Capítulo 39

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André

Como Lorena foi capaz de uma coisa dessas? Ela não é capaz de fazer algo assim sozinha. Mas, tenho que falar com Laila e explicar o que aconteceu. Ela não pode acreditar numa coisa tão clichê assim. Isso é típico de um filme romântico lançado com Channing Tatum.

Daniel me observa e vou no quarto e procuro pôr uma roupa melhor. Espero todos saírem e logo em seguida pego minhas coisas.

- Onde você vai? - pergunta ele.

- Falar com Laila!

- Dá um tempo cara, espera ela esfriar a cabeça...

Após Daniel sair, pego meu celular e ponho no bolso da calça jeans escura e passo batido por ele sem lhe dar atenção. Eu a amo, só isso basta para eu acreditar que ela vai me ouvir. Nunca mais vou deixar ela sair de perto de mim. Vou protegê-la agora mais do que tudo, mais do que minha própria vida. Chego na garagem já suspirando e entro no meu carro e giro a chave na ignição.

Saiu do meu prédio a toda bala, pego meu celular e tento mais uma vez ligar para Laila que não atende. Jogo-o no banco ao lado, e olho para a via expressa movimentada.

Calma André, calma..., digo a mim mesmo.

Contorno uma curva fechada com cuidado, muito cuidado e continuo meu trajeto. Meu celular apita:

Número desconhecido:
Delegado burro, ela não vai falar com você. Quem brinca com fogo se queima. Você vai perder!

Fico intrigado com a mensagem, quem é o autor dessas mensagens?
Retribuo:

André :
Quem é você?

Número desconhecido:
Não importa quem eu sou, o importante é saber que você não é tão esperto assim, Sr. Farcoland. Contagem regressiva...

André:
Vai jogar esse joguinho agora? Então veremos quem vai perder.

Deixo o celular de lado e posso ver a ladeira da Sã Romã intacta e banhada a sol. Estaciono meu carro numa vaga sobrando e desço. Corro até o pico da ladeira.

Estou louco para contar para Laila, contar que a amo e que ontem não é aquilo que está na cabeça dela. Eu sei que uma imagem fala mais do que mil palavras, mas eu tenho uma explicação óbvia, eu tenho a verdade. E eu tenho que rezar para ela acreditar.

Sinto alguns olhares receosos rm minha direção, mas eu não ligo. Eu sei que estou correndo perigo, entrando em uma favela pela rivalidade que existe entre bandidos e policiais. Coloquei muitos na cadeia, por isso tenho que redobrar o cuidado por onde ando.

Subo aquela ladeira, correndo e sinto meus pulmões aclamarem por ar. Mas eu não posso parar, preciso chegar até Laila e explicar o que aconteceu. Não posso perdê-la. Já perdi muito na minha vida, ela não.

Eu vou lutar por ela, pelo seu sorriso, por sua vida. Seja lá quem eu tenha que enfrentar para isso, eu vou lutar até meu último suspiro.

Chego ao topo e vejo as xasas movimentadas por famílias em sua tarde calma e relaxante. Era possível ver mesas com latões de cerveja e uma churrasqueira acesa, não me importo. A casa de alguém pode até pegar fogo, estou nem aí só quero falar com minha menina.

Acho a casa de Laila, havia um portão de ferro pequeno já enferrujado e uma casa na cor creme e uma Honda estacionada. Grito por Laila umas duas vezes e ninguém atende. Na terceira a mãe dela me olha e abre um sorriso amarelo e se aproxima.

- Eu não sei o que ou porque fez isso, mas é melhor se explicar. - diz ela, abrindo o portão.

- Obrigado Dona Marisa, armaram para mim, Laila está ai?

- Está no quarto...

- Obrigado.

Corro desenfreado até a casa de Laila e sinto uma mão me barrar, seus olhos expressam raiva. Chegar até Laila vai ser algo um pouco difícil para mim, mas eles estavam certos e não posso negar. É a família dela.

- O que quer aqui? - pergunta o irmão de Laila.

- Matheus, olha eu sei que quer proteger sua irmã e não acho que esteja errado. Mas eu preciso falar com ela. - digo calmamente.

- Matheus, deixe ele passar...- pede Marisa e abro um sorriso para ela.

- Eu acredito em você, seja cuidadoso com ela. - diz ele, ainda carrancudo.

- Obrigado Matheus!

Cumprimentei o senhor Fábio que assistia futebol e apenas acenou e corri para quarto de Laila, uma porta lilás claro. Bato três vezes, ansioso para falar com o amor da minha vida.

Ela abre e se assusta com minha presença e depois fecha a cara. Eu entendo, deve ser horrível me ver aqui depois de ter acreditado numa mentira. Ela me dá as costas me dando passagem para entrar e me sinto imensamente agradecido por isso. Fecho a porta e olho para ela ainda de costas.

- Eu sei que sou a última pessoa que quer ver agora. Mas eu preciso que me escute Laila...

- Por que eu te ouviria? Você me humilhou...

- Laila, não foi bem assim, ela veio no meu apartamento à noite e me deu uma taça de champanhe, é só o que me lembro...

- Isso é uma nova desculpa para quê?  - diz ela, furiosa, e se vira para mim, posso ver seus olhos vermelhos e úmidos.

- Não é desculpa, Laila. Acho que já dei motivos o suficiente para ter certeza que eu não minto.

- André, eu vi, vocês dois deitados...

- Ela armou para mim, ela me dopou.

- Não precisa se explicar, André. Eu...sou culpada, eu me apaixonei erroneamente por você.

Sorri.

- É?

Me aproximo e ela dá um passo para trás.

- Eu não sou para você...

- Quem disse?

- Eu sei que não sou.

- Está sendo injusta...

- André, não importa o que fale, aquela cena é uma coisa que nunca vou conseguir esquecer...

- Eu te amo, Laila.

Seu rosto perde a cor no momento em que termino a frase.

- Acho que deve saber, que eu a amo e eu farei de tudo para te prot...

- André, me desculpa...- diz ela se debrulhando em lágrimas. - Eu não posso. Vai embora!

- Laila, você ouviu o que eu acabei de dizer?

- Vai embora, André, por favor.

Abaixo minha cabeça e me parabenizo por ser um idiota mais uma vez.

Delegado Sedutor - Livro 1 (Repostagem) Onde histórias criam vida. Descubra agora