Quando eu parei e só me restaram as lágrimas eu achei que iria começar a apanhar do novo Daniel, mas ao invés disso ele me abraçou e me deixou chorar sem fazer perguntas, ele apenas me deixou ali e no momento era tudo que eu precisava.
Eu não era emotiva, do tipo manteiga derretida, mas desde que Miguel me levou a Ariela tudo que eu fiz foi chorar por tudo e toda hora, pra piorar Daniel veio com esse sentimento de posse no qual eu não poderia reclamar e eu sentia que estava afundando em mim mesmo, eu não via uma saída, se eu ficasse com ele ou se eles resgatassem o meu pai o Miguel não me entregaria a Ariela, por outro lado eu queria ver meu pai livre daquele lugar e minha filha distante daqui e dessa loucura que virou minha vida. Em todos esses anos meu pai me manter longe disso aqui, pra chegar agora e eu ter que me rebaixar a mulher de bandido, eu merecia mais e eu sabia disso, se fosse pra ficar com o Daniel que fosse aquele Daniel empresário, safado e atencioso que eu conheci e não esse Daniel de agora.
Eu acabei dormindo entre meu choro e quando acordei ele não estava mais lá, olhei no relógio e marcavam 16:00
- Puta que pariu -- reclamei de dor de cabeça e levantei
Fui até a cozinha e tomei um remédio, me joguei no sofá e liguei a TV, eu conseguia ouvir o barulho do pagofunk na praça e aquilo estava me irritando, peguei meu celular e o grupo das meninas estava cheio de mensagem chamando pra ir pra praça, inclusive Lívia estava por aqui, eu ri daquelas conversas mas não respondi
"Aqueles dias que só precisamos de cama"
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Coloquei em um filme da Net gato e comecei a ver, fiz um balde de pipoca e um suco, fiquei assistindo filme até tarde enquanto eu tentava competir com o som do pagode, até que minha vizinha ligou o som no último volume e ainda colocou as caixas de som na janela, a janela e a porta da minha casa tremiam e eu perdi a paciência, mas me contive e bati na porta dela com educação
- Será que a senhora pode abaixar um pouco o som? Eu estou tentando ouvir a tv -- pedi gentilmente e ela me encarou de cima a baixo - Não tem como não -- falou grossa -- Olha essas músicas eu sou de Deus e não sou obrigada a ouvir isso -- ela cuspiu as palavras na minha cara gritando - Aah então a senhora é de Deus né? -- eu ri -- E eu sou o demônio, se você não abaixar isso eu mesma entro aí e quebro tudo -- gritei - O sangue de Jesus tem poder -- ela gritou -- Macumbeira -- gritou - Sou mesmo meu amor, agora se você não desligar isso eu ou colocar uns pontos de Exu bem alto e seu nome no garfo -- gritei - Tá repreendido em nome do senhor -- disse e os outros vizinhos da vila já olhavam - Senhora só por favor, só abaixa o som -- Daniel chegou pedindo e ela entrou - Tá a quanto tempo aí? -- perguntei - Muito tempo, sutiã é pra ficar em casa comigo e não na rua -- disse e eu revirei os olhos
