11. Precisamos falar sobre retornos

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[Sexta de manhã]

Quando Lily abriu o armário, naquela manhã, encontrou uma folha. Já esperava aquilo, mas, quando abriu, não era uma página arrancada de seu diário, era um bilhete.

"Não se esqueça do nosso combinado"

As ameaças. É claro...

Lily virou a folha e rabiscou uma resposta.

"Eu não influencio as decisões dele"

Dobrou novamente e, assim que passou por perto do armário de Dorcas, colocou o papel por entre os buracos da porta, antes de sair caminhando em direção à sala de aula.

Quem a olhasse de longe, pensaria que estava tudo bem, mas as olheiras por baixo de seus olhos apenas eram disfarçadas pelo corretivo. Quase não tinha conseguido dormir durante a noite com tantos sentimentos negativos.

— Lily!

Ela esbarrou em um grupo de alunos, tentando afastar-se da multidão. James a seguiu, e ela não reclamou. Afastava-se justamente para isso: conversar direito com ele.

Abriu a primeira porta destrancada que encontrou e ele foi logo atrás dela. Assim que a porta fechou-se, Lily começou a chorar.

— Está tudo bem — ele a envolveu em um abraço apertado — Calma!

— Você já soube — ela afirmou, a voz tremida.

— Lene me contou...

Lily tentou dizer mais alguma coisa, mas ele já saberia de tudo que ela dissesse. Ele devia imaginar como ela se sentia, e como as coisas seriam dali para a frente.

— Eu não vou deixá-lo te machucar, eu prometo — James sussurrou — Aliás, senhorita Evans, agora você terá escolta.

Ela riu da seriedade com que ele disse aquilo, escondendo o seu rosto na curva do pescoço dele. Sem evitar, aspirou o cheiro do perfume masculino, e isso fez com que ela se acalmasse instantaneamente.

— Ei! Vamos! Se anime! — James tentou — Sabe que dia é hoje?

— Sexta-feira — retrucou Lily.

Ele bateu a mão em sua testa, fazendo-a rir.

— Ei! Não se bata! — ela reclamou, puxando a sua mão.

Estava bem consciente da proximidade deles, naquele momento, mas não importava-se nem um pouco com isso.

— Que dia é hoje? — perguntou Lily, sorrindo.

James negou com a cabeça, como se estivesse acordando de um transe.

— O "Namorado de uma libra", lembra?

Com o sorriso que ele abriu, agora era ela quem estava em um transe.

O sinal tocou, fazendo com que os dois se sobressaltassem. Lily afastou-se de James, tentando manter-se sob controle.

— Na verdade, eu nem me lembrava — conseguiu responder, sorrindo — Vão pegar o tempo do Flitwick?

— Não tenho a menor ideia — ele levou a mão ao cabelo, bagunçando os fios mais do que eles já eram bagunçados — É melhor nós irmos.

— Certo...

Lily passou as mãos pelo rosto, livrando-o das lágrimas já secas.

James abriu a porta, enquanto ela saía, sem olhar para trás.

— Ei! — ele chamou-a, fazendo-a parar no meio do caminho — Nos vemos no intervalo, então?

Lily não respondeu, apenas sorrindo.

Precisamos Falar Sobre JamesOnde histórias criam vida. Descubra agora