Anna Florentiny

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   Isso não aconteceu. Aconteceu, Anna! Ah, não! Onde eu estava com a cabeça, meu Deus? Espere, mas foi ele quem me beijou primeiro. Puta que pariu, sujou tudo para o meu lado, se Karrigh descobrir que andei com a língua na boca do meu patrão... Meu corpo chega a se arrepiar pensando na fúria dele. Karrigh vai me matar. Só se eu contar a ele, penso comigo. Mas ele nunca vai saber disso.
   O que eu fui fazer? Perdi o juízo nos braços daquele homem. Ele é tão bom nas pegadas, no beijo... Ah, meu Deus! Mal entrei na empresa e já estou agarrando o meu patrão, e não é qualquer um, é Thomaz Beckham. Irei trabalhar amanhã com a cara de tacho, porque a vergonha já sinto sem que ele esteja por perto. Por que Thomaz teve que inverter as coisas entre nós? Aquele beijou não devia acontecer. Mas por que eu gostei tanto? Não tenho condicões para me apaixonar de novo, já que meu coração está vazio (e Karrigh não sabe disso).
   Thomaz se mostrou um homem educado e não deu em cima de mim até o momento em que parou com o carro em frente à residência, mas bastou um olhar sedutor para que nossos lábios se grudassem. Quase transamos dentro do carro. Ele tem algo na língua, naquelas mãos robustas e...

— Anna! — Karrigh bate na porta do banheiro freneticamente. Reviro os olhos.

  Vá para o inferno, cara! Meu banho estava tão bom.

O que é?
— Vai sair daí ou não?
— Já vou.
   Termino de me ensaboar, depois pego uma toalha branca pendurada em cima do box e cobro-me. Saio do banheiro ajeitando o nó da toalha entre meus seios, fazendo com que eles fiquem maiores no tecido grosso da toalha. Isso toma a visão de Karrigh.
— Oi — murmura ele, vindo em minha direção. Agachando a cabeça, ele lasca um beijo entre o v dos meus seios e inspira.
— Você continua sendo uma gostosa.
— Ah, seu... — me desvencilho dele com nojo.
Karrigh, por incrível que pareça, me lasca um beijo e some pelo pequeno corredor do banheiro sem protestar. Limpo a boca assim que ele toma distância.
— Nojento — rezingo baixinho.
   Vasculho o guarda-roupa à procuro de uma calcinha e uma camiseta qualquer. Quando encontro, visto e vou direto para a cama. Pego o celular no criado-mudo para distrair.


De: Thomaz

Oi, Anna. Espero que chegou bem em casa. Estou preocupado, me ligue ou mande uma mensagem para me tranquilizar. Gostaria de saber, também, se seu marido chegou são em casa e não ousou a bater em você de novo. Por favor, não deixe de me avisar. Durma bem. Beijos! 22:40 PM

   Ah, meu Deus, ele pegou meu número na ficha que deixei preenchida naquele bendito papel. Ouso a mandar uma rápida mensagem a ele.

De: Anna

Cheguei bem em casa, obrigada. Fique tranquilo, meu marido está são. Durma bem, também. Beijos! 22:58 PM

   Clico em enviar na tela com um sorriso bobo na cara. Bom, confesso, eu gosto dele. Sinto que já o conheço a muito tempo, Thomaz é um cara legal, não é como Karrigh.

Nada a ver, sua tonta.

   O que diferencia é o modo de ele me tratar, a aparência. Thomaz tem os cabelos pretos e lisos e Karrigh é louro grisalho (filho da puta também). Thomaz é lindo demais, nunca vi um homem mais bonito que ele nem mesmo o meu marido. A resposta dele vem de imediato.

De: Thomaz
Que alívio! Obrigado por me avisar. Perdão por aquele beijo que te dei sem a sua permissão, é que meu desejo falou mais alto, Anna. 23:00 PM

   Não consigo disfarça a felicidade, sorrio diante da tela do celular. Ele estava preocupado comigo. A vontade que eu tenho é de dizer a ele que eu amei aquele beijo e que ele beija bem demais, melhor que meu marido.

De: Anna
Aceito o pedido de perdão. Não faça mais isso, Sr. Beckham. Eu sou uma mulher casada e não pretendo ter um amante secreto. 23:02 PM

De: Thomaz

Ok, Srta. Florentiny. Vou tentar manter as mãos longe de você, se é esse o seu desejo. Agora vá dormir, amanhã quero você na minha empresa. 23:03 PM

De: Anna
Vou me deitar, senhor. Obrigada. Até amanhã. 23:03 PM


   Desligo o celular e enfio-o debaixo do travesseiro. O sono me chama. Penso em Thomaz ao posicionar a cabeça no colchão. Ele é tão lindo, perspicaz, sensual, e... Ah, Deus, no que estou me metendo? Por que me colocou no caminho desse empresário? Ele merece uma mulher madura; não que eu não seja, mas uma mulher rica, poderosa, elegante, atraente e mais velha. Não uma garota feito eu: atrapalhada, compromissada, pobre coitada, burra, deselegante, infiel e que não sabe lidar com um casamento. É melhor esquecê-lo, Thomaz não é para mim, ele é muito rico e bonito. O que me faz ser uma coitada ao seu lado.

   Droga, Anna! Não pense assim. Deixe o dinheiro para .

   Algo me diz que isso não vai dar certo. Eu posso ser só uma diversão para ele e ele para mim, porque sou casada e não estou a fim de ter um amante. Tudo vai depender da minha vontade, e eu não quero, por mais que ele seja um partidão e queira algo sério.
   Ah, Thomaz, eu adoraria te conhecer antes de me casar. Quem sabe... Não, Anna. Já está decido: vou por fim nesse impasse amanhã mesmo.

O preço da infidelidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora