Capítulo 05

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Esse estava sendo o jantar mais constrangedor da minha vida.

Alisson não era um grande cozinheiro, então o prato da noite era o de sempre: macarrão com molho de tomate, daqueles que vêm pronto na caixa. Como tínhamos visita, ele cobriu com queijo ralado e salsinha para enfeitar.

Meu coração dava pulos. Não bastasse o enjôo e o banquete de peixe que recém tivemos, ver Dylan me devorando com os olhos, bem ao lado do meu irmão, tornava impossível tocar na minha comida.

Droga, minha cueca já estava esticada há não sei quanto tempo. Eu nunca me interessei muito por sexo, e agora me sentia um cachorro no cio. Não queria ficar assim perto do Alisson, ele sabia que eu era gay, assim como toda a família após o escândalo, mas ele era o único que não sentia nojo de mim, e eu preferia que continuasse assim.

"E então, Dylan. Você é da nova geração?" Perguntou Alisson, se referindo ao grupo com quem eu saía, os surfistas de vinte e poucos anos que aspiravam ser como ele. Com dezoito anos eu era o mais novo do grupo, e Dylan parecia ter a mesma idade que eu.

"Eu? Ah, não. Eu não surfo." Respondeu Dylan, sem deixar de me penetrar com aquele olhar verde e tão intenso que meu rosto ardia. "Mas eu andava com aqueles caras, até hoje."

"Até hoje?" Alisson franziu a testa, seus olhos indo da visão penetrante de Dylan para o meu rosto vermelho.

"Sim. Já encontrei o que procuro." Dylan bebericou seu copo d'água, descendo cada gole enquanto me observava fixamente.

Ai, socorro.

"Entendi..." Respondeu Alisson, com cara de quem não entendeu porra nenhuma. "Fico feliz que seja amigo do Gabe. Foi um primeiro mês tão difícil pra ele, eu começava a me preocupar." Alisson riu travessamente para mim, e voltou a conversar com Dylan. "Tendo dito isso, o trabalho do Gabe começa amanhã, então espero que ele não se distraia."

"Você sabe que estou bem aqui, não sabe?" Perguntei, indignado.

"Trabalho? Ele vai trabalhar onde?" Enfim Dylan desviou o rosto de mim, fitando Alisson com um sorriso interessado nos lábios carnudos.

Eu arregalei os olhos pro Alisson, implorando telepaticamente que ele não dissesse nada. Mas era óbvio o quanto Alisson estava se divertindo.

"Um amigo meu tem uma loja de pranchas, ao fim da praia. Gabe vai ajudar nas vendas." Alisson sorriu para mim, e voltou a atenção ao Dylan. "Pode visitá-lo às vezes. Não aparecem muitos clientes na baixa temporada, e o Gabe se entedia fácil, né Gabe?"

"Eu vou te matar." Rosnei.

"É uma ótima idéia." Dylan sorriu lindamente, fazendo meu coração pulsar. Ele deixou o copo vazio na mesa. "Obrigado pela refeição."

Eu e Alisson nos entreolhamos. Dylan apenas bebeu água, mas essa oportunidade não podia ser jogada fora. Eu precisava sumir com Dylan antes que meu irmão descobrisse que dei a bunda para um maníaco.

"Vou voltar pro quarto. Vem Dylan, preciso... devolver aquela coisa que... você esqueceu comigo."

À beira de um ataque de nervos, eu corri escadaria acima e me fechei no quarto, com a respiração à mil. Droga, como ele descobriu meu endereço? Por quê estava aqui? Se Alisson descobrisse essa bobagem sobre predestinados não acho que me expulsaria, mas ele com certeza se mataria de rir.

Um pouco depois Dylan bateu. Eu o deixei entrar e sentei na cama, enquanto ele trancava a porta.

Com o coração pulsando e o meio das pernas mais ainda, eu precisei me esforçar para manter a seriedade no meu rosto.

O Amante Do Tritão (AMOSTRA)Onde histórias criam vida. Descubra agora