Uma semana depois...

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   Sem notícias de Anna, há uma semana, vou criando raiva de tudo e de todos ao meu redor. Andei mal-humorado nessas últimas semanas infernais, fui mal-educado com as pessoas da empresa e não atendia nenhum telefonema das minhas secretárias. Ontem, dei um soco na mesa de jantar quando Wagner disse que ainda não acharam o paradeiro de Karrigh. Eu xinguei, amaldiçoei e jurei que, quando achava esse vagabundo, eu o mataria. E vou matar! Ah, se vou... Ele vai pagar caro por cada sofrimento que me causou, cada noite de insônia que tive.
   Anna... Onde você está, meu amor? O que está fazendo agora?
   Os dias e as noites que você esteve ausente na minha vida foram opacas, sem cores. Volte para mim, meu anjo. Eu preciso de você. Não sei o que faria se Karrigh...
— Desgraçado! — jogo a taça de vinho na porta da frente, irado, puto comigo mesmo por me sentir impotente.
   A porta abre devagar e minha irmã, Alison, entra devagar, espantada, olhando os cacos no chão.
   Jogo a cabeça para trás, fecho os olhos com raiva e suspiro, vermelho.
   Ouço o salto dela quicar no chão da sala, indicando que ela está se aproximando de mim.
   Não estou preparado para conversar com ninguém no momento. Eu quero mais é ficar sozinho.
— Thomaz.
   Meu ódio aumenta.
— O que você quer? — murmuro áspero, seco e mal-educado.
   Ela arqueia uma sobrancelha, surpresa com o meu modo grosseiro. Olho para ela, sério.
— É... Vim te ver, mas...
— Mas?
— Por que está agindo assim com todo mundo? Comigo?
   Respiro, impaciente.
— Sei que está sofrendo por causa do que aconteceu com a Anna, mas isso não significa que você deve ficar zangado com todo mundo. Não temos culpa do que aconteceu.
— Olha, Alison...
— Não, Thomaz. Andei observando você nessas últimas semanas. Você está totalmente diferente. Não gosto de te ver assim. Meu irmão... — ela toca meu rosto com ambas as mãos, me obrigando a olhá-la.
— Eu só quero ficar sozinho. Esquecer de tudo. Ir para longe. Gritar. Não sei, Alison. Eu quero a Anna de volta, mas nem a polícia consegue descobrir onde Karrigh está.
— Converse com Wagner, o detetive que presta serviços a você. Quem sabe...
— Ele já está encarregado disso, Alison. Nem ele descobriu nada até agora, mas ainda está investigando.
   Ela suspira.
— Não perca as esperanças, meu irmão.
— Eu sei.
   Me calo depois que lhe dou um abraço e um beijo no alto da cabeça.
— Eu te amo — sussurra.
— Eu também, mana. Me desculpe por ser grosseiro com você.
— Tudo bem.

O preço da infidelidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora