10 de março de 2014.
Seattle (EUA).Será que aconteceu mais alguma coisa ontem, depois que eu sai da casa de Anna? Ela deve ter transado com o marido. Odeio pensar nessa possibilidade, ainda mais sabendo que eu estive com ela antes daquele babaca acordar. Por que estou aceitando uma coisas dessas? Eu não posso viver de...
— Papai!
Eick surge na minha sala rapidamente com Bia atrás. Ele corre na minha direção depois que larga a mochila e a lancheira em cima do sofá. Eick vem saltitando me abraçar.
Anna, que está na mesa do lado, observa-nos sem entender nada.
— Filho — pego ele nos braços, Eick retribui com seus bracinhos ao redor do meu pescoço.
— Vim me despedir de você, papai.
— Humm... Que bom. Achei que não viria, acordei cedo e não tive tempo para te dar um beijo. Me desculpe, meu filho, é o...
— Trabalho. Já sei — ele me olha, sorrindo e brincando com a ponta do meu nariz.
— Isso mesmo, pequeno Beckham.
Ele deita a cabeça no torço do meu ombro de modo que fica totalmente debruçado sobre mim. Meu filho parece estar um pouco cansado e até triste.
— O que foi, Eick?
Decido me sentar no sofá grande do escritório. Deixo Eick de frente comigo. Ele ajeita as roupas meio desaprumado e encara o chão, tristonho.
— Não queria ir na creche “hose”!
— Você quis dizer hoje?
— É, “hose”.
Sorrio.
— É hoje, meu filho. Mas, tudo bem, você ainda não desenvolveu sua fala. Olha... se não quiser ir na creche, eu resolvo esse problema. Posso ligar para a diretora e dizer que você não quer ir e pronto.
— Não é isso. Eu só “quelo” passar o dia com você, papai. A gente não ficou muito tempo juntos no fim de “senana”.
Minha boca se alarga num sorriso orgulhoso. O modo como ele pronúncia as palavras erradas me encanta, seu jeitinho fofo de dizer papai é maravilhoso. Passo as mãos nos cabelos dele lentamente.
— Eu te amo tanto, filho. Você é um presente que ganhei de Deus — acarecio sua pequena faceta. Eick sorri e pega minha mão.
— Eu também.
— Desculpe se não passei muito tempo com você no fim de semana. Eu estava com a cabeça em outro lugar.
— Que lugar?Na mulher alheia, querido. Eu virei amante de uma garota de 20 anos.
— Você não vai entender. É coisa minha, meu amor.
— Você também pode “confessar” comigo, tá?
— Conversar, Eick, não “confessar”.Pare de corrigir o garoto, Thomaz. Ele não sabe falar direito, porra.
Sinto a aproximação de Anna no sofá, suas botas vão cintilando no piso glacial da sala. Eick ergue os olhos para cima e mostra seus dentinhos para Anna, que retribui com um sorriso.
— Oi — diz meu filho, depois que tapa o rosto com as mãos. Ele está com vergonha.
— Oi — murmura Anna, rindo. — Quem é ele?
— Meu filho.
Ela fica surpresa, me encara totalmente incrédula.
— Sério?
Faço que sim com um movimento de cabeça.
— Como ele se chama?
Eick retira as mãos rapidamente e diz:
— Eick “Súnior”.
Anna caí na gargalhada, eu também.
— É Eick Júnior — corrijo. — Não dê importância, Anna. Ele ainda não sabe falar direito.
— Percebi. Seu filho é igualzinho a você, Thomaz. Isso é incrível! — murmura ela com ênfase.
É o que todo mundo diz. Meu filho se parece comigo, a faceta, o sorriso, o cabelo... tudo.
— É.
— Papai, quem é ela?
— Ah, pode deixar que eu me apresento — Anna toma o espaço no sofá, perto de Eick, e se senta. — Sou Anna Florentiny, muito prazer, pequeno Eick.
Meu filho sorri para Anna com doçura. O sorriso dele é lindo que até perco o fôlego. Como pode ser tão fofinho assim? Ele acaba comigo.
— Você é “namolada” do meu pai?
Solto uma gargalhada baixinha ao ver a reação de Anna, suas bochechas estão completamente coradas de vergonha.
— Ainda não, meu filho. Logo vai ser.
Ela me joga um olhar censurado, como quem diz: “O que você está dizendo?”
— Mas ainda não vi o senhor “besando” ela.
— Você quer dizer beijando, não é?
— É, pai.
Anna encara as mãos sobre o colo. Aproveite o momento, Sr. Beckham.
— Você quer que eu a beije, meu filho?
— “Quelo” — ele esconde o rosto nas mãos.
— Vem cá, Anna.
— Sr. Beckham, por favor.
— “Besa” logo, pai — insiste meu filho.
— Depende da Anna, Eick.
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O preço da infidelidade
RomansaPor Anna Florentinny Jovem, linda e educada, Anna queria apenas uma vida feliz ao lado do seu marido Karrigh Phillips, um policial criminalista de 28 anos. Bonito e considerado "o garanhão na corporação", leva sua vida de casado como se fosse um...