Karrigh Phillips

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   Eu não queria ser mal com você, meu amor. Não queria terminar assim, mas você me obrigou. Você me traiu. Não tive alternativa.
Você é minha, ninguém coloca a mão no que é meu.
Nunca encontrarei uma mulher igual a você, por isso não posso te perder para outro homem. Eu prefiro ver você morta do que com ele.

20:50 PM

   Levei Anna para uma fazenda bem longe da cidade. O lugar é completamente lindo, cheio de vida e conforto. Árvores e flores em todos os cantos, frutos deliciosos, uma cachoeira grande no matagal, uma piscina no quintal da fazenda, este com espaço maior ainda, um andar embaixo e outro em cima. Os móveis luxuosos, três suítes, um pequeno bar, um salão de festas. Tudo perfeito para minha mulher e para mim.
   Desativei o meu antigo celular durante o trajeto e o joguei num rio junto com o celular da Anna. Passei em uma loja eletrônica e comprei outro para falar com os meus comparsas. Fiz um limpa geral no aparelho e, felizmente, ninguém vai me encontrar.
   Além da fazenda ter duzentos quilômetros longe da cidade, ninguém sabe que o lugar existe nem mesmo minha família.
   Antes de vir, comprei o que mais precisava, roupas e sapatos — para Anna em dobro, tudo do bom e do melhor. Quero que ela fique linda para mim todos os dias. Também troquei o carro com um colega na estrada — uma BMW negra. Tudo para o meu disfarce.
   Ao chegar na fazenda, estaciono o carro embaixo de uma árvore. Seguro o braço de Anna, caso tentar escapar, creio eu que não irá conseguir, pois o lugar é deserto, e arrasto ela para dentro da casa. Lá, solto-a já passando a tranca na porta.
   Parada no centro da sala, ela observa o ambiente, embasbacada, com medo.
— Gostou?
   Cruzou os braços, com o ombro encostado no pilar, entre a escadaria e o corrimão.
— Quero ir embora daqui.
   Ela me olha, ainda com lágrimas nos olhos, o rosto branco vermelho de tanto chorar.
— Aqui vai ser a nossa casa, meu amor. Vamos voltar para a cidade quando eu quiser e a hora que eu quiser — falo firme e grosso, sorrindo de levinho.
   Com raiva, ela berra aos quatro ventos:
— Desgraçado! Eu nunca deveria ter me casado com você! Você é um psicopata! Tem que se tratar! Louco! Louco! Filho da puta!
   Dou uma gargalhada e ela pira, vindo até mim. Enfurecida, ela começa a me bater no peito, com socos que nem me faz sair do lugar.
— Eu preciso voltar! Entenda, seu louco! Eu não te amo mais! Eu não te...
   Pego ela pelos braços e empurro-a contra a parede, sacudindo-a com força.
— Cale a boca, agora!
   Ela desanda a chorar, entrebatendo-se entre os meus braços. Só depois de dois minutos, digo, com o rosto colado no dela, a respiração acelerada:
— Anna, por favor, contribui. Não me obrigue a fazer coisas que eu não quero. Entenda, não posso deixá-la para outro homem. Nunca encontrarei uma mulher tão bela, carinhosa, linda e decente igual a você. O que eu vi no mundo lá fora foram inúmeras vagabundas que queriam apenas o meu dinheiro e o que eu tinha. E, quando conheci você, minha vida mudou. Acredite em mim, você foi a minha salvação, eu estava perdido e você me achou. Por que você tem que ser diferente? Por que é assim? Outros querem você, mas você é minha. Minha. Não estou pronto para dividi-la com ninguém. Não aceito isso!
   Forço um pouco o meu corpo contra o dela na parede, ela esguia, mas não a deixou sair.
— Você fez suas escolhas — completa, chorando. — Eu tentei, inúmeras vezes, salvar o nosso casamento, mas você... você nunca aceitou a mudança.
   Observo a faceta dela, vermelha, choramingando.
— Perdão.
   Fecho os olhos e repito:
— Perdão.
— Karrigh, me solte.
— Me dá mais uma chance — sussurro, segurando firme os pulsos dela. Ela vira o rosto. Assim, consegui exerguer a sua dor e o desprezo.
— Anna.
— Eu não te amo. Não te amo. Era paixão, só isso. Você me iludiu perfeitamente e eu, burra, aceitei. Nunca ouvia a minha mãe porque achava que você me amava e que ela estava apenas com ciúmes de mim. E olha só, ela estava certa em tudo! — murmura amargamente, sem me olhar.
— Olha pra mim quando estiver falando! — grito, sacodindo-a. Ela chora mais.
— Você está me machucando! Me solte!
— Grite, grite o quanto quiser. Ninguém vai te ouvir. Estamos longe de tudo, Anna. Nem vizinhança tem por aqui.
— Saia da minha frente! Eu tenho nojo de você! Nojo! Eu nunca vou te amar, esqueça! O amor que tenho vou dar para o Thomaz!
   Ao ouvir o nome do desgraçado, minha ira aumenta.
— Não pronuncie o nome dele aqui! Entendeu? — soco a parede, bem perto do rosto dela. — Vocês dois vão me pagar caro. Vão comer na minha mão, eu garanto.
   Ela me encara, empina o queixo e diz, com firmeza:
— Vá para o inferno.
   E, com raiva, acabo lhe dando um soco, o suficiente para ela cair no chão desmaiada. Fico ali parado, olhando-a caída, os cabelos lisos espalhados pelo chão, o rosto vermelho e inchado de tanto chorar, a maquiagem borrada. E, mesmo assim, ela continua linda e atraente.
   Pego-a nos braços e levo-a para o quarto. Lá, tiro suas roupas, uma por uma, em seguida, coloco um pijama nela. Saio do quarto cansado e pronto para dormir, também.
  

O preço da infidelidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora