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07:00 PM

   Estou sentado na cadeira da bancada da cozinha, observando minhas duas empregadas finalizarem a limpeza da casa. Uma empregada se chama Tônia, é a mais nova, e sempre que estou sentado vendo-a trabalhar, ela fica rebolando para mim. Eu nem dou a atenção, ela não faz o meu tipo. A segunda é uma senhora de 43 anos, chamada Sydney, trabalha para mim há anos e é uma governanta bastante competente. Tônia é sua sobrinha, que veio me pedir emprego ano passado, e estou começando a me arrepender de ter admitido-a. Ela não passa de ser uma jovem interesseira, abusada e sacana. Aparenta ter uns 25 anos, ou mais.
   Sydney me entrega um copo e uma garrafa de uísque, que eu havia pedido há meio minutos atrás.
— Obrigado, Sydney.
— De nada, senhor.
   Ela volta aos seus afazeres na cozinha. Tem muita louça suja na pia, a responsável por isso se chama Alison e algumas amigas que vieram fazer chocolate quente aqui. Com certeza meu apartamento virou um caus quando eu estava no trabalho. Alison e as amigas não perdem tempo quando vêm à minha casa fazer doces.
— Vai sair, Sr. Beckham? — pergunta Tônia enquanto enxuga os pratos. Ela está encostada na pia, olhando para mim.
   Encaro ela como quem diz: “Por acaso te devo explicações?” Mas vou ser educado com a essa...
— Sim, Tônia. Vou sair.
   Recebo uma mensagem de texto de Anna. Pego o celular em cima da bancada.

Anna: Estou no elevador.

Eu: E eu esperando.

   Aperto em enviar, depois viro o uísque todo na boca. Espero mais um pouco. Anna deve ter ficado irritada com todas as instruções do meu prédio para então subir até aqui. Primeiro tem que ter o cartão para liberar o portão eletrônico, depois digitar o código do meu apartamento e escrever o meu nome no painel e por último pegar o elevador. Tudo pela minha segurança e tal.
   Ouço a campainha tocar e rapidamente Sydney corre para atender. É Anna. Suspire, cara, suspire. Mal posso esperar.
— Vai sair, Sr. Beckham? — Tônia me desperta novamente.
— Deixe de ser curiosa, garota.
   Digo com educação, porque a vontade que tive foi de falar alto com ela e dizer que isso não lhe interessa.
   Ouço o falatório de Anna com Sydney ecoando no corredor da entrada do apartamento. Eu me levanto rapidamente assim que Anna se aproxima. Sorrio ao vê-la entrando na cozinha, usando um vestido longo que vai até os pés. A roupa é do estilo tomara-que-caia, da cor nude, exuberante e bem comportado. Desde que conheci Anna nunca a vi vestida uma roupa escandalosa, que chama a atenção de outros homens, sempre ela me aparece com vestidos franzinos, de cores fraquinhas, tanto os longos como os que batem até o joelho.
— Ora, ora, Srta. Florentiny. Você está magnífica — rodopio ela pelas mãos.
   Anna ri e me pega num beijo reverente.
— Obrigada. Você também está... — ela toma distância de mim para me avaliar.
   Estou usando uma calça jeans e uma camisa azul-marinho por baixo de um paletó de terno cinza e calço um All Star.
— Está lindo e muito elegante.
— Obrigado. Bom, este é meu apartamento, seja bem-vinda.
— Obrigada.
   Ela observa cada canto do ambiente, impressionada com tudo que vê.
— Vamos? — pego na mão dela novamente.
— Vamos.
— Sydney, cuide de tudo na minha ausência, ok? — aviso, olhando diretamente para a minha governanta.
   Sydney assente e volta aos seus afazeres rapidamente. Anna e eu nos retiramos e em poucos minutos já estamos dentro do elevador, descendo ao primeiro andar do prédio.
   Vai demorar demais, eu moro no último andar e o elevador vai parar para várias pessoas. Isso é entediante.
   Meu celular toca no bolso da minha calça e sou obrigado a desviar o olhar — eu admirava a silhueta de Anna pelo reflexo da parede do elevador.
   Atendo na terceira chamada.
— Oi, Alison.
— Ai! Ainda que você me atendeu, irmão. Estou preocupada com a sua acompanhante.
— Por que a preocupação?
— Estou fazendo bolo para ela, mas nem sei se a garota gosta de bolo.
— Que tipo de bolo?
— Chocolate.
— Eu pergunto a ela.
— Ok.
   Tiro o celular da orelha e olho para Anna.
— Gosta de bolo de chocolate?
   Anna sorri e faz que sim, mostrando beicinho. Eu rio disso. Volto para Alison novamente.
— Ela disse que sim.
— Ah, que bom. Vou terminar de fazer antes vocês cheguem. Até mais.
— Até, irmã.
   Ela desliga primeiro.
— Quem está fazendo bolo?
— Alison, minha irmã, ela ama bolos e guloseimas. Não sei como ainda não engordou.
   Anna sorri e pega minha mão.
— Tomara que ela goste de mim.
— Já está gostando.
  

O preço da infidelidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora