2. Precisamos falar sobre família

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[Domingo de manhã]

Lily abriu os olhos, incomodada pela claridade, que entrava pela janela descoberta, e com um princípio de torcicolo, o qual ela já estava acostumada. Pegou o celular de dentro da mochila, jogada ao lado da cama, olhando o horário.

"Duas horas de sono. Parabéns, Lily" ela coçou os olhos, tentando mantê-los abertos "Esse deve ser o seu mais novo recorde".

Olhando por cima do ombro que não latejava, ela viu que todas as suas amigas ainda estavam caídas no sono. Tonks tinha esquecido de tirar os óculos de leitura antes de dormir, e ela precisou segurar a tentação para não tirar uma foto de Marlene, dormindo de boca aberta, no maior estilo Percy Jackson. Os olhos de Alice não eram visíveis por baixo do fino tecido que ela usava para cobri-los, pela dificuldade que tinha em dormir.

— Certo... — resmungou para si mesma, fazendo uma careta logo depois.

Pegando uma escova de dentes de sua necessaire, ela afastou-se do aglomerado de colchões e cobertas para ir ao banheiro, que ainda tinha sinais da nova cor de Tonks. A tesoura abandonada embaixo da torneira já começava a enferrujar, e Lily tirou-a do caminho para tirar o gosto ruim da boca.

A pior coisa de dormir na casa de outra pessoa era quando ela acordava mais cedo que a pessoa em questão, e ficava sem ter o que fazer. Não importava quantas vezes fizesse isso, era sempre o mesmo sentimento, a mesma situação.

— Bom dia, Lily! — a avó de Alice já estava na cozinha, dissolvendo alguns remédios no copo d'água — Acordada tão cedo?

— Bom dia, senhora Fairfeather — respondeu Lily.

— Precisa de alguma ajuda?

— Não, obrigada. Eu já vou voltar para o quarto...

Na verdade, ela não sabia o que faria. Voltar para o quarto era uma opção entediante, mas ficar ali, sem ter o que fazer também era. Viu, de relance, a panela de pipoca em um canto da pia, fazendo-a sorrir levemente, lembrando-se de tempos em que a pizza que seu avô fazia era daquelas com pão de forma, em vez das prontas do supermercado.

Ficou observando o ambiente, mesmo quando a avó de Alice já tinha saído do cômodo, sentindo uma grande nostalgia. Era por isso que amava quando decidiam reunir-se ali. A casa dos Fairfeather era exatamente como Alice: cheia de plantas e flores, cores claras, e objetos modernos contrastando com a arquitetura refinada e antiga da casa. Bem diferente do estilo rústico e minimalista que ela lembrava ter na casa dos pais dela, quando ainda não tinha se mudado.

Aproveitando que estava sozinha, embora pudesse se arrepender depois, ergueu-se na bancada de mármore, aproveitando para amparar o celular, que não parava de vibrar.

Mãe

Online

Que horas você volta para casa, meu amor? (6:00)

Agora (6:24) ✓

Em outras ocasiões, ela ficava até o almoço. Se duvidasse, enrolava até a noite, mas tudo o que queria era voltar para casa, ter esperanças de conseguir voltar a dormir, ou passar esse tempo fazendo algo bom, como assistir a alguma série.

Sempre que tentava ver série com as amigas, havia alguém controverso, que não gostava da série sugerida. Tinham coisas que eram melhores quando feitas sozinhas.

Pegou uma pera da fruteira, antes de descer do balcão. Dando uma mordida na fruta, seguiu de volta para o quarto. Trocou de roupa rapidamente, sentindo falta da época em que podia sair na rua de pijama, sem receber bronca dos pais ou olhares censurados.

Precisamos Falar Sobre JamesOnde histórias criam vida. Descubra agora