Capítulo 7

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Laila Portally

Segunda-feira à noite...

Eu ainda estou triste com a morte de Brian. Depois que ele fechou os olhos, corri do elevador como se minha vida dependesse daquilo. Sinceramente, dependia. Eu estava cansada e suada. Lembro-me de um segurança me oferecer ajuda e lhe entreguei a minha passagem que indicou o portão do meu embarque.

Eu não soube mais do Mark, foi uma correria, disparos, que eu não conseguia imaginar nada que tivesse de fato acontecido.

Saiu daquele corredor longo e extenso do desembarque, abraçando meu corpo. Qualquer pessoa que se aproximava eu olhava assustada pensando que Cloyd esteja atrás de mim. Eu tenho que me concentrar mas não sei como.

Saiu do extenso corredor que parecia não ter fim, sentindo o coração disparado dentro do peito. Batia com uma força inumana.  E no final de tudo, eu sei que precisaria de uma boa psicanálise para não ceder a esse trauma. Eu não vejo a hora de ver a minha mãe, meu pai, meus irmãos, meus amigos.

Entrego um pequeno bilhete para uma funcionária bem vestida, parecia até uma aeromoça. E havia muitas pessoas esperando seus entes queridos que saíam a toda bala por mim, não vejo minha família e entristeço. Eu estava certa quando suspeitei que eles teriam vergonha de mim, de uma garota suja e repulsiva. Eu deveria ter aceitado meu fardo e ter morrido em Veneza.

Dou mais alguns passos e um pouco distante olhando para mim, havia um par de olhos azuis me olhando, como se tivesse certeza que sou eu ali. Me sinto novamente em perigo, apesar de ele aparentar ao contrário. Olho para todos os lados procurando pelo tal André, quando vejo um movimento daquele rapaz vindo em minha direção pela minha visão periférica e fico estática esperando qualquer resposta agressiva, esperando algum mal me acontecer.

Ele está bem próximo a mim e me estende a mão, me encolho e fico atenta aos seus movimentos. Ele a recolheu e me olhou sério e me mostrou seu distintivo.

– Eu sou o delegado André, sou quem viria buscá-la. Não precisa ter medo de mim, não vou machucá-la estou protegendo daquele que vai, quer me acompanhar? – pergunta ele.

– S...si...sim...– digo temerosa.

Ele me dá espaço me guiando até fora do aeroporto. Galeão está lindo de noite, a lua brilhava no céu iluminando a estrada cheia de carros e táxis. Havia um Siena preto estacionado e olho para André atrás de mim, ele está sério e calmo.

Paro perto do meio fio e ele abre a pequena porta para mim e entro no mesmo. Ele dá a volta e dá partida no carro.

Eu queria perguntar se logo veria minha família e saber porquê eles nao vieram me ver. Isso partia meu coração em mil pedaços, tudo que eu quero é que eles me dêem uma chance de explicar, seis anos desaparecida qualquer pai e mãe procurariam sua filha. Mas eu não os culpava, eu sou um lixo mesmo. Nem todo dinheiro no mundo mudaria isso ou apagaria esse fardo.

Depois de um dia cheio de adrenalina e traumas tenho que descansar, talvez amanhã eu os verei. Tudo no momento que tenho são incertezas e desconfianças. O delegado, assim ele se denominou estava sério e calado, olhando para a pista.

A noite soava calma e serena, mas me traz péssimas lembranças sobre o que vivi em Veneza. Serão grandes lembranças que jamais conseguirei apagar da mente. Nada faria, nem psicanálise.

O carro parou lentamente e presto atenção no sinal vermelho do semáforo. O delegado olhou para mim e suspirou.

– Respeito seu momento e sei que se pergunta porquê sua família não estar aqui. – diz ele e o olho esperançosa. – Mas, não poderá ir para casa agora, será o primeiro lugar que ele virá te procurar.

Delegado Sedutor - Livro 1 (Repostagem) Onde histórias criam vida. Descubra agora