tudo de novo, sim. Não me importo mais se sou casada. Meu marido me trai também, eu não queria dar o troco, mas ele pediu. Não queria ser infiel.
— Aqui esta o vinho, meu amor — Karrigh me oferece uma taça com... delicadeza? Desde quando?
   É porque vocês estão em público.
   Seguro-me para não dar uma risada.
— Obrigada — digo baixinho.
   Ele se inclina no meu ouvido, e diz:
— Me chame de amor também.
   Dessa vez não aguento, solto uma risada. Bebo um pouco de vinho, me direciono a Karrigh e fecho a cara.
— Não sou obrigada. Sinto muito.
   Ele engole em seco.
— Ok, Anna. Comporte-se.
   Rio mais um pouquinho, dessa vez baixo o suficiente para que algumas pessoas na mesma mesa que eu não me ouça. Agora sinto que estou no poder, por enquanto, mas posso aproveitar o momento.
   Um casal de idosos também toma a mesa 2 como lugar, do outro lado. Karrigh e eu sentamos perto de uma janela de vidro enorme, que vai do chão ao teto. As cortinas são de tecido fino, uma cor vermelho-apagado. Mas é chique, até nos mínimos detalhes.
   Sempre achei que festas de coquetéis fossem simples, mas aqui tem muita gente rica. O salão da festa é imensa. Mesas com fileiras de comidas de todos os tipos, muita bebida alcoólica e mulheres, que Karrigh não perde o tempo de olhar. Se ele acha que eu me importo, está completamente enganado.
   Mas ele também é um partidão. Se veste bem, é sexy e sedutor.
   Mas é um loiro falso! E não é nem um pouco igual à Thomaz Beckham.
   Me mexo na cadeira e aproximo mais um pouco da borda da mesa, cobrindo minhas coxas. Estou usando um vestido azul-escuro, bem decotado, com um v enorme entre os seios e curto. Calço um salto alto preto, que ganhei de presente de Karrigh no dia do meu aniversário.
   Meu marido está sentado do outro lado da mesa, graças à uma senhora de idade que sentou primeiro próxima a mim quando ele resolveu ir ao banheiro. Karrigh deve estar xingando essa mulher mentalmente. Eu rio disso.
   Minutos depois mais pessoas vão se aglomerando na mesa 2. Meu coração dispara quando olho para o homem, que resolveu sentar ao meu lado, acho que de propósito. Minha cabeça parece estar girando, à medida que olho para ele.
   Não pode ser, eu me esqueci que Thomaz também é da mesa 2, e está bem próximo a mim. Eu recebi o email do empresário Marx no trabalho dizendo que era para Thomaz marcar sua presença.
   Olho para Karrigh, a expressão dele é normal. Isso já é um alívio para mim. Ele não percebeu nada.
— Sr. Beckham, que prazer em vê-lo novamente — cumprimenta Karrigh a um homem bem-vestido ao lado de Thomaz.
— Sr. Phillips. — O homem devolve o cumprimento.
   Eles se conhecem? E por que esse moço tem o mesmo sobrenome de Thomaz? Deve ser o pai dele.
Veio sozinho?
— Vim com o meu filho.
   Thomaz encara Karrigh com a cara fechada. Droga! Eu não queria que os dois se conhecessem nunca. Eu tenho medo do que possa acontecer daqui para a frente.
Prazer em conhecê-lo, Karrigh — diz Thomaz com a voz muito áspera.
— O prazer é meu, Thomaz.
   Karrigh usa o mesmo tom de voz. Agora ele está sério, as mandíbulas totalmente trincadas. Ainda bem que está sentado do outro lado da mesa.
— Veio sozinho, Karrigh? — pergunta o pai de Thomaz.
   Karrigh responde que veio comigo e me apresenta ao Sr. Raymond Beckham. Ele é igual ao filho, meu Deus do céu. Muito parecido mesmo, só é um pouco magro. Thomaz é bem musculoso, é mais ainda sem roupa.
   Meus olhos vagam por ele rapidamente e, Minha Nossa... Ele está usando calça jeans, camisa branca por baixo de um paletó cinza de terno e calça um All Star. Thomaz é daqueles homens que deixam as mulheres excitadas só de olhar, e eu já estou encharcada, tão entregue que nem sei explicar. É uma sensação que nunca senti antes.
   No que eu fui me meter? Esse homem é podre de rico e pode foder com a minha vida. Mas por que é que eu gosto dele? Será que é só atração? Não, Anna, o que você está sentindo vai além do sexo. Como? Em tão pouco tempo. Foi rápido demais, me precipitei e agora estou correndo perigo. Karrigh não brinca quando faz uma ameaça.
   Eu mato a sua mãe se você pedir o divórcio.
   Ai, meu Deus. Eu fui fraca. Que tipo de mulher eu sou? Deixei meu marido sair para trabalhar e chamei outro homem dentro de casa, o pior de tudo é que eu aceitei.
   Thomaz está bem próximo a mim e, claro, pode sentir meu calor. O calor que ele está me causando, a excitação.
   Ah, que inferno!
   Dois caras de tirar o fôlego me disputando com olhares raivosos. O policial louro gostosão e o empresário sedutor bom de cama. Só que eu quero apenas um, apenas Thomaz Beckham.
   Meu celular vibra na bolsa, eu me atrevo a pegar e ver o que é. É uma mensagem da minha mãe dizendo que está bem e que vai viajar daqui a um mês. Guardo o aparelho novamente à bolsa.
— Fiquei sabendo que você é o patrão da minha esposa — comenta Karrigh, olhando para Thomaz.
— Sim, mas ela trabalha em uma sala reservada, sozinha.
   Que mentira!
— Ah.
— Anna é uma boa funcionária, Karrigh, eu tive muita sorte em encontrar uma pessoa competente como ela.
— Fico feliz em ouvir isso.
— As verdades têm que ser ditas, não acha?
— Claro.
   Minhas bochechas estão começando a esquentar. Os dois não param de falar de mim. De repente sinto, debaixo da mesa, a mão de Thomaz no meu joelho. Meu coro cabeludo coça. Puta que pariu! Enquanto discute com Karrigh sobre um logotipo que quer colocar em um carro, ele fica mais ousado e desliza a mão para cima, vai indo...
   Pare! Pare! Pare! Pare!
— Ah, meu Deus — sussurro.
— O que foi, Anna? — pergunta Karrigh do outro lado.
   Pisco os cílios freneticamente, me movimento na cadeira e encontro a mão de Thomaz na minha coxa, bem perto dali. Não acredito que isso está acontecendo, meu Deus.
   Karrigh me olha intrigado, eu me disfarço para que ele não note minha tensão.
— Nada.
— Então Karrigh, você trabalha de quê?
   Os olhos de Thomaz vai de mim para Karrigh.
— Sou policial criminalista da FBI. Bem formado.
— Hum. Parabéns. A cidade precisa mesmo de segurança. É bom de mira?
— Eu diria que bom é pouco para o eu que sei sobre armas.
    Ai, merda. Thomaz sorri para o meu marido ao mesmo tempo em que acaricia minha pele, fazendo-me arrepiar. O que está acontecendo comigo? Nunca pude imaginar que um dia iria passar por isso. Eu estou toda encharcada com o toque dele. É impressionante. Thomaz Beckham não tem controle. Ele está se aproximando mais.
— Quanto tempo vocês têm de casados?
   Ah, que pergunta mais idiota. Ele sabe, já lhe contei um dia. Karrigh responde:
— Dois anos, e somos muito bem casados.
   Desvio o olhar para Thomaz e o vejo quase rindo, Karrigh não nota, mas eu sim. Deve estar pensando: Estou vendo que são bem casados.
— Estou vendo que são bem casados.
   Não falei? Ele dá uma pequena pausa nos movimentos na minha coxa e me encara.
— Com todo o respeito, Sr. Phillips, sua mulher é linda.
   Meu marido pigarreia. Eu coro. Meu Deus do céu, eu não estou passando por isso. Alguém, por favor, me belisca? Eu estou sonhando, né?
— Eu sei, Sr. Beckham, tanto que sou um marido cauteloso.
   Mentiroso. Você é tão cauteloso que o próprio patrão da sua mulher está com dois dedos afiados para entrar nela; tão cauteloso que nem está observando o braço dele perto demais de mim.
   Inspiro e expiro. Merda! Karrigh levanta da cadeira, pede licença e diz que vai ao banheiro, mas, antes, ele me joga um olhar como quem diz: “Comporte-se”. Quando ele toma distância, sinto um alívio no corpo.
— Ele sabe cuidar da mulher muito bem — murmura Thomaz com ironia.
   O pai dele está prestando a atenção na conversa de dois casais ao seu lado, que compartilham com ele a conversa.
— Eu adoraria te dar um beijo.
— Thomaz, por favor.
— Eu vou dar um jeito no seu marido — ameaça.
— Não!
   Arregalo os olhos, agarrando o braço musculoso dele. O que quer dizer com: eu vou dar um jeito no seu marido?
O quer dizer com isso?
— Nada. Esqueça. Você está linda, cariño — ele faz carinho na minha coxa.
   Sinto um arrepio gelado no corpo. Um arrepio bom, que Karrigh não consegue me passar. Fecho os olhos enquanto sua mão vaga por dentro do meu vestido.
— Ah! Isso é muito gostoso — gemo baixinho.
   Thomaz inclina a cabeça no meu ouvido e diz:
— Eu vou te mostrar o que é gostoso, Anna.
   Arrepio mais um pouco. Os lábios de Thomaz vão cintilando na pele da minha orelha. Ele pega meu sexo com a mão e enfia dois dedos ali. Gemo, me contorcendo na cadeira. Droga! Vou perder o fôlego desse jeito. Eu posso gozar na mão dele, e eu não quero que isso aconteça porque estamos numa mesa cheia de gente.

  

O preço da infidelidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora