Prólogo

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[...]

Laila

É claro que ele me salvou porque era o trabalho dele e se não fosse? Ele me salvaria? Claro que não!
Naquele momento, eu só queria estar longe do que fosse daquele sentimento egoísta e fútil. É óbvio, que ele não perderia a única chance de estar ao lado dela novamente. Não poderia eu, ter a mesma sincronia que um dia, eles tiveram. E quem sou eu para pensar que algum, eu poderia sonhar com um amor assim? Se apesar do que nos fizeram nos envolver em uma linda situação de amor, o que significa deitar com uma pessoa tão magnífica como André Farcoland, se ele não lhe vê como deveria? Se na hora do amor é nela que ele pensa? Se cada toque, ele imagina que está tocando nela? Eu não tinha nenhum significado na vida de André.

Eu tenho muito o que agradecer a ele por me salvar das garras daquele monstro. Mas eu prefiria estar mil vezes na mão dele de novo, do que ver aquela cena de novo. Passo horas mexendo no celular a procura de alguma mensagem, mas nada. O que eu teria em comparação a Lorena Dantas? Filha de um um dos caras que comanda a maior gravadora do Rio de Janeiro. Isso mesmo aí, nada.

Guardo meu celular na bolsa enquanto o motorista do ônibus da rodoviária não anuncia nossa arrancada. Eu estava com destino para São Paulo, vou para casa da minha tia Glória.

Eu precisava de um tempo, ainda mais para tentar esquecer André,  que fez da minha vida uma completa confusão. Estar completamente apaixonada por um cara como na época do colegial, faz o meu estilo.

Eu não posso vê-lo e minhas pernas ficam bambas, as mãos suam e o sangue congela e as batidas do meu coração é o único som que consigo distinguir. A minha vida não estava nada fácil.

O motorista se posicionou agilmente na borda da porta metálica e grita:

– Todos subindo!

Havia duas senhoras na minha frente e uma enorme fila atrás de mim. Por um momento, quis que André estivesse aqui para me convencer que era a decisão errada e que ele passaria o resto da vida comigo, mas ele não estava aqui e eu tenhoque aceitar que eu não faço parte de sua vida como eu desejo.

Não sou eu a dona do seu coração e muito menos a dona de seus suspiros.
Entro no ônibus e entrego meu bendito bilhete que me levaria para longe do meu tormento e vi um sorriso branco se abrir em seu rosto. Franzi as sobrancelhas em sinal de confusão, porém, aquele sorriso não me era estranho.

Deixei para lá, de repente estou só imaginando as coisas que nem devo. Sento na primeira cadeira perto da janela e olhou a multidão agitada lá fora.

Parece algo planejado, parece um tempo paradoxo entre a realidade e os contos de fadas. Conheci ele por um acaso do destino só para ser rejeitada. Eu não era nenhuma princesa, mas também não precisava ver o príncipe encantado feliz ao encontrar seu final feliz.

O homem uniformizado e com um boné cinza aparece na abertura de passagem no final dos degraus do embarque. Lentamente ele levanta sua cabeça e reconheço seu lindo par de olho azul que me congelava apenas de olhar para mim, abriu um sorriso de canto e retira o boné ajeitando os cabelos lisos e escuros num gesto incrivelmente sexy.

– Desculpe senhores e senhoras, pela pausa repentina de sua viagem. Mas há uma pessoa que não tem permissão para estar nesse ônibus e nem dar prosseguimento em sua fuga...– disse ele sério, seus olhos encontraram os meus. Meu rosto perdeu a cor. – Sem mais delongas, essa pessoa está sendo notificada a se levantar e sair desse ônibus agora!

– Não é só porque você é um delegado que tem o direito de impedir que pessoas sigam suas viagens tranqüilas. – afirmei quase sem voz.

– Então se apresse, elas não merecem chegar atrasadas ao seu destino. – diz ele, convencido.

– Que tal, você descer de ônibus e voltar para sua delegacia tratar de seus afazeres. – digo furiosa, meu coração estava a mil.

– Laila, eu não sei o que deu em você, mas sugiro que se você pensa em nós dois...

– Eu não penso em nós dois! Penso em mim! E antes que diga qualquer merda eu te faço uma pergunta. – digo alto e me levanto. – Você não tem que procurar por Lorena Dantas?

Seu olhar intenso me analisa como eu fosse um caso misterioso que ele procurava de qualquer maneira solucionar.

– Não começa com seu joguinho, delegado! Vamos, desça, quero chegar logo em meu destino.

– Se eu pedir para você ficar, você ficaria?

– Não! – grito.

– Então, isso é um adeus.

– Acho que sim.

Ele abaixa a cabeça com um sorriso fraco no rosto. Me olha uma última vez e desce do ônibus.

Eu só espero não ter errado em relação a isso.

Delegado Sedutor - Livro 1 (Repostagem) Onde histórias criam vida. Descubra agora