Não sei por que imaginei um jantar normal. Quando houve qualquer normalidade, com o Dylan?
Eu me sentei sobre as pedras negras da beira-mar, assistindo ele acender a fogueira com duas pedras. Dylan considerou uma boa ideia deixar as coisas aqui e ir me buscar na loja, então a lenha havia molhado um pouco.
"Posso ir comprar uma caixa de fósforos." Me espreguicei, apreciando o calorzinho morno das pedras. Dava vontade de deitar e dormir.
Dylan bateu as duas pedras de novo, e uma faísca fez chamuscar a palha da fogueira. Surpreendentemente, o fogo cresceu e envolveu a pilha de gravetos.
Dylan sorriu pra mim com o canto do lábio, todo vitorioso.
"Está bem, você conseguiu. Merece o seu prêmio." Eu lambi os lábios, um pouco inseguro. Precisava treinar minhas expressões de provocação.
Dylan ajoelhou ao meu lado e me beijou, abraçando e deslizando as mãos nas minhas costas. Eu movi meus lábios contra os dele, explorando sua boca quente com a língua. Eu gostava demais disso, poderia beijar Dylan por horas mas o roncar do meu estômago logo cortou o clima.
"Desculpe, já vou preparar a comida." Dylan me deu um último selinho, e foi abrir a caixa de isopor. Ele me jogou uma lata de chá gelado que eu abri e bebi com gosto, morto de sede.
Quando ele retirou da caixa a nossa 'refeição' eu cuspi longe todo o chá.
"Dylan, que porra é essa?" Perguntei, enquanto Dylan erguia a longa criatura cinza e roxa, com barbatanas minúsculas e uma boca redonda forrada de dentes afiados. Parecia uma cobra molhada, com pele ao invés de escamas.
"Uma lampréia-das-profundezas. Você não assiste Animal Planet?" Dylan riu da minha surpresa, espetando o bicho já destripado em uma longa vareta.
"Eu... eu sei que você gosta de peixes, mas eu esperava uma tainha, ou salmão."
"Humanos não conhecem peixes de verdade. Os abissais são os mais deliciosos." Dylan lambeu os lábios, admirando a criatura horrorosa que ele agora prendia sobre o fogo. Ele jogou sal na criatura bizarra. "Confia em mim, vai ser um jantar inesquecível."
"Tenho certeza que sim."
Enquanto o monstro marinho assava, eu e Dylan bebemos e continuamos nos beijando, e logo os beijinhos se tornaram uma pegação tórrida. Não havia ninguém na praia àquela hora, então o desejo de me despir começava a tomar conta de mim. Cada toque do Dylan parecia feito para me enlouquecer. Os beijos na barriga me causavam cócegas no começo , mas de tanto ele beijar ali passaram a me dar tesão.
Não resisti e esfreguei o volume do Dylan com a mão, por cima da sunga. Ele estava duro como eu, e gemeu macio ao toque, mas logo se afastou de mim.
"Depois, meu predestinado. Senão o jantar vai queimar." Ele riu do meu estado após meia hora de amassos. Eu estava todo vermelho e despenteado, numa pose aberta de quem queria mais.
Eu precisava admitir que a fome falava alto. Apesar do enjôo, meu apetite me parecia maior que o normal, e o aroma de lampréia assada era tão delicioso que minha boca salivava.
Quando ficou pronto, Dylan cortou habilidosamente em fatias redondas, e nos serviu em pratos, com garfinhos descartáveis. Ele realmente trouxe tudo para essa pedra no meio do nada.
Eu torci o lábio por simples frescura, já que sem a cabeça o peixe parecia mesmo delicioso, com a carne rosada e suculenta e a pele assada ainda estalando pelo calor. Meu estômago grunhiu e eu meti um pedaço na minha boca, sob o olhar de expectativa do Dylan.
Meu Deus. A carne desmanchou macia na minha boca, tão saborosa que eu não conseguiria descrever. Logo eu já estava enterrando o garfo no prato, comendo tudo de uma vez.
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O Amante Do Tritão (AMOSTRA)
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