19:32 PM
Chego em casa desaprumada, chorando e sem saber o que fazer agora que não tenho mais emprego.
Vou ter que enfrentar o meu próprio marido, levar mais uma surra. Não posso deixar esse assunto se tornar negligente.
Da última vez que levei uma surra de Karrigh doeu demais. Não apanho porque quero, mas porque ele ameaça tirar a vida da minha querida mãe se algum dia eu pedir o divórcio. Eu prefiro suportar essa droga desse casamento do que ver minha rainha dentro de um caixão. Ela é a única coisa que tenho na vida desde que meu pai faleceu. Nem irmãos tenho para conversar, apenas alguns colegas - mas que não completam o vazio que sinto no peito.
Karrigh sempre foi um homem romântico, um policial dedicado, atraente e bonito, mas, depois que nos casamos, todas essas coisas foram embora e trouxeram um homem possesso, agressivo, ciumento e até alcoólatra. Ele bebe muito e chega em casa cheirando a puro álcool. Eu detesto isso! Detesto! Onde estava com a cabeça quando fui me apaixonar por ele? Sinceramente, Anna Florentiny, ele não te merece.
Calma, eu vou aguentar só mais um pouquinho, vou tentar salvar meu casamento.Se isso for possível.
Depois de um longo banho, visto uma camisola cinza de cetim, que vai até as minhas coxas e vou para a cozinha preparar algo para eu beliscar.
Encaro o relógio da parede acima da geladeira a fim de saber que horas são - sete e quarenta. O idiota vai chegar daqui a pouco do trabalho, com certeza bêbado. Odeio quando ele me toca com aquelas mãos grandes e robustas e me força a ir para a cama sem eu ter vontade. Isso é completamente humilhante.
Pego uma frigideira no armário, azeite, cinco ovos na geladeira, um tomate, uma cebola roxa, cheiro verde e um pimentão vermelho para preparar uma omelete. Estou morrendo de fome.
Ligo o fogão e coloco o azeite para esquentar enquanto vou picando os legumes com cautela para não cortar o dedo.
Meu celular me faz parar, pois toca freneticamente em cima do balcão. Dou uma pausa e pego o aparelho.
- Oi - digo baixinho.
- Oi, sou eu, filha.
Ah, mamãe.
- Oi, mãe - abro um largo sorriso e meu coração formiga ao ouvir sua voz. Eu amo tanto minha mãe.
- Estou ligando para saber de você, meu amor.
- Eu estou bem, mamãe. E a senhora?
- Também, querida.
Apoio o celular sobre o ombro e volto aos meus afazeres. Retiro as sementes do pimentão com a ponta da faca.
- E o Mack?
Mack é meu padrasto, ele é quem administra o supermercado que minha mãe tem no centro de Seattle. Os negócios dela andam muito bem desde que passaram pelas mãos dele. Eu gosto do Mack. Ele nunca fez minha rainha sofrer e muito menos meu pai quando era vivo. Ela tem muita sorte, diferente de mim. Se casou com homens de verdade, que souberam respeitá-la.
Minha mãe se chama Elizabeth, ainda é nova, tem 39 anos. Conheceu meu pai na adolescência. Na época em que ela engravidou, trabalhava como confeiteira na padaria da minha avó.
- Como andam as coisas por aí, filha?
- Ah, mãe, nem te conto.
- O que aconteceu?
- Fui demitida da agência do Sr. Alonzo.
- Por quê?
- Adivinha.
- Karrigh.
- Acertou na mosca, dona Elizabeth.
- Ah, céus! Quando é que você vai se livrar desse peso, minha filha?
Ah, mãe, você nem imagina o que ele pretende fazer com você se eu ousar a pedir o divórcio.
- É só por questão de tempo. Vou ver se ainda posso salvar meu casamento.
- A cada dia estou ficando mais preocupada com você perto desse cara. Ele é perigoso.
- É nada, mãe. Esse aí só sabe pegar ladrão.Não se iluda, não, querida.
- Mesmo assim. Não se descuide à toa. Você só tem 20 anos. É jovem.
Fico em silêncio por um tempo, quase choro quando ouço seus conselhos.
É, eu só tenho 20 anos. Me casei aos dezoito. O que eu fiz? Eu podia estar lá, na casa da minha mãe, saindo a qualquer momento que quisesse, indo à festas, fazendo novos amigos e curtindo a vida. Mas estou aqui, casada e fazendo coisas de mulheres de trinta e poucos anos. Tudo por uma escolha irresponsável que fiz. Eu sou a culpada. Eu. Ninguém intercedeu por mim. Com isso, aprendi que a vida é feita de escolhas e todas elas têm consequências.
- Está ouvindo, Anna?
- Estou.
- Reflita sobre isso, querida.
- Sim, mãe.
- Bom, nos falamos depois, vou jantar fora com o Mack. Ligo amanhã.
- Ok.
- Beijos!
Havia duas semanas que minha mãe não ligava para mim, acho que por falta de tempo. O supermercado é grande e tudo é corrido, quando você menos espera, o dia já passou. Eu trabalhei lá uma vez e vivenciei isso.
Coloco os ovos na frigideira, em seguida os legumes que cortei, abaixo o fogo e ponho uma tampa na panela. Deixo o fogão um pouquinho para lavar uns copos e xícaras que deixei de manhã na pia. Não tenho tempo de lavar antes de sair de casa, por isso ajeito tudo quando chego. Bom, agora vou ter tempo para me dedicar à casa, por enquanto, porque odeio ficar parada vendo o mundo prosperar lá fora.
De repente, ouço o carro de Karrigh desligar na garagem de casa. Minutos depois a porta abre.
Dou uma longa suspirada.
O diabo em pessoa chegou.
Karrigh Phillips é da polícia criminalista mais competente de Seattle. Ele tem 28 anos, é alto, loiro, cabelos lisos num corte social, musculoso e tem uma águia enorme tatuada nas costas. Isso o deixa mais sexy. Karrigh é daqueles bonitões robustos. Mas nem a beleza dele não me atrai mais, às vezes vem uma ou duas mulheres perguntando se sou irmã dele ou prima. Por que perguntam? Simples, sou pequena, magra e nova demais para ser uma mulher casada e ele é muito mais velho do que eu.
Continuo lavando a louça ao sentir sua presença na cozinha. Ele larga as chaves do carro, a arma e a algema em cima do balcão com tanta força que dou um pulo abruptamente, de susto. Karrigh é sempre assim, chega com esse machismo que eu detesto. Um dia eu queria que ele chegasse e me desse um beijo carinhoso e dissesse: "Oi, amor, como foi o seu dia?" Ou: "Estava com saudades". Mas ele não é assim. É grosseiro e tem a cara de mal, dando a entender que manda em tudo dentro de casa, causando-me um frio na barriga.
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O preço da infidelidade
RomancePor Anna Florentinny Jovem, linda e educada, Anna queria apenas uma vida feliz ao lado do seu marido Karrigh Phillips, um policial criminalista de 28 anos. Bonito e considerado "o garanhão na corporação", leva sua vida de casado como se fosse um...