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Acordei com o Roberto lambendo meu rosto e levantei para alimentar meus filhos, como todos os dias coloquei comida no pote dos cachorros, no aquário e troquei a água do Ezequiel, fui para a cozinha e preparei um pão e me sentei no sofá para comer, minutos depois Samuel acordou e veio até a sala só de bermuda com a cara amassada de sono

-Bom dia -- ele disse com as mãos na cabeça indo pra cozinha
- Bom dia -- falei -- Tem café pronto -- gritei
- Saí Roberto -- ele gritou com meu filho
- Não grita com ele -- levantei e fui pra cozinha
- Esse cachorro tá no cio -- falou e eu notei Roberto agarrado em suas pernas
- Macho não entra no cio Samuel -- disse pegando o Roberto no colo
- Já decidiu se vai voltar a morar com ele? -- perguntou quando nos sentamos no sofá
- Eu não sei -- dei de ombros -- Samuel -- o chamei depois de uns minutos pensando
- Fala -- ele me olhou guardando o celular
- Você não tem curiosidade de saber quem é o dono do morro? -- perguntei e ele riu
- Eu não -- ele esticou suas pernas no sofá
- Eu tenho, ele nunca vem aqui sempre trata por telefone ou manda recado por alguém você não acha isso estranho? -- me encolhi no sofá e coloquei Roberto no chão
- Acho que ele é esperto -- eu o olhei como uma pergunta -- Pensa bem, ele curte o dinheiro dele sem ninguém saber quem ele é -- ele falou rindo -- Ele não tem passagem e nunca coloca a vida dele em risco -- falei óbvio
- Se ele faz merda ele deveria assumir de frente você não acha? -- perguntei
- Eu acho que ele é um bandido esperto -- ele me encarou e pareceu pensar -- Ele é igual seu pai -- falou
- Meu pai mora aqui e quando tem tiroteio ele está de frente -- disse
- Mas ninguém na pista sabe quem é, eles protegeu vocês e ninguém sabe quem vocês são, para os inimigos ele é sozinho -- deu de ombros e completou -- Ele não tem passagem pela polícia, ele é esperto -- disse e concluiu o assunto
- Eu queria saber quem é -- falei fazendo bico e pensando
- Seu pai deve saber quem ele é -- ele levantou do sofá -- Pergunta a ele -- foi em direção ao quarto
- Eu não vou perguntar a ele -- eu ri e fui atrás -- Credo Samuel -- gritei quando o vi pelado
- Nunca viu pau não? -- Retrucou rindo
- Só pau bonito querido -- eu ri
- Tá falando que meu pau é feio? -- ele estava pelado ainda na minha frente e eu me sentei na cama -- Dá uma olhada boa -- ele estava rindo e eu me joguei na cama
- Samuel coloca uma roupa -- coloquei o lençol no meu rosto e ele se vestiu
- Eu vou trabalhar -- ele anunciou e me deu um beijo na testa e saiu
- E eu vou levar meus filhos na rua -- disse sozinha

Levantei para tomar banho e me arrumar, coloquei a coleira neles e a gaiola do Ezequiel um pouco no sol, saí de casa com eles e fui até a praça, me sentei em um banco e tirei a coleira deles, fiquei alguns minutos ali mexendo no celular até o André subir e se sentar ao meu lado

- Não era pra você estar no colégio? -- perguntei olhando a hora e ele com o uniforme da escola
- Eu tô suspenso -- eu o encarei com raiva -- Não conta pra vovó -- ele pediu
- Quantos dias André? -- perguntei observando os cachorros
- Uma semana -- falei entre os dentes
- Eu vou querer saber o que você fez? -- perguntei e ele negou -- Só você tomou suspensão? -- ele negou mais uma vez -- Foi mulher? -- ele assentiu e abriu um sorriso safado e eu o encarei -- Você tá de castigo -- anunciei me levantando
- Você não pode me colocar de castigo -- ele reclamou
- Claro que eu posso, ou eu vou contar -- eu ri -- Seu castigo e catar o cocô deles -- ele me encarou com humor e eu o entreguei a sacola
- Acho que esse castigo é o mais fácil que já tive -- ele riu e se levantou ainda com a mochila nas costas
- É bom saber -- eu ri e chamei os cachorros voltando para casa

TRILHA DA LUAOnde histórias criam vida. Descubra agora