Anna Florentiny

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10 de março de 2014.
Seattle (EUA).

   Meu estômago embrulha quando piso no corredor, que dá acesso à sala do prestigioso Thomaz Beckham. Sinto como se eu fosse desmaiar de tão nervosa que estou. Concentre-se, Anna. É só um rosto bonito.
   Não, idiota. É um homem absurdamente lindo e sensual, que você apenas via nos jornais e na internet e que agora vai ser o seu novo patrão.
   Quem diria que eu seria a nova secretária de Thomaz Beckham? O cara é absurdamente desejado pelas mulheres em Seattle, segundo uma revista que li ontem à noite. Ele foi capa da Playboy, no Brasil, em 2012, é muito rico, jovem e bonito, e sexy também. Não pude deixar passar a elegância no seu modo de agir e falar. Thomaz tem uma voz grossa, sombria e ao mesmo tempo sedutora. Confesso que ele me deu uma pontada de atração, também, com o corpo robusto que tem... Ele é muito grande e musculoso, igual ao meu marido. Mas apenas uma coisa me chamou a atenção: seu sorriso, é... deslumbrante.
   É o meu primeiro dia na empresa e já estou caindo de cansaço. Não dormi à noite por culpa de Karrigh que chegou tarde em casa e bêbado. Ele fez barulho dentro do quarto e deixou as luzes ligadas. Até passei um pouco mais de maquiagem para não perceberem minha olheira.
   O império de Thomaz é extraordinariamente poderoso. Como pode um homem tão jovem ser podre de rico? É impressionante seu jeito de comandar a Diligent Beckham, a empresa é grande demais. Eu me perderia na administração.
   Pronto. Estou em frente à porta do escritório dele. Eu me preparei durante a semana inteira para falar direitinho com esse homem disciplina e bem-educado. Na entrevista, meus nervos estavam a flor da pele com o olhar dele. Parecia um raio laser me examinando. Sabe aquele momento em que você está conversando com uma pessoa vivida e ela te faz se sentir uma criança? É assim que me senti na presença dele.
— Entre — diz Thomaz, com a voz abafada do outro lado da porta.
   Entro, em seguida fecho a porta, quando torno a me virar, levo um susto com ele bem próximo a mim. Até retrocedo alguns passos e bato minha silhueta na porta.
   Que jeito de receber uma secretária.
Está nervosa, Srta. Florentiny?
   É claro que estou. Qual mulher não estaria com um homem bilionário e gostoso ao seu lado? Ele sorri de leve e estende a mão para eu pegar. Enrubesço na mesma hora. Suas mãos são grandes e fortes. Thomaz é atraente demais, muito musculoso — não exageradamente. Olhos cinzentos, postura reta, cabelo liso, com uma franja negra jogada do lado direito da cabeça, rosto pálido, nariz fino — dá até inveja — e lábios rosados. Ele é tão sedutor.
   Anna!
   Ah, meu Deus, eu tenho que parar com isso. Eu sou casada.
É um prazer tornar a vê-la — e beija a costa da minha mão. Por incrível que pareça o meu corpo enrijece. Dou um sorrisinho tímido para ele.
   Não acredito! Thomaz Beckham beijou a costa da minha mão. Será que ele faz isso com todas? Deve ser mais safado que o meu marido.
— Obrigada, Sr. Beckham.
   Paramos no centro da sala. Thomaz vai até a grande janela e fica de costas por um tempo, como quem está pensando. Minha Nossa, ele também é atraente de costas. Virando-se, ele diz:
— Sou muito exigente, Srta. Florentiny. Fique sabendo disso.
   Ui! Também não posso deixar de notar que ele é um pouco arrogante. Fico observando-o desfilar para todos os lados em sua grande sala. Nunca vi um homem tão bonito e sensual quanto esse.
A sala é fria, paredes brancas, móveis cinza, mesa de vidro, cadeira de rodinhas com estofado de couro marrom-escuro, computadores de marcas boas e janelas que vão do chão até o teto, dando uma enorme visão de Seattle. E que visão! Dá para ver a cidade inteira.
— Bom, está vendo aquela mesa ali?
   Olho para um canto. A mesa é de vidro, uma cadeira, um computador à disposição e alguns papéis em cima. Assinto com a cabeça. Ele me conduz até lá.
— Aqui será o seu lugar. Se precisar de alguma coisa, me chame. Não quero que peça ajuda a ninguém, além de mim.
   Humm.
— Sim, senhor.
   Ele me olha, eu também.
— Acha que dá conta de mandar e receber emails de outras empresas?
— Sim.
— Agendar reuniões, me alertar de eventos que devo comparecer, conversar com acionistas por videoconferência e ficar em meu lugar quando eu precisar?
   Meu queixo vai no chão quando ele diz tudo isso; não de verdade, mas de surpresa.
— Mas...
— Anna, às vezes não venho na empresa e preciso de alguém de confiança aqui.
— Bom, acho que só não vou dar conta da última tarefa, que é substituir o senhor aqui na empresa.
   Ele dá uma meia risada em um suspiro.
— Ninguém me substitui, senhorita. Eu apenas disse que quero que comande nos dias em que eu não comparecer na empresa, entendeu?
   Assinto. Também não precisa ser tão ríspido, cara.
— Ok.
— Acha que pode dar conta do recado? — ele me olha com as mãos no bolso da calça do terno preto que está usando.
— Sim. Posso fazer isso.
   Thomaz me indica a cadeira toda prateada. Dou a volta em torno da mesa e tomo o meu novo lugar. Isso é... exuberante, estar sentada na mesa de uma empresa prestigiada é um privilégio para uma secretária.
Thomaz vem até mim e fica por detrás, pegando o mouse e clicando numa pasta azul, na área de trabalho. À medida que ele vai falando ao pé do meu ouvido, sinto meu corpo esquentar com o cheiro doce dele, é uma mistura de perfume caro e cheiroso. Minhas bochechas coram e minhas orelhas esquentam. Uma coisa estranha que nunca senti antes. A voz dele é suave e, por pura burrice minha, penso como seria beijar a boca dele. Parece ser tão macia.
   Não, Anna!
   Droga! Por que estou pensando nisso? Ele nem está interessado em mim.
— Entendi — aceno com a cabeça quando Thomaz para de falar.
— Pode começar. Você consegue, Anna — sussurra no... meu OUVIDO!
Fico chocada com essa aproximação tão íntima e subitamente calorosa dele. Nenhum patrão chegou perto de mim dessa maneira. Por que Thomaz? Meu Deus, não posso sentir atração por ele, eu sou uma mulher casada. Mas como não sentir, diabos? Thomaz Beckham é tão... lindo, educado, muito educado. Um homem que vivem falando quase o tempo todo, tão elegante e formidável, sexy. Como não sentir uma pontada de atração? Não estou falando da riqueza, mas do jeito como ele é educado e atencioso.
Vejo-o caminhar até sua mesa novamente, com essa movimentação, pude observar sua postura, de costas. Ele é bastante robusto.
   Anna, tire os olhos desse cara. Você é casada, porra.
É, já tenho um homem em casa, ele também é bonito, sexy, robusto e sensual, mas é um homem bruto e ciumento. Não é por isso que vou traí-lo.

O preço da infidelidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora