paradise.

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Enquanto a água gelada me perfurava como mil facas, eu tentava apenas não pensar na dor.

Mas o pior é que doía de todas as formas... Emocionalmente, fisicamente...

A dor emocional era por frustração, não sentia raiva pelo fato de Jeongguk ser vampiro... Sentia raiva pelo fato de eu ter tentado de todo jeito não acreditar nisso.

Mas nesse momento eu só queria...

Eu só queria dizer para Jeon... O quanto eu o amo independente de ele ser um vampiro ou não.

Não tem como escolher à quem amar... Mas mesmo que tivesse como, eu provavelmente escolheria Jeon.

A dor da água gelada em contato com a minha pele só piorava, então fechei os olhos para apenas aceitar o meu destino.

Enquanto afundava lentamente, com a dor me consumindo e já ficando sem ar para suportar, várias memórias passaram por minha cabeça.

Dizem que isso acontece quando estamos prestes a morrer...

Memórias dos meus pais, eu nem lembrava o rosto deles direito mas agora podia vê-los claramente.

E logo em seguida, memórias mais recentes, com Jeon. Nossos melhores momentos juntos, ou seja, todos. Tudo era melhor se ele estivesse comigo.

O fato de eu estar morrendo porque tentei salvar Jeon, talvez seja apenas o destino.

Abri os olhos por um momento e acho que vi alguém se aproximando, mas logo em seguida tudo ficou escuro.

x
Jungkook POV

Jimin ainda não acordou.

Não quero me despedir dele novamente por isso vou apenas escrever uma carta... É algo covarde de se fazer, mas é necessário.

Jimin,

      Vou sentir sua falta.
Você não pode entender bem mas...
      Vampiros e humanos não podem ficar juntos.
       Por isso eu vou me entregar.
Quero poupar mais sofrimento futuro para você.
        Pode ser que eles me matem, ou que apaguem minha memória, como fizeram com Taehyung...
        Mas apenas quero que saiba que,
Eu te amo. Mas por mais que eu te ame Jimin, não é suficiente.

Você é meu paraíso, mas talvez eu seja o seu inferno..”

Lágrimas escaparam de meus olhos enquanto escrevia a carta, nisso, acabei manchando um pouco a carta. Coloquei-a no criado mudo em baixo de uma garrafa d'água, um lugar bem óbvio para que Jimin veja logo.

Não pude me conter e me aproximei de seu rosto.

Seu lindo rosto.

Lembro de como eu reparei em seu rosto na primeira vez que nos vimos...

Ele sorria, o sorriso mais lindo que já havia visto... O sorriso que eu fiz aparecer milhares de vezes e agora, fiz desaparecer.

Selei meus lábios nos dele durante alguns segundos e logo me afastei.

Jimin se mexeu um pouco na cama de hospital e eu sorri de lado o olhando, logo em seguida fui embora.

No caminho de volta para casa, nem percebi quando a chuva entrou em contato com a minha pele e se misturou com as lágrimas em meu rosto.

Me sentei no chão da calçada e fiz o que qualquer pessoa faria se estivesse com o coração partido.

Agarrei meus joelhos e chorei como uma criança de três anos que acabara de derrubar o sorvete no chão.

De repente parei de sentir as gotas caindo na minha pele, mas ainda assim ouvia barulho de chuva. Olhei para cima e franzi o cenho quando vi quem me ajudara com um guarda-chuva.

—Oppa, você está perdido?— uma menina que parecia ter uns 7 anos perguntou. Até que estou mesmo.

Ela usara meias amarelas com listras pretas e um casaco um tanto quanto grande para ela. Eu apenas assenti e me levantei em seguida.

—Quer dizer... Não, estava indo para casa mas...— parei de falar de repente e ela me olhou, aproximou o guarda chuva de mim, como se quisesse que eu pegasse.

—Está triste, huh? Uma vez alguém me disse que se alguém estivesse triste eu deveria fazer isso.— ela se aproximou e abriu os braços, como se quisesse que eu a abraçasse. Sorri de leve com isso e me abaixei novamente, abraçando a pequena menina.

Ela deu leves tapinhas nas minhas costas e sussurrou algo como “vai ficar tudo bem, é apenas uma tempestade, todos vamos passar por isso na vida”. Minhas lágrimas cessaram brevemente e me levantei, saindo do abraço.

—Obrigada...— sorri e baguncei o cabelo preto da menina. Ela sorriu e estendeu a mão para que eu apertasse, eu o fiz e ela disse:

—Tenho que ir, oppa. Lembre-se que o amor vence tudo... Li isso num livro.— ela disse sorrindo e saiu correndo, levando a mochila de rodinhas que faziam barulho enquanto corria.

A chuva cessou e eu segui caminho para casa. Entrei e mamãe estava lendo um livro na sala, me aproximei dela, que parou de ler, me olhando.

—Onde você estava, Jeon Jungkook?

—Mãe, me entregue para o conselho. Eu não consigo parar de me apaixonar por... Park Jimin.— falei e ela me olhou com os olhos arregalados, mas em seguida assentiu.

—É a coisa mais certa à se fazer, filho... Mas não acho que eu conseguirei fazer isso.

—Mãe, por favor... Se eles apagarem minha memória...— ela me interrompeu.

—Eles não apagariam sua memória.— pausou mas logo voltou a falar, receosa. —Eles só apagaram a memória de Taehyung porque eles já fizeram isso com ele mais de mil vezes. Ele é como um boneco manipulável do conselho... Mas você...— ela parou e eu pedi para que ela proseguisse.

—Mãe, eles não conseguem apagar minha memoria?— ela fez que não com a cabeça.

—Pelo que vimos você ama aquele menino demais... Você provavelmente lembraria dele depois de uns dois dias. Você não está entendendo, eles... Vão te dar uma pena de estacamento.— seu rosto foi tomado por lágrimas ao falar isso.

Eu não sabia o que falar, eu estava decidido.

Eu estou decidido.

bittersweet;; jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora