Capítulo 55

4.8K 480 28
                                    

André

Fico petrificado no lugar ao ver aquilo que eu estou vendo, agora. Eu nunca imaginei, que depois de tudo, ela ainda salvou a minha vida. Não tenho reação,  apenas fico olhando, tentando acreditar naquilo.

Sinto um abraço a me envolver e foi quando me toquei. Eu iria morrer, ouço um choramingar seguido de um riso de escárnio, que entoa por todo lugar e estremece as finas tábuas de madeira do recinto.

Algo úmido escorre pelo meu rosto ao ver o corpo caído no chão, quando foi que não percebi a intenção daquele assassino? Depois de tudo que ela aprontou comigo. Sacudo violentamente minha cabeça, para sair do meu transe e minha visão recupera o foco e vejo um casaco preto tremendo violentamente.

Olho de volta para Cloyd, ele ri distraído, pego a arma do chão e esqueço de tudo. Dos meus princípios, das minhas convicções, de quem eu sou. Destravo o revólver e miro bem na sua cabeça e atiro.

Vejo sua cabeça rodopiar violentamente e o sangue espirrar em bolsas grossas de sangue vermelho-escuro e seu corpo tombar no chão amadeirado com um baque terrível.

Me levanto ainda me sentindo tonto e retiro os braços da pessoa de mim e corro até o corpo, há uma mancha escura no seu peito e está úmido, parecia o mar negro. Seus olhos verdes estavam ficando cinzentos e os lábios arroxeados, sua pele começara a ficar pálida,  levanto sua cabeça e a olho penalizado.

- D...des...c...cul..p...pe...- tosse com sangue.

- Shhh, vou chamar reforço!

Me levanto e ela me segura e a olho.

- E...es...-tosse.- es...cu..t...ta...t...ti...r...re...L...lai...la...- mais tosse. -I...is...so...v...va...vai...e...explodir.

Meu coração bate forte no peito e a tento pegar no colo, mas ela choraminga.

- E...eu...v...vou...m...morrer...v...vai!

Assinto relutante e olho para Laila que nos observa tristemente. Cristina, dá um último suspiro e fecha os olhos. Me levanto me sentindo impotente. Uma sensação tão ruim, me sinto culpado. Vou até Laila, que se mantém forte para ficar sentada e me olha com lágrimas nos olhos. Abro um sorriso de lado e a pego cuidadosamente no colo.

Ela deita sua cabeça em meu ombro e corro o mais rápido possível daquele lugar. O chão abaixo dos meus pés vibram com o estrondo violento das estacas subindo aos ares e me incluno levemente para não ser atingido. Corro sem parar e o caminho de volta parece mais curto de quando estávamos indo.

Ela me salvou, e isso eu nunca vou esquecer. Eu matei o desgraçado e tenho orgulho disso. Nos livramos dele, finalmente e agora, só me resta salvar o restante das garotas sequestradas e trazê-las de volta.

Após um bom tempo de corrida, o céu estava amanhecendo já. Chego a estrada e vejo Daniel com sua esposa acordada nos braços,  ele brinca com a barriga dela e me olha e abre um sorriso. Seus olhos estão vermelhos e inchados, fico feliz por ver todos bem.

Sou aplaudido por todos e sorrio, Laila me abraça forte e a ouço fungar. Carlos, se aproxima e pede que eu coloque a menina na viatura e o faço.

Laila está triste. Mas ainda tenho que resolver isso. Peço a ela que espero e ela apenas assente. Me afasto com Carlos ao meu lado.

- O que houve lá dentro? - pergunta.

- Ele queria nos matar, eu mandei que seus homens voltassem, era a mim que ele queria. Eu não ia deixar ele matá-las.

- E cadê o sujeito?

- Tive que matá-lo. Cheguei numa situação que eu tive que fazer, ele ia matar mais gente. Ele ia me matar, mas Cristina tomou meu lugar.

- Entendi, sabe que vai ser indiciado?

- Sei. E sabe, estou pouco ligando. Agora, quero um banho e ir para cama.

- A mocinha precisa ir para o hospital.

- Eu a levarei e aviso aos pais dela.

- Ela é muito bonita, e pela maneira que te olha a cada cinco minutos, deve estar muito apaixonada.

- Duvido. Mas enfim,  obrigado pela ajuda, Carlos.

- Camaradagem policial!

Começo a rir e ele se afasta e o chamo, ele se volta e entrego a sua chave e ele sorri. Seus homens vão em suas viaturas e percebo que o reforço aéreo não foi necessário, mas um foi abatido, como? Daniel se aproxima de mim com um sorriso.

- Duro na queda. - brinca.

- Duro na queda, a tpm melhorou?

- Vai a merda, André.

Começo a rir.

- Laila parece desconcertada, precisa falar com ela. Esquece o que aconteceu, tenta...

- Deixe para lá, vai para casa e leve Laila para casa.

- Você não vai?

- Tenho outro assunto a resolver.

- Desculpe, mas não vou te obedecer dessa vez.

- Cara, para de viadagem. Era para eu está sendo queimado naquele galpão e não Cristina.

- Ela, fez o que fez porque era tão vítima quanto a Laila. Mas ela não fugiu?

- Não. Ela morreu no meu lugar...

- Essas coisas são chatas, mas precisa sair daqui.

- Depois...quero ficar sozinho.

- Ta bom.

Ele dá meia volta e entra numa viatura com sua mulher cuidando de Laila, que não tira os olhos de mim. Dou meio sorriso para ela e a vejo ir novamente.

O fogo subia por todo o galpão o devorando, eu fico parado desejando que as chamas parassem de dançar freneticamente sobre meus olhos.

Nunca vou esquecer o que ela fez por mim, seveu tivesse feito tudo diferente, talvez as três estariam aqui.

Eu sou um merda.

Delegado Sedutor - Livro 1 (Repostagem) Onde histórias criam vida. Descubra agora